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Copenhaga tem menos estátuas de mulheres do que de animais. Mas o governo quer mudar isso

07 mar, 2024 - 15:02 • Redação

Em Portugal, a discrepância entre a representação de mulheres e homens em estátuas e esculturas também é muito elevada.

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O ministro da cultura da Dinamarca quer inaugurar mais estátuas de mulheres, já que a capital do país tem "mais estátuas de animais míticos e cavalos" do que de pessoas do sexo feminino. Do total de 321 estátuas no país, apenas 31 são de mulheres, o que, percentualmente, é apenas 0,1% do total.

Jakob Engel-Schmidt, ministro da Cultura, pretende gastar até 50 milhões de coroas dinamarquesas (cerca de 6,7 milhões de euros) na correção do desequilíbrio, e criar um comité para propor inauguração de estátuas que façam homenagem a mulheres. “É esta a imagem espelhada em que a próxima geração crescerá?", questionou. "Especialmente quando se considera que umas quantas conquistas cruciais da sociedade aconteceram graças às mulheres. Todos nós precisamos de modelos e que nos ajudem a compreender o nosso passado comum.”

"Gostaria de usar a minha voz para prestar homenagem e reconhecer as muitas mulheres da história dinamarquesa. É por isso que quero criar um comité, para mapear que mulheres devemos homenagear com estátuas”, argumentou o ministro dinamarquês.

Engel-Smith caminhava pelas ruas de Copenhaga com a filha de 3 anos quando se apercebeu da quantidade reduzidas de estátuas femininas. Via estátuas de homens, cavalos, e criaturas míticas, o que o levou a pensar que as futuras gerações pudessem pensar que o país foi apenas criado por homens.

“Como ministro da Cultura, percebi que tínhamos problemas de representação na Dinamarca, tanto nos negócios como nas artes, e esse tem sido um dos meus principais focos no último ano", disse.

Algumas das mulheres sugeridas pelo ministro para serem celebradas (em forma de estátua) foram a pasteleira Karen Volf, a primeira médica da Dinamarca, Nielsine Nielsen, e Bodil Begtrup, a primeira mulher embaixadora do país e membro do comité que negociou a declaração de direitos humanos da ONU, em 1948.

Aberto a ideias, escreveu nas redes sociais: “Será que a próxima geração crescerá em cidades com mais estátuas de animais e cavalos míticos do que de mulheres? Não! Portanto, quero pedir a uma equipa de especialistas que indique exatamente que mulheres merecem ser representadas na paisagem. Mas, por favor, ajudem-me com sugestões. Quem nos falta e onde?”

Não é surpresa que esta problemática vá para lá da Dinamarca. Fazendo uma análise às listas completas de estátuas e bustos nas cidades do Porto e de Lisboa, verifica-se, também, uma grande discrepância na representação de mulheres e homens.

Com base nos dados presentes na página da Wikipedia da lista de esculturas e estátuas do Porto, de um total de 89 bustos presentes na cidade, apenas 13 representam mulheres - sendo que, destes, só dois celebram figuras públicas e históricas, neste caso, um de Carolina de Michaelis e outro de Rosália de Castro.

No caso de Lisboa, das 63 estátuas listadas, apenas 7 têm mulheres representadas, e só uma se refere a uma figura pública - a de Sophia de Mello Breyner.

Em ambas as cidades, a maior parte das poucas estátuas com figuras femininas representam o conceito de feminilidade, ou de maternidade. Bustos de "nu feminino" são os mais prevalecentes, acompanhados de alguns que referem a natureza - exemplo: "Flora" - ou um conceito abstrato, como é o caso da "Justiça", no Porto. Para além disso, quase metade destas estátuas são acompanhadas com uma figura masculina, como é o caso da estátua "Amor de Perdição", no Porto, ou "Às mães", em Lisboa, em que a figura feminina está acompanhada de crianças.

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