25 jan, 2023 - 07:00 • Redação
Menos de um em cada 10 professores portugueses sente-se satisfeito com o seu salário. A progressão salarial muito lenta, agravada pelos impactos da crise económica e pelo consequente congelamento das carreiras, fazem com que, a par dos islandeses, os docentes portugueses sejam os mais insatisfeitos da União Europeia. Os dados são da Eurydice, da OCDE.
Apesar de Portugal ser o país da União Europeia em que o aumento salarial de um professor é maior entre a entrada na profissão e o topo da carreira, isto acontece ao longo de um dos maiores períodos. E, em muitos casos, acaba por nunca acontecer. Para um professor português atingir o topo da carreira, é necessário que passe por 10 escalões, o que, no melhor dos cenários, pode demorar entre 34 e 36 anos.
Um professor que comece a ensinar no ensino secundário com 23 anos só conseguirá atingir o topo da carreira aos 57, caso os processos de avaliação entre os escalões lhe permitam sempre progredir. Contando com os 9 anos de congelamento que os professores têm reinvindicado nas manifestações recentes, este mesmo professor só chegaria ao topo da carreira aos 66 anos, no máximo 1 ano antes de se reformar. Assim, um salário de topo de carreira, que é dos mais altos da Europa, torna-se inacessível para uma grande parte dos professores atualmente em funções que, por questões de atrasos progressão de carreira, de saúde, constrangimentos nos processos de avaliação, ou meramente administrativas, demorem mais de 34 anos a percorrer a carreira docente.
Na Europa, apenas em 10 países se atinge o topo da carreira docente depois de Portugal. Somando o tempo do congelamento da carreira, os professores portugueses superam os húngaros (65 anos) como os que mais tarde recebem a remuneração máxima. Em contraste, são os dinamarqueses os mais novos a chegar ao topo da carreira docente, por volta dos 35 anos.
Além da progressão de carreira lenta, o relatório “Teachers in Europe” reporta que Portugal se encontra nas piores posições em vários indicadores do bem-estar na profissão, entre os países da União Europeia, principalmente na insatisfação salarial, no stress e na precariedade.
Em Portugal, quase 90% dos professores inquiridos reportaram níveis de stress elevados, principalmente devido ao grande volume de tarefas administrativas, à exaustividade das avaliações e à responsabilização pelas ações dos seus alunos. Esta percentagem coloca Portugal no primeiro lugar desta tabela, seguido da Húngria e do Reino Unido.
Mais de dois terços dos professores com menos de 35 anos tem um contrato a termo. Na faixa etária seguinte, dos 35 aos 49, esta percentagem desce para 41%. Ambas as percentagens estão entre as mais altas da União Europeia, juntamente com Espanha, Itália e Áustria.
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