09 nov, 2023 - 00:01 • Diogo Camilo
Mais de metade dos portugueses não teria condições para comprar ou arrendar uma casa, se perdesse a habitação onde vive e uma em cada nove pessoas pensa estar em risco de perder a sua casa nos próximos cinco anos, devido ao aumento da renda ou do crédito à habitação, ou por iniciativa do senhorio.
Estas são algumas das conclusões do barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos à crise da habitação em Portugal, que tem por base uma amostra representativa da população.
Segundo o inquérito, seis em cada dez pessoas sentem dificuldade em fazer face aos custos mensais com a habitação.
Na hora de escolher o fator principal na escolha da casa, a maioria aponta o custo - é preciso que seja ‘uma casa que consigo pagar’. Em segundo lugar surgem outros fatores, como a boa acessibilidade de transportes, a proximidade ao local de trabalho ou estudo e só depois a qualidade da habitação.
Não é por isso estranho que dois terços dos portugueses apontam que as suas casas necessitam de melhorias urgentes, apesar da grande maioria dos inquiridos (81%) se dizer satisfeita com a casa em que reside.
Um em cada nove inquiridos (12%) pensa estar em risco de perder a sua casa nos próximos cinco anos, pelo aumento da renda ou da prestação do crédito à habitação (50%) ou por iniciativa do senhorio (28%). Se tivessem de sair da casa onde vivem, 34% dos inquiridos referem que não teriam para onde ir, ou seja, necessitariam de alguma forma de apoio social.
A juntar a esta percentagem está a de pessoas que iriam viver com familiares (14,2%) ou com não familiares (7,9%). Juntando as três situações, 56% dos portugueses não teriam condições para comprar ou arrendar uma casa, se perdessem a habitação onde residem atualmente.
Segundo o barómetro, mais de um em cada quatro inquiridos (27%) refere que o acesso à habitação já condicionou decisões de vida desde 2015, com uma média de duas decisões de vida condicionadas. Esta percentagem é maior entre os arrendatários e os mais jovens (36% para a faixa etária 18-34 anos, e 33% para a faixa 35-54 anos).
Entre os condicionamentos apontados mais frequentemente está a mudança de localidade, o sair de casa dos pais, o ir viver sozinho e o casar ou vier com o companheiro.
Para os inquiridos do barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos, os fatores que mais contribuíram para a atual situação da habitação está a falta de regulação no mercado de habitação e o baixo investimento público.
Entre as medidas mais populares a adotar está a diminuição dos s impostos sobre a reabilitação urbana, mesmo que isso aumente o défice orçamental, e o fim dos Vistos Gold, mesmo que isso prejudique a economia do país.
A amostra do inquérito foi de 1.086 indivíduos, com uma idade média de 51,7 anos. Cerca de um em cada cinco inquiridos situam-se na faixa entre o 18 e 34 anos e 33% entre os 35 e 54 anos, com os restantes 45% a terem 55 ou mais anos, sendo a amostra representativa da população portuguesa ao nível do sexo, idade e região.