Diário de guerra

Dia 48. Militares russos acusados de violar centenas de crianças. Ucrânia recusa visita do Presidente alemão

12 abr, 2022 - 20:57 • André Rodrigues

À medida que se intensifica a ofensiva de Moscovo no sul e no leste da Ucrânia, Vladimir Putin alega não ter tido outra escolha que não fosse a guerra na Ucrânia. Autarca de Mariupol fala de 20 mil civis mortos e a cidade estratégica está praticamente conquistada. Donetsk e Lugansk serão os passos seguintes. Mais de seis mil suspeitas de crimes de guerra estão a ser investigadas.

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Do 48.º dia de guerra fica a acusação do Presidente da Ucrânia de que centenas de crianças terão sido violadas por soldados russos, "incluindo meninas menores de idade e crianças muito pequenas".

Desde o início do conflito, várias organizações humanitárias têm denunciado que as forças russas estão a violar pessoas como "arma de guerra", alegações que vários órgãos de imprensa têm vindo a relatar com histórias e testemunhos de vítimas.

Volodymyr Zelensky falou, esta terça-feira, ao parlamento da Lituânia e denunciou a cadência diária com que são encontradas "novas valas comuns" nas áreas que estiveram sob ocupação das forças armadas de Moscovo.

De resto, a Procuradoria-Geral ucraniana confirmou que há 6.036 casos de alegados crimes de guerra reportados e um total de 186 crianças mortas.

Putin diz que a guerra foi "a decisão certa"

Longe dos bombardeamentos, o Presidente da Rússia disse esta terça-feira que a invasão russa foi a "decisão certa" e vai alcançar os seus “nobres” objetivos.

Vladimir Putin falou durante uma cerimónia de prémios no Cosmódromo Vostochny e alegou que não teve “outra escolha” a não ser lançar a operação militar especial em nome da segurança das suas fronteiras.

Apesar das numerosas baixas militares já admitidas pelo porta-voz do Kremlin, Putin não escondeu o orgulho pela forma como o exército russo luta com “bravura e eficiência” na Ucrânia, insistindo que Moscovo não pode ficar à margem da comunidade internacional, em matéria de sanções.

Declarações bem a propósito da rejeição do governo de Kiev à visita do Presidente da Alemanha ao país. Frank-Walter Steinmeier pretendia visitar a Ucrânia acompanhado dos homólogos polaco, estoniano, lituano e letão, mas o governo ucraniano fechou-lhe a porta, reagindo assim às relações de proximidade entre Berlim e Moscovo, nomeadamente pelo apoio ao projeto do gasoduto NordStream 2.

Certo é que, a cada dia, há uma nova empresa ocidental que anuncia a suspensão das suas operações na Rússia. Depois da sueca Ericsson, esta segunda-feira, desta vez foi a finlandesa Nokia a anunciar o cancelamento de toda a atividade no mercado russo.

Ainda assim, várias empresas ocidentais continuam o seu trabalho normalmente. De acordo com a Universidade de Yale, que acompanhou mais de 1.000 grandes empresas e atribui notas a cada uma, com base na redução do trabalho na Rússia, a Emirates Airlines e a JD.com continuam a operar normalmente na Rússia, ao contrário, por exemplo, da Heineken e da Netflix que interromperam todos os compromissos com a Rússia.

Mais de 20 civis mortos em Mariupol, 400 em Bucha

As autoridades da região de Kiev já contabilizaram 400 civis mortos em Bucha, onde se verificaram massacres, revelados após a retirada das tropas russas daquela cidade e de outras localidades nos arredores da capital da Ucrânia. "Falsificação", contrapõe Putin.

O presidente da autarquia de Mariupol afirmou esta terça-feira que a estimativa mais recente aponta para 21 mil civis mortos na cidade portuária.

Mais de 870 mil ucranianos regressaram a casa desde o início da guerra, incluindo mulheres e crianças, anunciou esta terça-feira o serviço de guarda fronteiriça da Ucrânia.

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  • Desabafo Assim
    12 abr, 2022 Porto 23:40
    A guerra é algo tenebroso, qualquer líder deveria pensar muito bem antes de sugeitar o seu povo à guerra, cães raivosos são cordeiros, sítio onde a maldade é premiada, só funciona assim, a mente tem de dar todas as cartas à besta, na inocência as pessoas pensam que pode ser de outro modo, o crime começa logo ao subir o palco, o resto é deixar correr, a besta o guiará com os seus caprichos e que caprichos ordena ela.

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