Tensão Ucrânia/Rússia

Portugal pronto para refugiados ucranianos. "Haverá capacidade de acolhimento"

15 fev, 2022 - 00:20 • André Rodrigues

André Costa Jorge defende que a existência de uma comunidade ucraniana bem implantada no país é uma vantagem em relação ao acolhimento de refugiados sírios e afegãos. O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados assegura que as instituições estão prontas para apoiar, mas lembra que este é, ainda, o tempo da diplomacia para evitar um conflito.

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O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) diz acreditar que Portugal está mais bem preparado para receber uma eventual vaga de refugiados de um possível conflito na Ucrânia do que esteve quando acolheu refugiados oriundos da Síria ou do Afeganistão.

Em declarações à Renascença, André Costa Jorge, que também dirige o Serviço Jesuíta aos Refugiados (SJR), considera que a existência de uma comunidade ucraniana bem implantada em Portugal, desde a década de 90 do século passado, constitui uma vantagem para a integração de uma eventual vaga de refugiados.

"Há competências e capacidade, por exemplo, para a tradução e serviço de interpretação na integração desta população, coisa que não tinha, por exemplo, quando acolhemos população vinda da Síria ou, até, agora, nos últimos meses, quando recebemos população do Afeganistão", assinala o coordenador da PAR.

Por isso, questionado sobre a capacidade de Portugal para dar resposta de emergência em matéria de refugiados ucranianos, André Costa assegura que "haverá, com certeza, capacidade de acolhimento".

"Temos estado em contacto com outras organizações no Serviço Jesuíta aos Refugiados, no sentido de nos prepararmos para a eventualidade de haver a necessidade de uma resposta humanitária. No caso de haver, todos temos de nos preparar para, em muito pouco, dar a resposta de proteção, sobretudo às vítimas civis", acrescenta.

No entanto, Costa Jorge considera prematuro falar de refugiados ucranianos quando estamos, ainda, numa fase de tensão diplomática que pode ser resolvida por via negocial, apesar de, do terreno, não vir qualquer sinal de um desagravamento da crise.

Sem perder de vista o que possa acontecer nos próximos dias na Ucrânia, este responsável diz que a prioridade continua a ser a assistência aos afegãos que o país acolheu.

"A situação no Afeganistão continua grave e a agravar-se. E há a necessidade de continuar a manter a resposta de acolhimento a pessoas do Afeganistão.

Nesta altura, Portugal acolhe cerca de 300 pessoas do Afeganistão: "estamos a preparar um equipamento que permitirá o acolhimento de cerca de 20 famílias, 100 pessoas, aproximadamente, num novo centro de acolhimento que será inaugurado no princípio do próximo ano", conclui o coordenador da PAR.

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