Hora da Verdade

​Leão apoia-se no "prestígio europeu" de Costa na eleição para o fundo de resgate

07 jul, 2022 - 07:04 • Susana Madureira Martins (Renascença) , Liliana Borges (Público)

Na próxima segunda-feira poderá haver novidades em relação à candidatura de João Leão à direção do Mecanismo Europeu de Estabilidade.

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Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal 'Público', o ex-ministro das Finanças destaca o papel de António Costa no favoritismo de Portugal à corrida. “É preciso diplomacia”, reconhece.

É candidato de Portugal à direção do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Portugal vai manter a sua candidatura ao fundo de resgate da Zona Euro até ao fim? Não haverá desistências?

A expectativa é que possa haver uma decisão segunda-feira, no Eurogrupo. Não sei se se vai conseguir a tal decisão porque é preciso ter uma maioria qualificada de 80%, o que exige um esforço significativo de compromissos das diferentes partes. Neste momento, Portugal e o Luxemburgo são os países favoritos.

Tem falado com o ministro das Finanças sobre este assunto?

Tenho falado com o Governo e com o ministro das Finanças. Penso que as hipóteses são partilhadas entre Portugal e Luxemburgo.

É um esforço que o próprio primeiro-ministro tem também desempenhado?

Sim. O Governo português e o primeiro-ministro são muitos prestigiados na Europa, também na área financeira. Portugal é visto como um exemplo, também dentro dos países do Sul.

É uma das suas vantagens?

É importante. Portugal traz uma marca de bom sucesso na gestão macroeconómica. Não só tivemos mais de meio milhão de trabalhadores do que tínhamos há seis anos, mas fomos o segundo país da Europa que mais reduziu a dívida pública, o que faz com que Portugal agora seja um caso apontado como um país que conseguiu apresentar uma trajetória clara de redução da dívida pública, fazer poupanças muito significativas em despesas com juros que canalizou para os setores sociais importantes como os da saúde.

Portugal conseguiu sair de deixar de ser o país-problema. E isto é muito relevante porquê? Um dos objetivos vai ser Portugal deixar de estar no pódio dos países com dívida mais alta. E isto é o completar da peça que falta para concluir a transição de ajustamento das finanças públicas em Portugal.

Imagem: Maria Lopes/RR; Foto: Rui Gaudêncio/Público
Imagem: Maria Lopes/RR; Foto: Rui Gaudêncio/Público

A questão do financiamento do ISCTE e ainda sobre a sua tutela tem algum efeito no processo de eleição?

Não tem qualquer importância. Nunca houve qualquer questão sobre o assunto e nós já expressámos todos esclarecimentos sobre o assunto. Não tive qualquer intervenção sobre o assunto. Houve muitas entidades que foram financiadas pelo Ministério das Finanças.

E já percebemos que para si é um assunto encerrado. Sente que foi protegido por uma maioria absoluta do PS?

Nós mostrámos toda a disponibilidade para prestar declarações que foram necessárias. Ficou claro que, para efeitos de financiamento por aluno, o ISCTE é a universidade que menos recebe do Orçamento de Estado.

Onde é que considera mais óbvia no curto prazo, a aplicação do fundo de resgate do organismo de fundo? Países de Leste, a Polónia, a Hungria?

Este mecanismo assume especial importância no contexto de grande incerteza. A inflação elevada implicou que o Banco Central Europeu tivesse anunciado que iria criar um novo instrumento de natureza extraordinária para lidar com a questão da fragmentação financeira que estava a acontecer na zona euro.

Não antevê que Portugal possa vir a necessitar deste fundo a prazo?

Portugal está numa trajetória muito positiva. Espera-se que Portugal vá também beneficiar do trabalho que está a ser feito. As agências de rating já estão a sinalizar isso.

Houve algumas melhorias, mas foram graduais porque ainda estamos num contexto muito incerto. Do ponto de vista financeiro, o que vejo como mais provável é Portugal sair do pódio dos países com dívida pública mais elevada da União Europeia já no próximo ano e caminhar até aos 100% até 2026 e ter melhorias significativas no rating.

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