Reportagem

Ucraniano de manhã e português à tarde. O primeiro dia de aulas de Vlad e Eva em Portugal

30 mar, 2022 - 07:00 • Liliana Carona

​Em Vila Nova de Tazem há uma escola que está habituada a receber crianças refugiadas. Depois de, em 2018, ter acolhido seis estudantes sírios, recebe agora duas crianças ucranianas.

A+ / A-
OuvirPausa
0:00 / 0:00

Com 160 alunos, do pré-escolar ao 9º ano, a Escola Básica de Vila Nova de Tazem ganhou dois novos alunos. Chegaram da Ucrânia há duas semanas e tiveram, pela primeira vez, aulas com os restantes colegas do quarto ano.

Vlad, de 9 anos, e Eva, de 10, são levados pela mão pela coordenadora da Escola Básica de Vila Nova de Tazem, Fátima Seabra, que vai ensinar português.

“Não entendem inglês, agora é numa fase de integração e ambientação. Eles só vêm à tarde até as 16h45 e de manhã continuam online com as professoras da Ucrânia”, revela a professora, esclarecendo que “ali têm aulas de português, e frequentam as áreas de enriquecimento curricular, que inclui o desporto, a música e as expressões audiovisuais”.

A disciplina de Expressões Audiovisuais é lecionada pela professora Ana Gaudêncio, que não larga o telemóvel, porque é lá que encontra a ajuda do Google Tradutor, para entender os dois novos alunos. “Fui apanhada de surpresa, está a ser difícil a comunicação, mas vão percebendo mais ou menos, através do telemóvel, é muito puxado para eles”, admite.

A responsável da escola, Fátima Seabra, recorda que não é a primeira vez que o estabelecimento escolar recebe refugiados. “Já em 2018, seis meninos sírios frequentaram a Escola de Vila Nova de Tazem”, salienta, garantindo que estão “a adaptar os materiais para eles conseguirem aprender, é mais à base de imagens. E eles aprendem muito facilmente, são muito perspicazes, vêm com muita vontade de aprender”, elogia, sem deixar de observar que “o objetivo deles não é ficar, é regressar à Ucrânia”.

Os primos Vlad e Eva, que chegaram de Lviv, estão a viver em Lagarinhos. Já tinham família por estes lados.

De manhã, assistem às aulas online com professoras ucranianas e à tarde aprendem português e fazem novas amizades. “Eu não percebo nada do que eles dizem, mas faço língua gestual”, mostra Jorge Henriques, de 9 anos, enquanto Tomás Santos, com 10 anos, ensina a pintar.

“São fixes eles, já brincamos nos intervalos”, diz Marta Martins, que deseja que os novos colegas “venham o dia todo para a escola, porque de manhã os intervalos são maiores”, sorri.

O dia 29 de março de 2022, foi o primeiro de Vlad e Eva numa escola portuguesa, em Vila Nova de Tazem. E até já sabem dizer as cores em português.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+