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PCP

Avante. A última Festa com Jerónimo como líder? "Um dia será"

02 set, 2022 - 21:13 • Susana Madureira Martins

O líder do PCP garante que em 2023 estará na Quinta da Atalaia, no Seixal, para mais uma edição da Festa do Avante, só não é tão taxativo se estará como secretário-geral do partido. "Um dia será", despacha Jerónimo de Sousa.

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Ao contrário do habitual, não houve comício de abertura da Festa do Avante, na Quinta da Atalaia, em plena baía do Seixal. O PCP optou por fazer um arranque discreto, sem multidões, sem bandeiras, sem discursos oficiais e pôr o secretário-geral comunista a visitar uma exposição da característica louça de barro preto de Bisalhães, do distrito de Vila Real, para depois responder às perguntas dos jornalistas.

Em mangas de camisa e tendo um pequeno estado-maior comunista atrás, Jerónimo de Sousa foi confrontado com a pergunta se em 2023 estaria na Festa do Avante como líder do partido. O secretário-geral comunista hesitou uns segundos antes de responder que "bom, têm-me feito essa pergunta de mil formas, mas queria descansá-la e um dia será".

Em pleno recinto da Quinta da Atalaia, Jerónimo não foi, de todo, taxativo sobre a sua liderança em 2023, mas uma coisa é certa: como "militante comunista de certeza que cá estarei na próxima Festa do Avante".

A Festa do Avante marca o arranque político de um partido que, nos últimos seis meses, esteve absolutamente isolado na posição que tomou sobre a guerra na Ucrânia e isso está a moldar o discurso comunista. Ao contrário do que vem sendo habitual noutros anos, Jerónimo não respondeu às críticas que têm sido feitas à realização da Festa.

Pelo contrário, o líder comunista tomou, nestas declarações aos jornalistas, uma posição em que assume que o evento da Atalaia até pode ser alvo de "possíveis reparos críticos", assumindo que "alguns olham para a Festa como uma coisa que não é real", pedindo que "é preciso vir cá com os olhos limpos de preconceito".

Questionado sobre os efeitos que pode ter na realização da Festa, a posição do partido em relação à invasão da Ucrânia pela Federação Russa, Jerónimo de Sousa chutou para canto. "Esta é uma festa da paz, não é uma festa da guerra". Este é o espaço "de convívio humano, de solidariedade, de tranquilidade, uma obra ímpar mesmo à escala europeia", lamentando que surjam "outras questões laterais, não falando da festa".

Para lucros extraordinários, taxas extraordinárias

Se se confirmar que o primeiro-ministro não avança com a taxação dos lucros extraordinários das empresas, Jerónimo só tem uma resposta: "se esses lucros são extraordinários, então deve haver uma taxa suplementar, uma taxa extraordinária".

O líder comunista defende que nem os empresários "acreditavam que fosse possível tanto dinheiro, tanto lucro" e criar uma taxa extraordinária para esses lucros "não acaba com a injustiça, mas podia levar a que os sacrifícios dos portugueses sejam ultrapassados", rematando que "impostos extraordinários não resolvem, mas ajudam".

Em relação às medidas de apoio para combater a inflação que o país vive que serão anunciadas pelo Governo na segunda-feira, Jerónimo de Sousa defende que "todos estarão de acordo com medidas de apoio, mas todos estaremos de acordo que não é solução que se encontrem formas de apoio que ainda por cima são a prazo".

O líder comunista concretiza que "a questão central é a necessidade de, perante o aumento do custo de vida, a solução passa necessariamente pelo aumento dos salários e das pensões e pelo investimento dos serviços públicos, particularmente no Serviço Nacional de Saúde".

Ora, os próximos meses podem significar mais contestação social? O líder comunista assume que "as pessoas estão a viver com dificuldades" e que "todos vamos a uma grande superfície e vemos os preços a aumentar" Sim, "a resposta é levar à luta reivindicativa por melhores salários e direitos", conclui Jerónimo.

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