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Made in Famalicão

Um sapato com sola à prova de vírus?

26 mar, 2021 - 09:58 • Olímpia Mairos

Investigadores estão a desenvolver uma sola antivírica, para combater, entre outros, o novo coronavírus. Ainda não se sabe quando o produto pode chegar ao mercado, mas acredita-se que pode estar para breve.

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Para já em fase de projeto, mas, se tudo correr bem, Portugal pode oferecer ao mundo solas de sapato antivirais. Um passo à frente no combate a uma pandemia que afeta todo o mundo, dizem os investigadores envolvidos, tendo em conta que o chão representa um veículo de contágio do SARS-CoV-2 e o calçado pode também ser um veículo de transmissão da doença Covid-19.

A criação é do Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI), localizado em Famalicão, e surgiu para aproveitar os novos apoios estatais para o desenvolvimento de tecnologias que pudessem também auxiliar a combater esta nova pandemia.

Na base desta solução está a incorporação, em solas de sapato, de propriedades “antivirais, antibacterianas e antifúngicas que, sem alterar as características mecânicas do material, permitirão travar, não só o contágio da atual pandemia, mas também a transmissão de outras bactérias e fungos, cujo grau de eficácia está já a ser explorado”, explica a investigadora Sónia Silva.

A equipa de investigadores encontra-se na fase de otimização e de validação das soluções, prosseguindo com a realização de ensaios e testes de uso para aferir se as propriedades antivirais se mantêm ao longo do tempo.

“Nós já conseguimos aferir que as solas têm atividade antiviral e estamos agora numa fase final de validação e de implementação também no ciclo produtivo e de otimização destas soluções”, acrescenta a investigadora, ressalvando tratar-se de um projeto de investigação que teve a duração de seis meses.

“Nós ainda não estamos numa fase imediata de um produto. Estamos a trabalhar para isso, mas ainda estamos nesta fase de investigação e não tanto de colocação no mercado. Temos que ainda otimizar e validar estas solas”, explica Sónia Silva.

No combate à Covid-19, sobretudo em serviços de saúde ou comércio

As solas antivíricas serão aplicadas em produtos da ROPAR/ARCOPEDICO, empresa do setor do calçado, mas com uma forte ligação ao setor da saúde. No âmbito deste projeto, a empresa é a responsável pela integração de formulações antivíricas no ciclo produtivo do calçado e por aferir as propriedades mecânicas das solas desenvolvidas.

A mais-valia deste produto é, segundo Sónia Silva, “transferir segurança às pessoas e transmitir esta segurança às pessoas no seu uso comum, generalizado, de qualquer pessoa no seu quotidiano que possa usar um calçado que tem propriedades antivíricas e que pode evitar esta propagação do vírus”.

Isto porque ao aditivar um ou mais constituintes das solas com agentes antivíricos, “sem alteração das propriedades intrínsecas do material final, nomeadamente das suas características mecânicas, um dos meios mais propensos à transmissão do vírus estará controlado e ajudará no combate à Covid-19, sobretudo em locais de acesso generalizado, como serviços de saúde ou comércio”, acrescenta a investigadora.

Para a criação desta solução são também determinantes os contributos do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), responsável pela validação das propriedades pretendidas, e do Centro Clínico Académico de Braga (2CA-Braga), que assume a realização de testes de uso num ambiente de importante relevância na transmissão de vírus, fungos e bactérias, como é o meio hospitalar.

Ainda não se sabe quando poderão as solas antivíricas, que garantem mais segurança aos utilizadores, chegar ao mercado nacional e internacional, mas acredita-se que poderá estar para breve. É, pelo menos, esta a expectativa do consórcio do Projeto SM4S – Safety Materials for Shoes.

“Estamos ainda em fase de conclusão. Contudo, em breve, existe a intenção, por parte da empresa, de colocar o produto no mercado”, conta a investigadora Sónia Silva, acrescentando que estão a trabalhar “para que seja possível a sua implementação o mais rapidamente possível”.

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