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Tolentino de Mendonça já é arcebispo. "Para mim não há diferença entre uma biblioteca e um jardim"

28 jul, 2018 - 19:40

O novo bispo recebeu, simbolicamente, os livros dos Evangelhos, a mitra e o báculo, como sinal da sua missão de pastor.

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Tolentino de Mendonça. “Para mim não há diferença entre uma biblioteca e um jardim”
Tolentino de Mendonça. “Para mim não há diferença entre uma biblioteca e um jardim”

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D. José Tolentino de Mendonça, o novo arquivista e bibliotecário da Santa Sé, foi este sábado ordenado bispo no Mosteiro dos Jerónimos.

Numa cerimónia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente destacou a sensibilidade de diálogo do novo arquivista e Bibliotecário da Santa Sé, e elogiou a “fecunda escrita” do novo bispo.

“Agradecemos ao Papa Francisco por te ter escolhido para zelar por um património único de memória criativa. Imensamente maior é o nosso mundo, com quanto tudo nos espera, com quanto atinge de bom e menos bom. A tua inteligência e sensibilidade saberão partilhar o que agora é confiado ao teu bom zelo, e que assim mesmo crescerá também”, disse o cardeal-patriarca, durante a homilia.

D. Manuel Clemente abordou ainda a importância do cargo que José Tolentino de Mendonça vai ocupar na Santa Sé, lembrando a ideia de Jesus de que “nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”, e que José Tolentino de Mendonça soube tornar essa palavra “inteira vocação e magnífica expressão”, de onde o também poeta “sabe distinguir mil ressonâncias literatura e reverberações da arte”.

Para D. Manuel Clemente, o bispo deve ser alguém capaz de um “olhar cuidadoso e vígil”, promovendo o amor a Deus e ao próximo.

O novo bispo recebeu, simbolicamente, os livros dos Evangelhos, a mitra e o báculo, como sinal da sua missão de pastor.

"Sou mais um português ao serviço da Santa Sé"

Quando tomou a palavra D. José Tolentino de Mendonça falou sobre a escolha do Papa Francisco, afirmando continuar a desconhecer as razões que levaram o Santo Padre a escolhê-lo para o cargo.

“O nosso querido Papa Francisco quis colocar-me ao serviço do arquivo e da biblioteca apostólica. Não sei ainda hoje as razões do seu convite, que expressa pela minha própria pessoa uma confiança que filialmente agradeço mas não deixo ainda agora de ecoar a surpresa em mim. Consola-me pensar que ele ouvindo-me durante os exercícios espirituais talvez tenha persentindo que não há diferença entre uma biblioteca e um jardim”, disse, acrescentando que, para ele, “não há diferença” entre as duas coisas.

D. José Tolentino de Mendonça apontou ainda a sua falta de experiência como bispo, dizendo que ainda vai precisar de aprender a sê-lo. “Há 28 ano eu não sabia ser padre, como agora neste momento diante de vós eu não sei ser bispo. Vou ter de aprender com o povo de Deus”, lembrou, durante a cerimónia que contou com a presença do Presidente da República.

“Num dia como este, nós olhamos para a nossa vida como um filme em que parece que é possível ver de uma só vez. Eu tenho dois sentimentos muito grandes. O primeiro é sentir que Deus me ama. Não tenho dúvidas disso. De uma maneira que eu nem vos digo. O seu amor abisma-me, deixa-me sem palavras. Sei que Deus escolheu amar-se da maneira mais sublime, através de cada um de vós”, disse ainda o , o novo arquivista e bibliotecário da Santa Sé, que começa a exercer o cargo no dia 1 de setembro.

Antes da ordenação, foi proclamado publicamente o mandato apostólico, do Papa, por um responsável da Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé em Portugal).

Francisco explicou que confia ao arcebispo madeirense um serviço numa instituição de “grande relevância”, que acolhe investigadores de todas as partes do mundo.

O documento destaca o cuidado que a Igreja Católica presta ao “repositório dos documentos antigos e aos tesouros da cultura humana”, que exigia, na escolha pontifícia, uma pessoa “exímia” para “zelar pelos escritos e testemunhos que os tempos legaram”.

O Papa elogia ainda as provadas dadas por D. José Tolentino Mendonça “no que toca à excelência de notáveis virtudes de inteligência e de espírito”.

Ao longo de quase duas horas e meia, a cerimónia de ordenação episcopal como arcebispo titular de Suava (norte de África) foi marcada por vários ritos.

Entre os fiéis estavam o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sozinho numa cadeira mais próximo do altar. "É muito importante para as relações entre Portugal e o Vaticano. Não é difícil augurar-lhe um futuro muito significativo na Cúria Romana", disse.

Mais atrás, na primeira fila, estavam o antigo chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, e a mulher, Maria Cavaco Silva, e também a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, acompanhada da família. Também a antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite assistiu à cerimónia.

O chefe de Estado foi o primeiro a cumprimentar o novo bispo e foi também o primeiro a receber a comunhão das mãos de Tolentino de Mendonça, seguindo-se a líder do CDS-PP e, um pouco depois, o seu antecessor, Paulo Portas.

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  • Ir. Helena Corazza
    29 jul, 2018 São Paulo, Brasil 00:40
    Parabéns a Dom Tolentino. Aqui no Brasil apreciamos sua presença e amamos ler seus livros! Deus tem seus caminhos para a sua vida. É ele muito ajudará a Igreja.

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