DIA INTERNACIONAL DOS RESÍDUOS ELÉTRICOS

Dois em cada três portugueses admitem reciclar equipamentos elétricos

14 out, 2022 - 07:00 • Pedro Valente Lima

Em média, cada casa europeia tem 13 aparelhos elétricos inutilizados. Em Portugal, os telemóveis lideram o 'top 5' da lista dos equipamentos acumulados, seguindo-se os acessórios de informática, como ratos, monitores e auscultadores.

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Mais de metade dos portugueses diz reciclar equipamentos elétricos em fim de vida, conclui a associação internacional de gestão de resíduos elétricos WEEE Forum, no Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, que se assinala esta sexta-feira.

Em Portugal, o trabalho de investigação ficou a cargo da associação Electrão. Em declarações à Renascença, o diretor geral adjunto, Ricardo Furtado, refere que "a reciclagem, claramente, já faz parte do dia a dia dos portugueses".

O estudo revela que 63% dos 1.041 portugueses inquiridos "já contribui ativamente" para a colocação destes equipamentos elétricos nos devidos pontos de reciclagem. No entanto, o responsável lamenta que 10% dos respondentes se desfaça dos aparelhos nos recipientes destinados para lixo indiferenciado.

Por outro lado, "ainda há um número significativo de portugueses" que têm equipamentos elétricos em desuso nas suas casas, "especialmente na perspetiva de os vender ou de os vir a utilizar no futuro", aponta Ricardo Furtado.

"O que acaba por não acontecer, porque estes são equipamentos que rapidamente ficam obsoletos, mesmo que não estejam estragados."

De acordo com os dados do estudo, 52% dos portugueses admite acumular aparelhos elétricos com a intenção de os vir a usar, em caso de necessidade. Já 17% deseja vendê-los em segunda mão, enquanto que 11% não se consegue desfazer dos seus dispositivos por "apego sentimental".

Em Portugal, os telemóveis lideram o 'top 5' da lista dos equipamentos acumulados, seguindo-se os acessórios de informática, como ratos, monitores e auscultadores.

Segundo o responsável, não valerá a pena manter aparelhos inutilizados, especialmente quando o "mercado está sempre saturado com novos equipamentos e a sociedade está sempre à procura do 'último grito'". "Portanto, há muito pouco mercado para equipamentos de segunda geração", lamenta.

Face aos "hábitos de acumulação", o diretor adjunto da Electrão reforça a necessidade de sensibilizar a população para a importância da reciclagem dos aparelhos a que já não dão uso.

Ao reciclar, a pessoa "estará a contribuir não só para o ambiente, na poupança de recursos escassos que convém aproveitar sem se ficar dependente do estrangeiro", mas também para a economia nacional, uma vez que "há toda uma cadeia de recolha de reciclagem", cuja atividade valorizará o PIB do país.

Para assinalar o Dia Internacional dos Resíduos Elétricos, a Electrão colocou uma instalação artística composta por vários aparelhos obsoletos em Belém, Lisboa, na Praça da Guitarra.

Instalação artística montada em Belém, Lisboa. Foto: Artur Carvalho/BORN/Electrão
Instalação artística montada em Belém, Lisboa. Foto: Artur Carvalho/BORN/Electrão
Instalação artística montada em Belém, Lisboa. Foto: Artur Carvalho/BORN/Electrão
Instalação artística montada em Belém, Lisboa. Foto: Artur Carvalho/BORN/Electrão

O objetivo da iniciativa, cuja peça vai estar em exposição até 16 de outubro, é o de sensibilizar para "a importância da reciclagem dos equipamentos eléctricos usados e para o papel e a responsabilidade que cada cidadão tem nesta ação", diz a nota de imprensa.

Em média, cada casa europeia tem 13 aparelhos elétricos inutilizados

O estudo, realizado em seis países europeus - Portugal, Países Baixos, Itália, Roménia, Eslovénia e Reino Unido - conclui que, em média, cada casa tem 74 aparelhos elétricos, dos quais 13 estarão inutilizados. Quatro estarão mesmo avariados.

A investigação do WEEE Forum teve lugar entre junho e setembro deste ano e versou, sobretudo, nos equipamentos de menor dimensão, como telemóveis.

Aliás, de acordo com dados Organização das Nações Unidas (ONU), existem 16 mil milhões de telemóveis na Terra, cerca do dobro da população mundial.

E até ao final de 2022, deverão gerar-se cerca de 24,5 milhões de toneladas de pequenos equipamentos elétricos, "o equivalente a quatro vezes o peso da Pirâmide de Gizé", salienta o comunicado da Electrão.


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