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Associação Automóvel de Portugal

Proibir a reparação de veículos antigos? "Nem todos os países são a Alemanha"

16 jan, 2024 - 10:00 • André Rodrigues , Olímpia Mairos

Associação Automóvel de Portugal reconhece a necessidade de avançar com a descarbonização, mas tem dúvidas quanto aos meios para atingir os fins e acusa Bruxelas de falta de razoabilidade. Em contrapartida, defende “uma redução da carga fiscal e também um apoio à renovação do parque automóvel”.

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Notícia retificada*

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) acusa Bruxelas de falta de razoabilidade na ideia de proibir a reparação de veículos antigos.

A AAP reconhece a necessidade de avançar com a descarbonização e que o setor dos transportes é um dos maiores responsáveis pelas emissões de CO2, mas tem dúvidas quanto aos meios para atingir os fins.

Em declarações à Renascença, o secretário-geral da ACAP, Hélder Barata Pedro defende, que “é necessário caminhar para um cenário de redução de emissões e o setor dos transportes, genericamente, tem sido visado como um dos setores que emite mais CO2”, mas “não pode haver aqui um extremismo, trazendo legislação que, depois, na prática, não é aplicável”.

“Nem todos os países são a Alemanha”

“Tem que haver razoabilidade e nem todos os países são a Alemanha. Falando agora de Portugal, mas temos a Bulgária, temos estados que entraram mais tarde - a Roménia, e há realidades muito diferentes nos 27 países e, às vezes, a Comissão Europeia, depois também o Parlamento e o Conselho, não tem em consideração essas realidades”, assinala Barata Pedro.

Nestas declarações à Renascença, o secretário-geral da ACAP defende, no caso português, uma redução da carga fiscal na hora de comprar carro novo.



“Nós continuamos a pagar um imposto de matrícula - o ISV, sobre o qual incide o IVA 23%. Isto é perfeitamente irrazoável”, diz.

Por isso, o dirigente associativo defende “uma redução da carga fiscal, harmonizando na União Europeia e também um apoio à renovação do parque automóvel”.

“Os parques estão envelhecidos, as pessoas não têm capacidade para renovar o seu veículo e nós propomos um incentivo ao abate de veículos em fim de vida, quer para a compra de veículos novos quer para a compra de veículos já matriculados, mas com um limite de idade”, explica.

A proposta da Comissão Europeia, ainda sem aprovação pelo Parlamento Europeu, tem como objetivo renovar o parque automóvel, fazendo com que os europeus adquiram veículos mais novos e amigos do ambiente.

A proposta assenta no conceito de veículo residual, que é uma espécie de categoria para viaturas com mais de 15 anos e cujas avarias afetem o motor, a caixa de velocidades, os travões, a direção, chassis ou a carroçaria.

Se este regulamento for aprovado, a reparação ou substituição de qualquer um destes componentes poderá passar a ser proibida em veículos em fim de vida, caso os proprietários pretendam vendê-los.

Mas, é importante sublinhar, nesta altura, não passa apenas de uma proposta para acelerar os objetivos de descarbonização na União Europeia.

*Notícia retificada às 17h47 de 18 de janeiro para clarificar que estão em causa apenas veículos em fim de vida que se destinem a ser vendidos. As declarações do secretário-geral da ACAP, Hélder Barata Pedro, foram feitas no pressuposto de que as reparações poderiam vir a ser proibidas para qualquer automóvel com mais de 15 anos.

Depois da polémica que o assunto levantou em vários Estados-membros, a União Europeia clarificou a medida durante uma conferência de imprensa. Na proposta “não há nada que possa impedir os proprietários de qualquer tipo de automóvel, em qualquer estado em que se encontre, de tentarem repará-lo ou mandar repará-lo”, esclareceu o porta-voz da Comissão de Transportes da UE, Adalbert Jahnz. “Só no caso de venda de um automóvel é que, neste regulamento, existem regras que permitirão às autoridades estabelecer se se trata de um automóvel que pode ser vendido ou de um veículo em fim da vida.”

Comentários
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  • João
    18 jan, 2024 sines 00:39
    Proibir reparação de carros com mais de 15 anos é praticamente o mesmo que dizer que quem nem tem dinheiro para comprar comida tem de morrer a fome. Esta é mais uma de muitas das coisas que revoltam qualquer pessoa minimamente decente. O meu pai tem uma carrinha do ano de 2000 e está 1000 vezes melhor que 90% das sucatas que nos tentam impingir de todas as formas. Se uma pessoa vive em meios rurais e a única forma de ir ao supermercado ou ir a uma consulta é em um carro que comprou faz uns 20 anos com sacrifícios gigantescos ( sim porque nem toda a gente nasceu em berço de ouro ) e que esta melhor que 90% da sucata que lhe chamam de económicos e não poluentes mas que de 8 em 8 dias estão na oficina ( claro para quem tem bons ordenados para sustentar isso porque são fortunas cada reparação dessas sucatas que lhe chamam de carros que metem nojo e andam nessas estradas ) e não uma pessoa que nem ganha para comer que vai conseguir comprar um carro novo porque nem mesmo um usado o consegue comprar por não ter dinheiro nenhum. Qualquer carro anterior ao ano 2000 desde que esteja bem estimado é mil vezes melhor que qualquer um que fazem agora. Ou seja uma pessoa levou 8 anos a pagar um carro e nunca mais conseguiu voltar a comprar mais nenhum e agora ficando sem poder trabalhar vai acabar por ser condenado a passar o resto da vida fechado em casa. Sim porque se nem para comprar comida vai ter então muito menos para comprar um carro para se deslocar a lugar nenhum. Mais outro exemplo, uma pessoa mesmo com uma reforma e que leve 3 anos para pagar um carro de 1500€ e já nem é para qualquer um porque tinha de ter uma reforma maior que o ordenado mínimo para conseguir fazer isso. Resumindo o pais, o mundo e até o próprio planeta esta mergulhado em uma podridão total porque já não existe nada nem ninguém que se aproveite. É só gatunos,corruptos,vigaristas e gente sem um pingo de escrúpulos.
  • Carlos Filipe
    17 jan, 2024 Lisboa 20:42
    Era o que faltava!! essa preposta não tem pés nem cabeça. Eu tenho dois carros com mais de 15 anos, dou os dois por um novo.. era a coisa mais estúpida que podiam fazer as pessoas mais necessitadas. Tenham juízo!!!
  • José Manuel g. Ramos
    17 jan, 2024 Fafe 19:57
    Proibir a reparação de veículos com mais de 15 anos se estes ficarem em melhores condições de emissões poluentes que carros com poucos anos de existência é uma incongruência de quem pretende interferir no gosto e mesmo liberdade de escolha de qualquer pessoa. Já agora podiam proibir a reparação dos aviões com mais de 15 anos e abater todo o gado bovino.
  • Luis vitor
    17 jan, 2024 Viseu 13:59
    É por essas e por outras que a Comunidade tem os dias contados..........
  • António Gomes
    16 jan, 2024 Guimarães 16:31
    Sair da UE (já ontem era tarde)

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