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Operação Influencer

“Não faz sentido” a PGR ser ouvida no Parlamento, defende António Costa

03 mai, 2024 - 12:44 • Diogo Camilo

Ex-chefe de Governo defende que Lucília Gago não deve ser chamada para falar sobre casos concretos no Parlamento - “sobretudo se estiverem em curso”. E assume que será "muito difícil" assumir um cargo europeu enquanto houver um "processo pendente".

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Esquivando-se a comentar questões de justiça a propósito do manifesto divulgado por 50 personalidades sobre o estado do setor, António Costa não deixou de apontar que “não faz sentido” a procuradora-geral da República, Lucília Gago, ser ouvida sobre a Operação Influencer ou casos concretos no Parlamento - “sobretudo se estiverem em curso”.

Em declarações à CNN Portugal, o ex-chefe de Governo sublinhou que existe "um princípio muito claro", na Constituição da República Portuguesa, que impõe a "separação de poderes" (executivo, legislativo e judiciário), sugerindo que a chamada de Lucília Gago à Assembleia da República para falar sobre casos concretos violaria esse princípio.

Para "processos concretos, o local próprio são os tribunais, e não numa entidade política", defendeu, em declarações antes de uma participação no programa da manhã da TVI.

Costa indicou ainda que a ida de Lucília Gago ao Parlamento está prevista na altura da apresentação do relatório anual de atividades do Ministério Público.

A ideia de levar Lucília Gago ao Parlamento foi defendida na passada semana pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que defendeu ser essencial um pacto de regime para a clarificação de casos na justiça, mas com metodologia "para se chegar lá".

Legislativas aconteceram "no pior momento". Cargo europeu será "muito difícil"

O anterior primeiro-ministro falou ainda sobre as eleições legislativas de março, que ocorreram no "pior momento" para o PS e assumiu que será "muito difícil" assumir um cargo europeu enquanto houver um "processo pendente".

"As eleições ocorreram no pior momento possível para quem estava a governar", sustentou o ex-chefe do Governo em entrevista à apresentadora de televisão Cristina Ferreira, na TVI, lembrando que a inflação estava a começar a ceder, a confiança dos consumidores melhorar e as taxas de juro a dar sinais de abrandamento.

Segundo António Costa, "era difícil ter um pior contexto económico e social" para realizar eleições e, além disso, com um primeiro-ministro envolvido num processo judicial, tudo junto criou um efeito adverso para o partido no governo".

Costa, que anunciou que passará a escrever uma crónica aos sábados no jornal Correio da Manhã e irá comentar na nova televisão do grupo de media daquele jornal, admitiu ser difícil assumir um cargo europeu a breve prazo.

Questionado sobre o exercício de um cargo europeu, o anterior primeiro-ministro respondeu que "depende das circunstâncias", mas "com um processo pendente é muito difícil haver essa solução".

Quanto à sua nova vida, Costa disse que "há pequenos luxos que se ganham", como "ter o telemóvel desligado à noite" ou "não pôr o despertador" para acordar de manha. .

Relativamente ao momento da sua demissão do cargo de primeiro-ministro, a 07 de novembro, na sequência da operação Influecer, Costa descreveu-a como uma "sensação de ser atropelado por um comboio e ter ficado vivo", mas mostrou-se convicto de que, no final, ficará provada a sua inocência.

"Eu conheço o último episódio desta série, não sei é quantos episódios esta série vai ter ou quantas temporadas", ironizou, dizendo depois sentir que a confiança das pessoas em si "não se quebrou".

Com Lusa

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