27 dez, 2021 - 23:05 • João Malheiro
O antigo bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Germano de Sousa, diz que "não é possível aguentar a avalanche" de pedidos de testagem à Covid-19 que se tem verificado, em Portugal nas últimas semanas.
Durante o período de contenção, entre 25 de dezembro e 9 de janeiro, a exigência de teste negativo ao novo coronavírus aumentou, o que levou a um aumento considerável da procura por parte dos portugueses.
O administrador e fundador do grupo de laboratórios com o seu nome explica, à Renascença, que "não há problema a nível de stock, mas há um enorme cansaço" entre os profissionais que realizam os testes.
"Já aumentamos a nossa capacidade e é já muito elevada. Chega a uma altura em que temos de conter um pouco a procura, porque não é preciso aguentar esta avalanche autêntica", admite.
Não obstante, Germano de Sousa indica que o seu grupo de laboratórios tem equipas específicas para a Covid-19, o que garante que outras análises "não tenham um único atraso".
O antigo bastonário da OM acredita que é "muito provável" que a procura caia "um pouco" depois do Ano Novo e, também, no fim do período de contenção.
E explica que "há cada vez mais pessoas que usam testes antigénio", o que contribui para o aumento da procura.
"Quem tenha um teste antigénio positivo quer vir confirmar com um teste PCR", indica.
Germano de Sousa avisa que 10% dos positivos dos testes antigénio são falso positivos, mas "a outra face da moeda, que é pior" é que 30% dos testes antigénio negativos são falsos negativos.
"As pessoas não usam o antigénio apenas quando têm sintomas, que é quando têm boa sensibilidade", alerta.
"Todos os doentes assintomáticos que estão a transmitir o vírus dão negativo no teste antigénio", diz, ainda.
O antigo bastonário da OM teme que este "barulho de fundo torne deficiente a esperança que temos no teste antigénio" e que os portugueses não estão a receber as indicações corretas para o uso desta ferramenta.
"Da forma como está a ser utilizado, pouco ou nada serve", lamenta.