​Geração Z e a política. "Jovens não são o futuro, uma coisa distante. São o presente"

09 set, 2022 - 20:40 • Beatriz Lopes

No podcast desta semana, falamos sobre a relação "complicada" dos jovens com a política. Mas, mais do que identificar problemas, trazemos soluções (mesmo conscientes de que não há soluções fáceis para problemas difíceis).

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​Geração Z e a política. "Jovens não são o futuro, uma coisa distante. São o presente"

O retrato está feito e, à primeira vista, não é entusiasmante: os jovens portugueses votam pouco, não ligam a comícios partidários, mas na internet gritam cada vez mais alto para se fazerem ouvir. A conclusão é do estudo “A Participação Política da Juventude em Portugal”, publicado este ano pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Mas, afinal, de quem é a culpa? Será que vai morrer solteira? Ou estamos já perante um caso de divórcio entre políticos e jovens? "Há culpa em todos os lados", reconhece o presidente do Conselho Nacional de Juventude (CNJ) Rui Oliveira. Dos jovens que sentem que "têm pouco impacto na decisão do país e naquilo que é as suas vidas", mas também dos políticos que "comunicam de uma forma antiquada".

No Geração Z desta semana, falamos sobre a relação "complicada" dos jovens com a política. Mas, mais do que identificar problemas, trazemos soluções (mesmo conscientes de que não há soluções fáceis para problemas difíceis).

"É preciso alterar o pensamento de que os jovens são o futuro. Os jovens não são algo distante: os jovens são o presente. Temos de saber captá-los e valorizá-los agora - e aproveitar todo o seu empenho, determinação e irreverência.", sublinha Rui Oliveira.

Mas as medidas para combater a abstenção não passam apenas pela mudança de mentalidades. Para o presidente do Conselho Nacional de Juventude está provado que "as medidas tradicionais", como a criação de uma disciplina sobre educação para a política, "não têm tido resultados". A chave para o problema pode passar pelo associativismo, defende.

"É preciso ter mais associações no básico e secundário - as escolas têm de incentivar isso. Uma aula vai ser sempre muito chata e aborrecida para os jovens. É muito mais interessante o associativismo, onde podem errar e experimentar a democracia. O associativismo promove questões de voto".

Rui Oliveira não acredita que o voto obrigatório seja um caminho a seguir, mas dá "um sim claro" à votação a partir dos 16 anos.

"Antes de avançar, temos de fazer uma coisa a que não estamos habituados em Portugal: fazer estudos de previsão que nos permitam perceber onde é que a medida nos poderia levar".

Não havia tão poucos jovens no Parlamento desde 2009

Portugal tem nesta altura oito deputados com menos de 30 anos. Desde 2009 que não havia tão poucos jovens no parlamento. "Um perigo enorme", reconhece Rui Oliveira, de 26 anos.

"Portugal deveria seguir o caminho de outros países na Europa: ter governos com pessoas mais novas, mais irreverentes, com mais capacidade, porque estão numa fase diferente da vida. São capazes de assumir essas responsabilidades".

Rui Oliveira destaca ainda três temas que os jovens deputados têm dado prioridade: precariedade, emancipação e saúde mental. Assuntos que estão na agenda política, "e que vão sendo falados", mas que "não têm tido as respostas necessárias e concretas".

Aos jovens, deixa um pedido: "façam-se ouvir".

"A minha perspetiva é naturalmente diferente de muitos outros jovens, porque todos os jovens têm as suas experiências e vivências e as suas dificuldades. É importante conhecermos todas estas visões: só assim percebemos que preocupações existem, que caminhos há ainda por fazer e como é que podemos ser mais felizes."

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