08 set, 2022 - 07:00 • Susana Madureira Martins (Renascença), Sofia Rodrigues (Público)
Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, Luís Montenegro diz que já tem na "cabeça a definição do perfil do nosso candidato e da lista" para as eleições europeias de 2024, mas recusa dizer se quer manter o primeiro-vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, como cabeça de lista ou apostar num independente como o autarca do Porto Rui Moreira
Em relação ao novo aeroporto de Lisboa, para quando uma nova reunião com o primeiro-ministro?
Não temos nenhuma reunião marcada. É um diálogo que está aberto e deve efectuar-se com algum recato para ser mais produtivo.
Não gostaria que esta questão fosse discutida em cima do OE?
Não estou com preocupação de 'timing'. A minha responsabilidade é contribuir para que, se possível, haja uma solução o mais abrangente e consensual. E rápida.
Há condições para isso neste momento?
Há condições para um diálogo que possa conduzir a uma convergência de posições. Quem terá de tomar as decisões é o Governo. Se as decisões do Governo tiverem uma convergência com os posicionamentos do PSD, é benéfico para o país.
Sobre a localização, há outras duas possibilidades: uma proposta apoiada por companheiros seus de partido de construir em Santarém, e também a de Rui Moreira, que apontou o aeroporto Sá Carneiro como hipótese de apoio. Estas opções têm alguma possibilidade de avançar?
A segunda não é propriamente uma hipótese. É um objectivo estratégico de todo o país. Temos de ter uma capacidade aeroportuária aproveitando todas as infra-estruturas que já temos. O aeroporto Sá Caneiro é uma expressão de capacidade aeroportuária fortalecida.
Pode ser uma solução?
Mal seria se a nossa estratégia do ponto de vista aeroportuário não contasse com todo o potencial que o aeroporto Sá Carneiro detém já hoje. Isso nem é assunto nesse sentido. Não é uma questão nova. Não posso estar mais de acordo com a valorização de um aeroporto recente, com potencial, com bons índices de funcionamento.
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Rui Moreira falou sobre este assunto ao primeiro-ministro. Falou disso com António Costa?
Não vou estar a detalhar a conversa que tive com o primeiro-ministro, mas não quero fugir à questão sobre a outra solução que colocou em cima da mesa. Não é verdade que a questão tenha sido colocada por companheiros do meu partido embora haja quem sustente essa solução. O que eu confirmo é que, no âmbito das audições que promovi no PSD, já ouvimos os promotores técnicos desse projecto. E como também é salutar poder afirmá-lo não deixaremos de ter em conta isso na nossa apreciação porque é efectivamente um projecto que, pelo menos, deve ser ponderado. Não há nenhuma decisão.
É uma infra-estrutura feita de raiz?
É uma solução nova de que nunca tinha ouvido falar, andou a ser estudada nos últimos anos. No PSD, tivemos conhecimento já depois da reunião que tive com o primeiro-ministro.
O que acha?
Deve ser ponderada e é isso que estamos a fazer com a informação que nos foi dada e que foi muita.
As europeias são o seu primeiro teste eleitoral nacional e pode condicionar a sua reeleição. Qual é o perfil do cabeça de lista?
Percebo a questão, mas tenho na minha cabeça a definição do perfil do nosso candidato e da lista. Não corresponde a uma preocupação com demais partidos, corresponde em primeiro lugar em representar o Estado português, o PSD no Parlamento Europeu. Não escondo que tenho a ambição de poder dar, com essas escolhas, uma vitória eleitoral ao PSD.
Rui Moreira era um bom nome?
Não vou estar a discutir nomes, o que vou é assumir a minha pré-disposição, a minha intenção forte e o meu empenho em escolher uma lista que seja representativa do melhor que temos em Portugal e com um cabeça de lista que possa ser ele próprio uma imagem disso mesmo.
Manter Paulo Rangel como cabeça de lista seria hipótese?
Percebo a vossa insistência, mas não direi mais nada.
Recentemente na festa do Pontal, teve ao seu lado Passos Coelho. É já a pensar nas Presidenciais?
A presença do dr. Passos Coelho no Pontal está completamente dissociada de qualquer ato eleitoral. Creio que ele foi muito claro em ter afirmado que a sua vontade de estar lá se apresentava como um momento em que ele dava apoio ao partido, à nova liderança, se colocava ao nosso lado, confiando que no PSD, nas suas palavras, somos capazes de criar uma alternativa política vencedora no próximo ciclo eleitoral legislativo. Foi uma aparição extraordinária. Isso não significa que ele não seja, como é, uma das pessoas cujas opiniões eu mais valorizo, a par de outros ex-primeiro-ministros de Portugal. Aprecio muito as opiniões de Passos Coelho, Durão Barroso, Cavaco Silva, mesmo de Santana Lopes, que já não é militante do PSD. É público que já conversei com ele depois do congresso.
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Há outros nomes como Marques Mendes ou até Durão Barroso. São boas hipóteses?
É extemporâneo estar a pronunciar-me sobre isso.
O PS já tem colocado o assunto, nomeadamente com a disponibilidade de Santos Silva...
O PS é um partido que partidariza mais as presidenciais do que o PSD. Não vamos forçar ninguém a ser candidato nem vamos pedir a ninguém.
O candidato pode não ser do PSD? Paulo Portas, ex-líder do CDS?
Nós aguardaremos que, dentro do nosso espaço político, com toda a serenidade a reflexão de várias personalidades que têm condições, como as que já nomearam e outras, têm de poder enfrentar uma candidatura eleitoral como essa. Não vamos fazer nenhum comentário.
Está disponível para uma revisão constitucional neste mandato? E a revisão das leis eleitorais?
Não são prioridades neste momento, mas evidentemente não nos colocaremos de parte nem numa matéria nem noutra. É conhecido que eu herdei no PSD dois projectos, um de revisão constitucional, outro de revisão das leis eleitorais, e tal como disse, iria ter em consideração o trabalho feito, que é meritório. Quando o assunto se recolocar, nós aprimoraremos as nossas propostas, sendo certo que não existe revisão constitucional há vários anos porque o PS não quer.
Não tenciona tomar iniciativa?
Tomaremos iniciativa se acharmos oportuno, mas temos de ser pragmáticos. A política não pode ser apenas um jogo: tomar a iniciativa, sabendo que ela é inútil, não é o meu estilo. Temos de saber se o PS quer rever a Constituição e qual é o âmbito de revisão que quer. Participei em processos de revisão constitucional e o PS tem uma aversão enorme a retirar a carga ideológica e a regulamentação excessiva que há na Constituição e a cingir-se a matérias que são mais susceptíveis de ter alguma consensualização, nomeadamente o aprofundamento das autonomias regionais.