26 fev, 2022 - 03:05 • André Rodrigues
A Unicef diz que o abastecimento de água potável às crianças é uma necessidade urgente na Ucrânia.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância denuncia que o conflito está a deixar os menores completamente desamparados.
O alerta surge horas depois de notícias dando conta que as forças russas atingiram um orfanato com mais de 50 crianças e depois de, na madrugada de quinta para sexta-feira, os bombardeamentos terem provocado a morte de, pelo menos, duas crianças.
Em declarações à Renascença, a presidente do Comité Português da Unicef, Beatriz Imperatori, descreve um cenário devastador, com famílias abandonadas à sua sorte.
"As pessoas estão confusas, perdidas, sentem-se desprotegidas e os ataques a infraestruturas de água, escolas, creches e infantários têm acontecido, o que deixa um rasto de violência e de desamparo imenso", diz a responsável.
A Unicef, que tem presença regular na Ucrânia desde 2014, estima que haja, no país, sete milhões e meio de crianças: "nós abrimos agora uma resposta de emergência, com equipas móveis que apoiam as crianças que ficaram separadas das famílias, acolhendo-as e levando-as para zonas seguras onde, mais tarde, possam vir a reencontrar as suas famílias e, também para resposta a questões de saúde, como ferimentos e apoio psicossocial".
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Beatriz Imperatori deixa, por isso, um apelo dirigido à sociedade civil e a todos os que, de alguma forma, podem apoiar a missão no terreno: "vamos precisar de toda a ajuda e da colaboração de todos para conseguirmos ajudar estas crianças".
Para já, a Unicef diz não sentir dificuldade na distribuição de ajuda humanitária às crianças da Ucrânia, mas pede ajuda para poder continuar a disponibilizar esse apoio no terreno.
"Estamos a levar os nossos armazéns centrais para as proximidades das zonas de confrontos. Primeiro, tudo o que tem a ver com alimentação e água, porque os ataques às infraestruturas têm impedido que a água segura chegue às crianças e às famílias", diz Beatriz Imperatori.
Noutro plano, "há que garantir a distribuição de produtos de higiene de medicamentos e de educação em emergência, pequenos kits para aqueles que eram professores ou que acompanhem as crianças para permitir que elas continuem a sua educação ou possam ocupar-se de uma forma construtiva".
A guerra atravessa todo o território ucraniano, mas, para já, Beatriz Imperatori diz que a ajuda humanitária tem chegado ao terreno.
"Não posso dizer que sintamos dificuldade em adquirir ou levar ajuda para além daquilo que é um cenário de guerra", conclui.