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Excedente em janeiro passou a défice em março. O que aconteceu?

02 mai, 2024 - 08:32 • Sérgio Costa

No início do ano foi anunciado um excedente de mais de mil milhões de euros, que no mês de março passa para cerca de 260 milhões de défice. Governo de Montenegro culpa o Executivo de Costa e economistas aconselham uma “gestão cuidadosa” das contas públicas.

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Excedente em janeiro passou a défice em março. O que aconteceu?

Esta terça-feira foi anunciado que o excedente de quase 1.177 milhões registado em janeiro passou para um défice de cerca de 260 milhões três meses depois. Foram dados avançados pelo Ministério das Finanças, que revelam também que o saldo orçamental reduziu-se em 5,3 mil milhões de euros, entre janeiro e março.

Como é que na terça-feira adormecemos com o famoso excedente orçamental e na quarta acordámos com défice?

Para já, há apenas uma explicação do atual governo que fala em “forte degradação do saldo orçamental”.

A culpa, diz o Governo, é de quem governou antes. O Ministério das Finanças diz que a degradação se deve “em grande medida” com “decisões e compromissos assumidos já este ano pelo anterior Governo” de António Costa “e, em muitos casos, após as eleições de 10 de março”.

O que aconteceu para ficarmos todos com a conta negativa?

Há desde logo um dado: a receita fiscal recuou 0,9% face ao mesmo período do ano passado, segundo a síntese da execução orçamental divulgada esta terça-feira.

Os economistas acreditam que este cenário pode estar associado a uma atividade menor da economia. Em causa está também o aumento da despesa com a subida dos salários na Função Pública e também com o aumento das pensões. Este défice resultará, em parte, da melhoria de rendimento de quem recebe do Estado.

E agora? Desde sempre ouvimos que o excedente orçamental daria para baixar impostos, atender as reivindicações dos professores, polícias e médicos. Isso fica tudo em causa?

Ainda não sabemos, mas já ouvimos economistas alertarem que perante o atual estado das contas públicas, o ritmo da resposta terá que ser eventualmente mais lento.

Aconselha-se prudência ao Governo e uma “gestão cuidadosa” das contas públicas. Até por outra razão: tal como a Renascença avançou esta semana, há medidas do anterior governo que ainda não foram pagas, como por exemplo os apoios aos transportes públicos para os combustíveis. Uma conjugação de fatores que pode abrandar o ritmos do cumprimento das promessas.

Esta quinta-feira, Fernando Medina, o anterior ministro das Finanças, deverá prestar esclarecimentos sobre a matéria.

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