13 jan, 2017 - 14:24
O presidente da Câmara do Porto revelou, esta sexta-feira, que pretende transformar o Cinema Batalha numa Casa do Cinema, com espaços para projecção de filmes, investigação e divulgação da história e uma “colaboração activa” com a Cinemateca.
“Queremos que seja uma Casa do Cinema: com sala de cinema, espaço para investigação e todo um trabalho para promover o cinema. Temos de ver, também, as questões dos arquivos. Falámos já com o ministro e o secretário de Estado da Cultura porque pretendemos ter uma colaboração activa com a Cinemateca. Tudo isso foi previamente acautelado, iremos agora desenvolver o projecto”, descreveu Rui Moreira.
Numa visita ao Monumento de Interesse Público, encerrado desde 2011, Rui Moreira adiantou que a programação ficará a cargo “da Câmara ou de um instrumento da Câmara”, acrescentando que “antes de 2018 será difícil” reabrir o equipamento.
“Quanto tempo vai demorar, não sei. Mas não é um projecto fácil, portanto tenham paciência”, avisou Alexandre Alves Costa, que vai projectar a recuperação do imóvel juntamente com Sérgio Fernandez.
De acordo com a proposta de arrendamento do edifício, que será apresentada na reunião camarária de terça-feira, a Câmara do Porto vai pagar uma renda mensal de 10 mil euros aos proprietários do imóvel durante 25 anos.
Rui Moreira diz que o investimento na recuperação do edifício será “seguramente suportável pelo erário municipal”, mas ainda não está estimado qualquer valor para a obra.
Para Alexandre Alves Costa, “é indispensável que o Batalha reencontre a modernidade”.
“Este cinema foi a modernidade e tem de continuar a ser no século XXI. É preciso encontrar uma nova ocupação do espaço, mas ainda não temos ideia nenhuma. A única coisa que temos é medo e sentido de responsabilidade”, observou, explicando que apenas na quinta-feira foi contactado por Rui Moreira para assumir o projecto.
Por agora, o arquitecto sabe que pretende adaptar o espaço “aos tempos novos e criar valências que respondam as necessidades contemporâneas”, pelo que “haverá outras coisas” para além do cinema.
“Será, no fim da vida, o projecto da nossa vida”, resumiu, classificando a recuperação do Batalha como “uma obra essencial para a cidade”.
Na proposta de arrendamento do edifício, a que a Lusa teve acesso, estipula-se que o equipamento passa a integrar cinco valências.
O documento refere “salas de exibição que consigam dar resposta às necessidades técnicas, estéticas e programáticas das cinematografias a exibir”, “equipamento actualizado do ponto de vista tecnológico e simultaneamente preparado para a exibição em formatos analógicos”, sala de estudo e investigação, sala de exposições e “área de lazer que facilite e fomente dinâmicas de fruição cultural”.
No contrato, fica também definido que o prédio se destina à “instalação de um cinema municipal e para a promoção de um projecto cultural”.
Esse projecto passa pelo “conhecimento sobre a História do Cinema através de sessões regulares de cinema de arquivo, em formatos analógicos e digitais” e pelo “apoio à investigação no domínio da História do Cinema e do pensamento crítico sobre a Imagem em Movimento”.
A isto soma-se “o apoio a agentes programadores e distribuidores na apresentação de novas cinematografias, e novos debates, na área do Cinema e da Imagem em Movimento” e “acções de cruzamento disciplinar com outras artes, nomeadamente as visuais através de projectos expositivos”.
Construído na década de 1940 e classificado como Monumento de Interesse Público em 2012, o Cinema Batalha fechou duas vezes nos últimos 17 anos.
Propriedade da empresa Neves & Pascaud, o imóvel foi sala de cinema até 2000, altura em que foi encerrado.
Manteve-se fechado até 2006, quando reabriu como espaço cultural pelas mãos da Associação de Comerciantes do Porto (ACP).
No fim de Dezembro de 2010, a ACP acabaria por entregar as chaves do edifício devido a “prejuízos mensais avultados”.