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Dia 3. Cidade da Alegria - Cais do Sodré - Colina do Encontro

Diário de uma peregrina na JMJ. Um dia de confissão, confusão e sem ver o Papa

04 ago, 2023 - 01:05 • Libânia Gomes*

Libânia é peregrina na JMJ. No terceiro dia do evento, escolheu começar o dia no Parque do Perdão, onde se confessou. "Confessar-me foi tirar de mim um peso que eu me negava a ver", diz. Já no fim do dia, na cerimónia de Acolhimento, não conseguiu ver o Papa, nem coro, nem dançarinos, mas teve "o privilégio de os ouvir, o que já vale muito".

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Mais um dia que se inicia, mais duas viagens de autocarro que nos levam novamente à Cidade da Alegria. Nota para peregrinos futuros: um só dia não é suficiente para visitar todas as bancas ou ouvir todos os testemunhos (julgo que a semana completa poderia ainda ser insuficiente).

Neste terceiro dia optamos por dedicar uma parte da nossa manhã ao Parque do Perdão. A quantidade de pessoas na fila leva-me a crer que das duas uma: ou todos os peregrinos decidiram confessar-se no mesmo dia que eu ou existe uma grande fatia da cristandade ativamente pecadora.

Um QR Code disponibilizado previamente leva-nos até uma página onde podemos fazer um exame de consciência antes do confesso. Já numa das "cabaninhas" fui muito bem recebida por um padre que se mostrou mais do que contente por me ouvir.

Penso ser um equívoco recorrente pela parte dos cristãos desvalorizar o ato de se confessar, porque "o padre não é Deus" e "Deus vê-nos e ouve-nos sempre de qualquer maneira". Ainda assim, é muito diferente sentarmo-nos na frente de alguém e simplesmente confidenciar-lhe aquilo que de pior há em nós. Confessar-me foi tirar de mim um peso que eu me negava a ver.

Agarramos no almoço (e nuns pastéis de Belém) e corremos para a estação de comboio, onde fomos, mais uma vez, espremidas ao máximo tanto ao entrar como durante toda a viagem.

Se há coisa que a JMJ tem feito por mim é desenvolver-me um espírito de sobrevivência bem mais aguçado. Só assim se explica ter conseguido completar a viagem entre Belém e o Cais do Sodré sem partir ou deslocar nenhum osso.

Na Basílica dos Mártires, escutamos um pouco do testemunho de Joseph Fadelle. Quando digo um pouco refiro-me à qualidade do som. O esforço desumano que fiz para compreender o que dizia a tradutora enquanto os peregrinos entravam e saíam e o eco se propagava pelas paredes do edifício, com certeza, deixou-me mais perto de chegar ao céu.

Corremos também para chegar o quanto antes à Colina do Encontro. Outra nota para peregrinos futuros: qualquer evento que conte com a presença do Papa requer uma antecipação de várias horas para que se consiga, pelo menos, ver o ecrã gigante.

Embora não tenha conseguido ver absolutamente nada do Acolhimento em si, tem sempre piada acompanhar as pessoas e a multiplicidade de posições e engenhocas que inventam para verem melhor o líder da Igreja Católica.

Nota também positiva para todos aqueles que cantaram durante o evento, seja o coro ou os cantores convidados. Vê-los não os vi, mas tive o privilégio de os ouvir, o que já vale muito.

Foto: Libânia Gomes/RR
Foto: Libânia Gomes/RR
Foto: Libânia Gomes/RR
Foto: Libânia Gomes/RR

Para concluir, destaco um momento de confraternização espontâneo com alguns peregrinos estrangeiros que pernoitam no mesmo pavilhão que eu. Tenho com as minhas amigas o costume de alongar o corpo antes de dormir. Hoje, não só fizemos os nossos exercícios acompanhadas, como também pudemos experimentar alguns novos ensinados pelos nossos vizinhos de colchonete.


*Libânia Gomes tem 20 anos e é estudante de Ciências da Comunicação. Vem à Jornada com o grupo da Pastoral La Salle de Barcelos (grupo antigo e integrado na rede de colégios de La Salle que existem por todo o mundo), do qual faz parte há nove anos. Foi desafiada a escrever um diário da sua Jornada e vai partilhar todos os dias com a Renascença a sua experiência, num relato na primeira pessoa.

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