07 nov, 2022 - 12:30 • João Carlos Malta com agências
“Estamos numa auto-estrada para o inferno climático e temos o nosso pé no acelerador”. Foi desta forma que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu esta segunda-feira de manhã o momento do planeta na conferência anual do clima da ONU, a COP27.
A única maneira de “acabar com todo o sofrimento” que daí resultará, segundo Guterres, é os vários países cooperarem. Se isso não acontecer, o resultado será o desaparecimento do planeta.
Numa altura em que a Terra, dentro de poucos dias, chegará à marca de oito mil milhões de seres humanos, o português que lidera as Nações Unidas, mostra-se muito preocupado com o presente e com o futuro.
“Estamos na lutar pelas nossas vidas. E estamos a perder. As emissões de gases de efeito estufa continuam a aumentar. As temperaturas globais continuam a subir. E nosso planeta está a aproximar-se rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”, alertou.
Segundo dados divulgados este domingo pela Organiz(...)
Guterres fez mais uma advertência para a gravidade da situação ambiental a dezenas de líderes mundiais, antes de uma nova reunião para negociações internacionais sobre o clima.
“Estamos na lutar pelas nossas vidas. E estamos a perder. (....) E nosso planeta está a aproximar-se rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível", o secretário-geral da ONU, António Guterres.
E foi bastante assertivo, pediu um novo pacto entre países ricos e países pobres para trabalharem em conjunto, com ajuda financeira e eliminação gradual do carvão nos países ricos até 2030 e nos outros lugares até 2040.
Guterres pediu aos Estados Unidos e à China - os dois maiores produtores de emissões que levam a alterações climáticas — para trabalhar especialmente em conjunto no clima, algo que era a regra até ser quebrada nos últimos anos.
“A humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer”, disse Guterres. “Ou fazemos um Pacto de Solidariedade Climática – ou um Pacto Coletivo de Suicídio.”
Mais de 100 líderes mundiais estão em conversações nos próximos dias para tentar lidar com um problema cada vez pior que os cientistas apelidam como o maior desafio da Terra.
Quase 50 chefes de estado ou de governo começaram a subir ao palco na segunda-feira no primeiro dia de negociações de “alto nível” na conferência anual do clima da ONU.
Grande parte da atenção neste encontro recairá sobre os líderes nacionais que vão contar histórias de devastação que resultaram de desastres climáticos, culminando na terça-feira com um discurso do primeiro-ministro do Paquistão, Muhammad Sharif, cujas inundações no verão causaram pelo menos 40 biliões de dólares em danos e deslocaram milhões de pessoas.
"O planeta tornou-se um mundo de sofrimento... Não é hora de acabar com todo este sofrimento?", questionou o presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi, anfitrião da reunião, aos outros líderes mundiais.
“As alterações climáticas nunca vão terminar sem nossa intervenção... O tempo que temos para fazer alguma coisa é limitado e devemos usar cada segundo que temos'', acrescentou.
Os líderes de duas das três maiores nações poluidoras de carbono – China e Índia – parecem querer ficar de fora das negociações sobre o clima, embora tenham diplomatas nas negociações.
"O planeta tornou-se um mundo de sofrimento... Não é hora de acabar com todo este sofrimento?", questionou o presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi, anfitrião da reunião, aos outros líderes mundiais.
O líder do outro país mais poluente - o presidente dos EUA, Joe Biden – só chegará mais tarde ao encontro.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, inicialmente estava previsto não comparecer, mas a pressão fizeram-no mudar de ideias.
Quatro estações chuvosas falhadas desde finais de (...)
O novo rei Carlos III, um defensor do ambiente de longa data, não comparecerá por causa do seu novo papel. E o líder da Rússia, Vladimir Putin, cuja invasão da Ucrânia criou um caos energético que reverbera no mundo das negociações climáticas, não estará também no Egito.
“Os poluidores históricos que causaram as mudanças climáticas não estão a aparecer”, disse Mohammed Adow, da Power Shift Africa. “A África é o continente menos responsável, mas o mais vulnerável à questão das mudanças climáticas e é quem está a intensificar a liderança nesta questão”, rematou.