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Covid-19

O que muda com o desconfinamento. Saiba o que pode esperar em cada setor

24 abr, 2020 - 13:36 • João Carlos Malta

O Governo ainda não se pronunciou sobre todas as atividades, mas António Costa já falou de algumas e há associações profissionais que começam a pensar em como preparar o regresso depois do confinamento. A Renascença monta o puzzle para ajudar a perceber o que já se sabe pelo ansiado regresso depois do confinamento e o que poderá encontrar em cada área.

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O Governo, em articulação com o Presidente da República, tem estado a estudar as melhores formas de Portugal voltar a ligar a atividade económica à ficha. Muitas das medidas serão faseadas, pautadas pela precaução necessária, para evitar um segundo surto. Mas, neste momento, há já várias atividades económicas a posicionarem-se para tomar medidas profiláticas que devolvam a confiança aos clientes.

Há medias setoriais, mas há questões que serão transversais que se deverão aplicar a todos como aquela que o primeiro-ministro António Costa expressou no Parlamento há uma semana, relacionada como uma nova forma de organizar o trabalho. "Temos que contactar as empresas para encontrar melhores formas de organização do tempo de trabalho, trabalhando uns de manhã, outros à tarde, uns uma semana, outros outra semana".

Entretanto, Costa avançou esta sexta-feira, que o fim de semana alargado de 1 a 3 de maio terá as mesmas restrições de deslocação entre municípios que o período da Páscoa devido à pandemia de Covid-19. Acrescentou ainda na mesma comunicação ao País que "mais vale ir agora lentamente e com segurança do que termos surpresas desagradáveis",referindo-se à reabertura faseada da atividade económica, que será feita em períodos consecutivos de 15 dias.

Conheça aqui o que já foi decidido ou o que cada atividade pensa fazer quando a quarentena for levantada.

Hospitais

O presidente da Associação de Administradores Hospitalares avançou à Renascença um conjunto de medidas a tomar.

  • garantir que os hospitais venham a ter mais meios de proteção individual para todos os doentes, profissionais e também para as visitas, se quisermos reativar essas vertentes;
  • necessidade de redefinir a rede Covid-19, definir quais são os hospitais, quais os recursos em termos de camas, quais os profissionais de saúde. É importante fixar essa ‘resposta Covid;
  • necessário fazer descansar as equipas e, por outro lado, treinar novas pessoas para fazer a sua substituição;
  • hospitais com poucos casos de Covid-19 transfiram os doentes para unidades com mais capacidade de resposta;
  • mudanças no sistema na marcação de consultas e o alargamento do horário de funcionamento dos hospitais;
  • reduzir a lista de consultas adiadas, muitos hospitais já começaram a aplicar o método da telemedicina.

Administração Pública

  • restabelecimento do serviço de atendimento presencial;
  • termo à suspensão de prazos procedimentais e processuais;
  • Nas Lojas do Cidadão e nos Espaços do Cidadão serão instaladas barreiras em acrílico a separar utentes de funcionários;

Transportes Públicos

Estão a ser estudadas formas de reestabelecer os serviços suspensos ou restingidos.

  • horários desencontrados;
  • desinfeção generalizada e mais frequente;
  • uma nova organização do trabalho que não crie ondas de ponta muito forte;
  • aumentar oferta;

Praias

As regras são ainda genéricas e devem ser detalhadas a 6 de maio. O que já se sabe:

  • limitação da capacidade de carga das praias, pode vir a ser controlada pela limitação de lugares de estacionamento nos locais em que essa seja a única forma de acesso;
  • necessidade de impor distâncias mínimas entre sombras;
  • a obrigatoriedade do uso de máscaras em cafés e restaurantes dos concessionários;
  • cumprimento de protocolos de higiene.

Turismo

  • reabertura faseada dos hotéis, o melhor cenário será uma retoma já próximo da normalidade em julho
  • desinfeção das malas dos clientes;
  • selo de garantia enquanto "Hotel Covid free";
  • lavagem frequente das mãos;
  • uso de máscara de proteção e de luvas;
  • oferta de máscaras aos clientes no chek-in;

Universidades e Politécnicos

  • o regresso às atividades será “gradual”;
  • o ensino a distância continuará a ser a norma até ao final do semestre letivo;
  • garantidas as condições de distanciamento social;
  • higienização dos espaços e disponibilização de equipamentos de proteção individual.

Igrejas

Deverão abrir a partir de maio, mas com limitações.

  • uso obrigatório de máscaras;
  • limitação do número de pessoas por metro quadrado, deverá haver indicação para que seja guardado um espaço de um metro ou dois entre cada pessoa;
  • a Igreja, quando suspendeu a catequese presencial, seguiu as indicações que foram dadas para as escolas. E agora deve manter o que também vigora para as escolas;
  • continuação da suspensão de todas as manifestações religiosas que implicarem maior aglomeração e circulação de pessoas; como procissões, festas de catequese e casamentos. Devem continuar suspensas as peregrinações, como o 13 de maio em Fátima, que decorrerá sem peregrinos como já anunciou o cardeal António Marto;
  • casamentos e batizados devem manter-se a recomendação em curso: adiar sempre que possível, quando não é possível adiar, deve ter uma presença limitada de pessoas.

