"Bluey". Fenómeno infantil lança episódio especial, mas está longe de chegar ao fim

17 abr, 2024 - 13:25 • João Malheiro

Apesar de cada episódio ter pouco tempo, a série consegue aproveitar sempre todos os minutos para apresentar uma pequena narrativa que é sempre divertida e inteligente, que deixa sempre um toque mais emotivo ou mais refletivo ao espectador.

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Já são quase seis anos de emissão e mais de 150 episódios, mas nada indica que "Bluey" vá acabar brevemente.

A série de animação australiana que se tornou num fenómeno global, quer para miúdos quer para graúdos, acabou de lançar um episódio especial - o mais longo até agora - que prometia uma mudança radical no status quo da narrativa e que, alguns especulavam, podia servir de conclusão para as aventuras da família Heeler.

Na verdade, não só haverá, pelo menos, mais um episódio, como até há quem, no seio da produção, discuta o desenvolvimento de uma longa-metragem. Entre livros, videojogos e bonecos, o universo de "Bluey" está longe de chegar ao fim.

Mas por que é que uma série infantil atrai tanta atenção e alcançou ainda maior sucesso? Qual é o segredo de "Bluey" para conquistar crianças e adultos? Vamos começar pela pergunta mais óbvia.

O que é "Bluey"?

Criada em 2018 por Joe Brumm, "Bluey" é uma série animada da ABC Kids que segue a vida dos Heeler - uma família de cães antropomórficos que vive na Austrália. A filha mais velha, de seis anos, é a protagonista Bluey. Costuma brincar com a irmã mais nova, de quatro anos, Bingo. As duas crianças vivem com o pai Bandit e a mãe Chili.

Todos são boiadeiros australianos, a espécie de cão coloquialmente conhecida por Blue Heeler, devido a terem um pelo cinzento azulado. O nome "Bluey" é também o da cadela mais velha do mundo, segundo o Guiness, que viveu até aos 29 anos e cinco meses, entre 1910 e 1939. No entanto, os nomes da protagonista e série devem-se ao facto de Joe Brumm ter tido uma cadela igualmente chamada de "Bluey", durante a infância.

Todos as outras personagens, sejam vizinhos, professores, colegas de escola, etc, representam outras espécies de cães

Geralmente, os episódios de "Bluey" têm cerca de sete minutos. Há alguns que têm sete minutos e meio de duração e ainda há exceções mais raras de oito minutos.

A sinopse costuma ser semelhante para todos: Bluey e, geralmente, Bingo estão a brincar em casa com os pais. De uma forma ou outra, acabam por aprender uma lição importante, através da imaginação.

Aprender a crescer

Apesar de cada episódio ter pouco tempo, consegue aproveitar sempre todos os minutos para apresentar uma pequena narrativa que é sempre divertida e inteligente, que deixa sempre um toque, quer mais emotivo quer mais refletivo ao espectador.

O objetivo de "Bluey" é demonstrar como as crianças e os pais podem aprender uns com os outros e como esse conhecimento pode ser adquirido através das brincadeiras em família, do incentivo à criatividade e da honestidade emocional. Ao longo dos seus 150 episódios, a série fala da divisão de tarefas domésticas, de resolver problemas e sanar conflitos em conjunto e aborda também temas mais sensíveis, tocando até na morte e no luto.

Se a missão e a duração de cada episódio são mais ou menos semelhantes, isso não implica que a fórmula seja sempre a mesma. Uma das características de "Bluey" é apresentar episódios que quebram a estrutura habitual da série, brincam com as nossas expetativas para um programa infantil e mudam o estilo de animação para realçar um pormenor específico da narrativa. Um episódio simula durante toda a sua duração uma videochamada, outro anima os desenhos de um conto que a família está a inventar em conjunto e um dos mais aclamados mostra os sonhos de Bingo, durante uma noite em que mais ninguém consegue pregar olho.

Há medida que a série evolui, há episódios focados em personagens secundárias, com os colegas de escola de Bluey e Bingo, ou na família alargada dos Heeler, como avós, tios e primos. Assim, expande-se, igualmente, os horizontes de "Bluey", realçando outras realidades - num episódio, é apresentado o diálogo entre uma mãe e a sua filha surda, através de língua gestual - e traços culturais típicos da Austrália (o Natal em "Bluey" comemora-se numa piscina, porque, em dezembro, é verão daquele lado da linha do equador).

É devido às mensagens universais e à criatividade e empatia com que as apresenta que "Bluey" se distingue da maioria das séries infantis que vemos na televisão. A família Heeler está já no imaginário de muitas crianças e pais que, apesar de viverem noutros cantos do planeta, identificam-se com o dia a dia de uma família e de duas crianças que estão a descobrir o mundo.

"O Sinal"

Este domingo estreou, por todo o mundo, o mais recente episódio de "Bluey". Depois de ser emitido na televisão australiana, "O Sinal" ficou disponível em todo o mundo, através de plataformas de streaming, incluindo em Portugal.

Ao contrário dos outros, este episódio teve uma duração de 20 minutos e lida com dois pontos decisivos na vida dos Heeler: um casamento na família e a venda da casa onde mora Bluey com a irmão e os seus pais.

"O Sinal" recompensa fãs acérrimos com referências a várias histórias e personagens anteriores e fala daqueles momentos em que tomamos uma escolha que pode alterar radicalmente a nossa vida e a de quem nos é próximo. Uma descrição destas podia aplicar-se a um episódio final de uma série e isso era o que muitos fãs especulavam e temiam, nos últimos tempos.

No entanto, o episódio termina sem que haja uma despedida definitiva e, a verdade, é que haverá mesmo mais um episódio para sair, entitulado de "Surprise". Para além disto, a intenção da produção é de continuar a desenvolver mais episódios de "Bluey" e há já uma vontade expressa de tentar avançar com um filme de longa duração.

Com o sucesso universal da série, tudo indica que ainda haverá muitas aventuras da família Heeler e amigos para ver. Em Portugal, "Bluey" passa em versão dobrada em português no Disney Júnior e todos os episódios também podem ser visionados na Disney+.

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  • Filipe Lopes
    20 abr, 2024 Rua de Azóia n15 3esq, 2625"236 Póvoa santa iria 16:44
    Maravilha vista no ipad. Saúde, Filipe Lopes

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