Ranking das Escolas 2022

Inflação de notas. Escolas privadas lideram disparidade entre exames e médias internas

16 jun, 2023 - 00:00 • Diogo Camilo

Nos privados, as notas mais habituais são o 20 e o 19. Nas escolas públicas, o 16 e o 17. Um em cada quatro alunos de colégios teve 20 a Educação Física e quase metade teve 20 a Inglês. Diferença de média entre públicos e privados foi maior na média interna do que nos exames.

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As notas dos exames até aumentaram em relação ao ano passado, mas continuam afastadas das médias internas das escolas.

O fenómeno da inflação das notas é bem real, como demonstra o Ranking das Escolas 2022: nenhuma escola teve uma prestação melhor nos exames do ensino secundário que no trabalho ao longo do 11.º e 12.º ano. E 16 das 20 escolas onde a diferença entre as duas médias é maior aconteceu em colégios privados.

No ensino privado, as médias nos exames de secundário foram de 13 valores, enquanto as médias internas às mesmas disciplinas foram de 17,2 valores - uma separação de 4,2 valores.

No ensino público, a margem entre exames e nota interna foi cinco décimas inferior, de 3,7, com médias em exames de 11,3 e médias internas de 15 valores.

Assim, a diferença de média entre públicos e privados é maior na média interna (2,2 valores) do que nos exames (1,8 valores).

Olhando para as notas internas das escolas e comparando-as com as médias de exames no secundário, apenas uma escola teve uma descida inferior a um valor da média interna para as provas de ingresso: o Colégio Bartolomeu Dias, que teve uma média de 14,5 nos exames e 15,2 internamente.

Do lado oposto, 74 escolas registaram médias de exames cinco valores abaixo da sua média interna. A escola com a maior discrepância foi o Externato Álvares Cabral, de Lisboa, onde os alunos tiveram uma média de 7 valores no exame e de 17 valores ao longo do ano.

Das 20 escolas com maior diferença entre as duas notas, 16 são colégios privados. As quatro escolas de ensino público com maior inflação de notas registaram médias negativas aos exames.

Em maio, numa análise às notas das escolas secundárias, o ministro da Educação, João Costa, já tinha deixado o aviso de que a inflação de notas era um fenómeno com maior expressão no ensino privado.

Num universo de mais de 400 escolas públicas, aparecem quatro com este comportamento desviante. O universo das escolas privadas é quatro vezes menor, mas o número de escolas com um comportamento desviante é 10 vezes maior”, explicou na altura, dando o exemplo de uma escola que aplicava uma “escala de zero a 22 e não de zero a 20”.

Maior diferença de notas a Biologia, menor a Inglês

Por disciplinas, a mais desfasada entre as notas dos exames e as notas internas foi a de Biologia e Geologia: a diferença entre os resultados foi de 3,6 valores - 10,8 no exame e 14,4 na média interna.

Entre as oito disciplinas que contaram para o Ranking das Escolas da Renascença, seis delas tiveram uma diferença de média superior a dois valores.

Só num exame, o de Inglês, é que a média ficou a menos de um valor da média interna das escolas.

A Matemática, a média interna das escolas foi de 13,8. No exame, as escolas ficaram com uma média próxima dos 12 valores. No exame de Português, a média foi de 10,9, enquanto a média interna foi quase três valores acima, ficando-se pelos 13,8.


Um em cada quatro alunos de colégios teve 20 a Educação Física

Olhando mais a pormenor para as escolas, a nota interna mais frequente no ensino privado foi o 19, seguido do 20. Ao todo, entre mais de 18 mil notas dadas em colégios, quase seis mil foram ou 19 ou 20.

A disciplina em que a nota máxima foi mais usada foi Educação Física: mais de 1.500 alunos do privado entre 5.880 tiveram 20 - ou seja, um em cada quatro alunos. A segunda nota mais dada foi o 19.

A Inglês o cenário no privado foi ainda mais desfasado, onde quase metade dos alunos acabou a disciplina com 20 - foram 617 os alunos com nota máxima entre mais de 1.300.

No ensino público, ao contrário do privado, a nota mais dada internamente foi o 17, seguido do 16 e do 15. Foram registadas 13 mil notas internas abaixo de 10, enquanto no ensino particular tal só aconteceu 37 vezes.

Mas nas escolas públicas, esta abundância de 20’s não acontece. A disciplina com mais notas máximas foi a de Inglês, onde 7,6% dos alunos teve 20, seguida de Educação Física, em que a percentagem de alunos com 20 foi de 6,2%.

Na disciplina de Matemática a nota mais habitual foi o 10, enquanto a Português foi o 13. No privado, a nota mais dada a Matemática foi o 19, e a Português foi o 16.

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