Funerais

Os decretos do estado de emergência também impõem limitações nos funerais, que são definidas pelas autarquias, no que diz respeito ao número de pessoas presentes.

  • a Igreja tem mantido o acompanhamento religioso dos funerais, com a recomendação de que, sempre que possível, a celebração das exéquias decorra no cemitério e não na igreja ou em capelas mortuárias;
  • não há limitações às celebrações religiosas”, no que diz respeito às exéquias, no caso em que a família pretende acompanhamento religioso;
  • limitações civis, “devem ser aplicadas com o bom senso próprio do momento, sempre muito doloroso para todas as famílias e para qualquer pessoa”;

Restaurantes

O Estado ainda não se pronunciou mas o setor já avançou com propostas bem concretas.

  • redução da limitação máxima de cada espaço de restauração para metade e de acordo com o evoluir da situação, poder-se-á aumentar gradativamente a lotação;
  • disposição das mesas: garantir pelo menos um metro de distância entre cada mesa;
  • instalações higienizadas: garantir a limpeza / desinfecção frequente de pontos de alto contacto como mesas / maçanetas, etc;
  • alargamento do período do almoço e jantar, ficando os espaços de restauração obrigados à marcação prévia de mesa, de modo a assegurar que não haja aglomerados de clientes;
  • as empresas devem permitir um horário mais alargado para as refeições dos seus trabalhadores;
  • higiene alimentar: garantir a lavagem e limpeza de todos os ingredientes antes da sua confeção;
  • uso obrigatório de máscaras e ou viseira por parte dos trabalhadores do restaurante;
  • obrigatoriedade por parte dos clientes na leitura de temperatura e desinfeção das mãos, à entrada do estabelecimento;
  • eliminação temporária das ementas e cartas, estando apenas expostas em local visível, evitando-se o contacto físico

Ginásios

Há várias propostas da AGAP, associação que representa os ginásios e os centros de fitness. Veja todas as medidas propostas aqui.

  • aplicar um limite de um sócio por cada 4 m2 de área, respeitando assim a distância recomendada de afastamento de dois metros/pessoa;
  • contagem de saída/entrada será também instalada para garantir o respeito dessa capacidade máxima em tempo real;
  • limitar a capacidade das aulas em grupo na mesma base (1 pessoa por cada 4 m2) com contagem sistemática do número de participantes;
  • nas Salas de Exercício (cardio-fitness e musculação) a limitação de frequência será determinada pelo número de utentes igual ao número de 50% dos equipamentos em utilização relativamente aos existentes antes do encerramento;
  • o tempo de permanência de cada utente não deve ser superior a uma hora;
  • controlar o acesso às salas, de modo a não gerar filas à entrada;
  • marcação no chão das distâncias mínimas entre as pessoas na Recepção dos Clubes;
  • proteções de acrílico ou vidro, no atendimento das recepções;
  • proibição de praticar exercício dois a dois.

Cabeleireiros

Prevê-se que comecem a laborar no início de maio, mas não está garantido de que seja logo no dia 2.

  • vai ser preciso fazer marcação prévia;
  • levar máscara, ou até viseira;
  • deixar em casa os anéis, colares, brincos, pulseiras;
  • lavar e desinfetar as mãos à entrada do salão passará a ser obrigatório;
  • possível alargamento dos horários de funcionamento dos estabelecimentos;
  • salões apenas com metade da ocupação;
  • os profissionais deverão usar os equipamentos de proteção individual à higienização e desinfeção do material de trabalho e dos salões.

Cultura (cinemas, teatros)

O primeiro-ministro António Costa é da opinião que “a cultura não pode continuar encerrada à espera de melhores dias."

  • começar pela reabertura de têm lotação fixa e lugares marcados, para permitir a reabertura com o afastamento necessário

Construção Civil

O setor não parou, mas deve continuar a apostar na segurança e no reforço da higienização. Veja aqui a lista de recomendações da AICCOPN, a associação de empresários.

  • colocados cartazes informativos da DGS nas obras;
  • medição de temperatura à entrada e saída de obra;
  • os trabalhadores em estaleiro de obra devem estar sempre a dois metros uns dos outros;
  • obras com muita afluência, os horários de início dos trabalhos devem ser escalonados para evitar filas na “entrada” da obra;
  • testagem dos trabalhadores;
  • a atribuição de certificados de imunidade sempre que for possível fazê-lo
  • criação de uma plataforma digital onde em cada obra se poderá fazer registo de qualquer caso suspeito e da sua respetiva cadeia de contágio
  • reforço das limpezas e mecanismos de desinfeção, colocação de desinfetantes das mãos nas obras e/ou aumento de pontos de lavagem das mãos equipados com dispensadores de sabão;
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