A crónica de Ana Galvão no Calçadão - Apoio Renascença

Rock in Rio, a cidade onde toda a gente canta e dança, até debaixo de chuva

Ana Galvão está no Rio de Janeiro e conta-lhe o que se passa na edição de 2019 do Rock in Rio.

A+ / A-
"Independentemente de onde está, o Rock in Rio carrega sempre a mesma mensagem"
"Independentemente de onde está, o Rock in Rio carrega sempre a mesma mensagem"

É de noite e dos altifalantes de uma das ruas da cidade do rock sai uma música brasileira que desconheço. Parece-me uma simples promoção musicada ao festival, no entanto aquele som transforma-se num coro de centenas de vozes: é o público que, num momento de união, entoa de cor aquela canção. Roberta Medina, produtora do festival, já tinha avisado: "O brasileiro pula e canta o tempo todo". Foi mesmo isso que mostraram estes três dias do primeiro fim de semana do RiR, que nem a chuva, que teimou em cair grande parte do tempo, tirou a vontade de festejar.

Longe vão os tempos (1985) em que o festival foi criado pela mão de Roberto Medina, o homem que continua a ser o grande cérebro deste super acontecimento musical. Roberto aparece pouco nos dias que correm, mas tudo passa por ele e, segundo me contam nos bastidores, as ideias para novas atrações não param de brotar. E se já sentimos isso em Lisboa, onde o festival foi muito inovador ao proporcionar entretenimento constante, no Rio de Janeiro, onde a área do recinto é de mais de 300 mil metros quadrados, ainda se vive mais.

O espaço é tão extenso e tão rico em atrações, que é impossível absorve-lo num só dia. Para se ter uma ideia, para além dos 9 palcos, dezenas de lojas e stands com diversão própria, existe uma montanha russa, um “megadrop” (uma cadeira que cai, no vazio, após ter sido puxada a 30 metros em altura), uma roda gigante, e ainda o clássico slide (que no Brasil é conhecido como "tirolesa"). E a imagem que mais fica é esta cidade construída, de alegria, som e luz, rodeada de morros e montanhas, o que torna o cenário num bonito cruzamento entre a geografia impactante do Rio, com a eletricidade de um festival do século XXI.

O cartaz deste ano foi eclético: se no primeiro dia os reis da festa foram músicos de funk e hip-hop (com óbvio destaque ao desejado Drake), o segundo e terceiro dia foram entregues a artistas rock, caso de Whitesnake, Foo Fighters e Bon Jovi. Claro que é com satisfação que, como portuguesa, vejo florescer a ideia de Roberta Medina de ir introduzindo artistas portugueses no cartaz, uma boa mão cheia deles na tenda eletrónica (caso de Diego Miranda ou Dj Kura) ou noutros palcos em formato parceria com músicos brasileiros (este fim de semana actuou a Blaya, no próximo Agir, Carolina Deslandes e Capitão Fausto).

E a Ivete Sangalo? Claro que também cá esteve.

Conta Ivete, na sua conta de facebook, que quando o Rock in Rio foi fundado o seu pai não a deixou ir, o que torna ainda mais saboroso o facto de ela ser, há anos, a madrinha do festival. Foi possível falar com a cantora brasileira no exato momento em que recebeu uma mensagem com as boas notícias: A imprensa brasileira tinha considerado o concerto perfeito. Ivete, vestida com um fato completo de mais de 50 mil cristais, ficou visivelmente agradada, e confessou à Renascença, ainda em estado de euforia, o seu honesto amor por Portugal e pelos portugueses. O segundo fim de semana de Rock in Rio terá quatro dias, e começa já nesta quinta feira.

A Renascença no Rock in Rio a convite da organização.