18 fev, 2024 - 11:32 • Diogo Camilo
Em castelhano e com “tranquilidade” em relação à Operação Influencer, António Costa afirmou este domingo que acredita que a “extrema direita populista vai descer” em relação às sondagens divulgadas nas últimas semanas e que um bloco central entre PS e Aliança Democrática apenas fortaleceria o Chega.
Numa entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia em Barcelona, o primeiro-ministro reconhece um “sistema partidário mais fragmentado” em Portugal face às últimas eleições, mas diz acreditar no poder dos indecisos na subida do PS e da AD.
“É verdade que o populismo cresceu, mas a minha convicção é que, à medida que nos aproximarmos das eleições, as pessoas que não responderam às sondagens vão tomando consciência que têm de votar. Os que dizem estar indecisos vão decidir e o que vamos assistir nas próximas semanas é que de um lado, o Partido Socialista, e do outro, a aliança das direitas, vão subir e a extrema direita populista vai descer”, afirmou.
Para isso, defende, não pode haver um bloco central. "Aconteceu uma vez, em 1983, mas não creio que será esta a opção. A minha convicção é que, salvo circunstâncias absolutamente excepcionais, um governo de grande coligação, como na Alemanha, teria o efeito de fortalecer os extremos”, considera.
António Costa sublinha a mudança de Portugal nos últimos 50 anos desde o 25 de abril de 1974, a nível de educação, de saúde, de economia ou de justiça.
Questionado sobre se existe em Portugal nostalgia do salazarismo, o primeiro-ministro negou. "Nem sequer a extrema-direita expressa essa nostalgia. Os seus temas são outros: a agressividade contra a imigração, o ódio contra ciganos, um fascínio pelo discurso autoritário, mas não se atrevem a expressar nostalgia pela ditadura."
Falando sobre as eleições europeias, Costa diz que este é um "momento muito importante" para o bloco, referindo que é necessária uma "maior integração" e que nos próximos anos teremos uma Europa ampliada, com os Balcãs ocidentais e uma Ucrânia em paz.
Sobre um possível papel em Bruxelas, Costa foi taxativo. "A minha vida não depende só de mim. Não vamos especular sobre o seu futuro. O mais importante é que em junho surja uma maioria clara de apoio ao projeto europeu."
Falando sobre a Operação Influencer, em que o seu nome foi implicado, diz que a justiça “tem de fazer o seu trabalho” e que a respeita, revelando que até agora não foi chamado a dar informações.
“A única coisa é que fui informado que, numa escuta, duas pessoas que não conheço diziam que podiam contar comigo para resolver um problema. Ninguém falou comigo sobre esse problema. As autoridades abriram uma investigação, mas até agora ninguém falou comigo ou pediu informações”, afirma Costa.
O primeiro-ministro diz ainda estar “tranquilo” com o desfecho do caso. “O julgamento cabe ao sistema e devemos respeitá-lo. Eu estou na minha tranquilidade, conheço qual será a decisão final. Não sei quando será, em que fase será, mas conheço-a porque sei a realidade mas não vou discutir publicamente o assunto. Quando a justiça quiser falar comigo, sabe onde estou.”