24 fev, 2022 - 00:26 • André Rodrigues
O Presidente da Ucrânia fez, esta quarta-feira à noite, um apelo dramático à paz.
Num discurso transmitido pela televisão pública ucraniana, Volodymyr Zelenskyi defendeu que uma ação militar russa contra a Ucrânia “deve ser travada antes que seja tarde demais”.
Dirigindo-se aos cidadãos russos, em russo, o chefe de Estado ucraniano defendeu que, mesmo sabendo que o discurso não iria ser transmitido pela televisão russa, o povo merecia saber a verdade sobre a situação vivida no país vizinho.
Numa altura em que, do terreno, chegam cada vez mais sinais que apontam para o eclodir de uma ofensiva de larga escala, Zelenskyi assegura que “o povo ucraniano quer paz" e que “o governo da Ucrânia quer a paz e está a fazer todos os possíveis para construí-la.”
Zelensky fez questão de sublinhar que a Ucrânia não tem razão de queixa em relação à Rússia, mas contesta a imagem que o discurso oficial de Moscovo adota para caracterizar a Ucrânia.
Tensão Ucrânia/Rússia
Parlamento de Kiev aprovou a decisão esta quarta-f(...)
"Dizem que somos nazis”, disse Zelensky, de ascendência judaica. “Pode um povo apoiar os nazis, que deram mais de oito milhões de vidas pela vitória sobre o nazismo? Como posso ser nazi? Digam isso ao meu avô, que passou por toda a guerra na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente.”
O Presidente ucraniano contrariou, ainda, as alegações de Putin de que a Ucrânia é uma invenção e que, pertence, por direito pleno à Rússia: “os vizinhos enriquecem-se mutuamente e isso não os transforma num todo único. Somos diferentes, mas isso não significa que tenhamos de ser inimigos. Queremos construir o nosso futuro, nós mesmos, de forma pacífica, calma e honesta.”
Numa derradeira tentativa de evitar uma ofensiva, Zelenskyi disse, ainda, que tentou telefonar a Vladimir Putin, mas "o resultado foi o silêncio".
Kiev alega que a Rússia tem cerca de 200 mil tropas junto à fronteira com a Ucrânia, o que, para Volodymyr Zelenskyi significa que, em breve, poderá estar em curso uma “grande guerra no continente europeu”.