16 nov, 2022 - 00:34 • André Rodrigues
A queda de um míssil de fabrico russo na zona de Przewodów, junto à fronteira entre a Polónia e a Ucrânia foi recebida com um “sentimento de incredulidade”, conta à Renascença Ricardo Rato, um professor português da Universidade de Lublin, a cerca de 70 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.
Ricardo Rato estava a meio de uma aula quando recebeu a notícia.
“Partilhei esta informação com os meus alunos, que são todos polacos, e o sentimento geral foi de alguma tensão, alguma apreensão, mas sobretudo de incredulidade”, diz.
Ricardo Rato sublinha, no entanto, que, apesar da gravidade deste incidente, os polacos, de uma maneira geral, não temem uma mudança radical no curso do conflito na Ucrânia, no sentido de um envolvimento da NATO. Pelo menos, não por agora.
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“Os momentos de pânico aconteceram no início da guerra. Neste momento, há mais um clima de ansiedade (…) está tudo em suspenso e estamos com muita apreensão a ver, mas não é uma situação comparável ao início do conflito, onde, houve algum movimento nos supermercados e nas bombas de gasolina”, refere.
Para este professor português em Lublin, na Polónia, a vida “segue normalmente” e, de momento, está excluída a possibilidade de um regresso a Portugal, apesar da ansiedade crescente face aos acontecimentos mais recentes.
“Eu tenho a minha vida profissional aqui, a minha companheira é polaca, a família dela está aqui e estamos a pensar constituir família em breve”, confessa.
“As pessoas querem, primeiro, perceber o que está a acontecer. Mas, neste momento, eu creio que o povo polaco já está mais preparado para o que pode suceder”, conclui Ricardo Rato.