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Mundial 2022

"Nem pensar" tirar Gonçalo Ramos do onze frente a Marrocos

06 dez, 2022 - 23:05

Os comentadores da Renascença Jorge Silas, José Nuno Azevedo, João Ferreira, Tiago Margarido e Rui Miguel Tovar analisam a goleada de Portugal frente à Suíça, nos oitavos de final do Mundial 2022. Gratidão, mas banco, a Cristiano Ronaldo e cuidado com Marrocos, nos quartos de final.

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A exibição de Gonçalo Ramos na goleada (6-1) à Suíça, nos oitavos de final do Mundial 2022, condena Cristiano Ronaldo ao banco no jogo com Marrocos, nos "quartos", considera a maioria dos comentadores que participaram na tertúlia pré e pós-jogo desta terça-feira.

Para Tiago Margarido, atual treinador do Varzim, "nem pensar" tirar agora o avançado do Benfica, que fez um "hat-trick" e uma assistência, do onze da seleção nacional.

"Neste momento, nem pensar. Este jogo começou a ser ganho muito antes de ser iniciado, a partir das escolhas do selecionador. As alterações no onze foram muito felizes, tirar o Cristiano foi um ato de coragem e dar a titularidade ao Gonçalo foi uma cartada ganha", considera o técnico.

Opinião partilhada pelos treinadores José Nuno Azevedo e João Ferreira, comentadores da Renascença, e pelo comentador Rui Miguel Tovar, residente da Tertúlia.

João Ferreira diz que "o banco será o ponto de partida do Cristiano no próximo jogo".

"Depois desta exibição, o Gonçalo Ramos estará muito perto de estar garantido a titularidade. Cristiano é Cristiano e, entrando fresco, mais facilmente até poderá ser importante para o desenrolar do jogo. Ele tem uma força mental muito grande, uma vontade muito grande de que as coisas lhe resultem e, já no próximo jogo, poderá ter um momento de importância, numa ação direta para golo", argumenta.

Tovar considera que Gonçalo Ramos "trouxe uma alegria enorme" ao jogo de Portugal:

"Nem imagino a euforia dele. O Gonçalo Ramos esteve para ser emprestado pelo Benfica, ficou, e é o melhor marcador do Benfica e de todos os convocados portugueses para o Mundial esta época. E agora, faz um 'hat-trick' na estreia a titular. Para um jogador jovem, estes momentos fazem-nos sonhar a todos nós, portugueses, e sobretudo a ele."

Jorge Silas, antigo treinador de Belenenses SAD, Sporting, Famalicão e AEL Limassol, além de ter sido internacional português enquanto jogador, admite que não esperava que Gonçalo Ramos desse tão boa resposta no lugar do capitão. Porém, critica quem atribui a goleada à Suíça à ausência de Cristiano Ronaldo:

"Não devemos ser ingratos. Não é verdade que tenhamos ganho porque o Cristiano não jogou. Se há homem que tem feito golos por Portugal é o Cristiano, a quem devemos gratidão e respeito. Custa muito ouvir insinuações de que o Cristiano não joga e agora vamos ser campeões mundiais. Não é assim. Vamos precisar do Cristiano, que continua a ser dos melhores avançados do mundo. Estamos a falar de um dos melhores marcadores de sempre do futebol. Ninguém me garante que o Gonçalo Ramos, agora, marque três golos em todos jogos."

"Se o Cristiano jogasse e marcássemos o primeiro golo, o jogo seria muito similar e o Cristiano faria também três golos ou até mais. Não quero tirar mérito ao Gonçalo, mas parece que algumas pessoas querem que o Cristiano venha já para casa", critica.

Silas alerta que Portugal ainda não apanhou nenhuma seleção que metesse à prova a organização defensiva da equipa: "Quando apanharmos, veremos como a seleção também reage sem o Cristiano."

Por outro lado, Tiago Margarido argumenta que Gonçalo Ramos foi importante na forma como Portugal continuou a pressionar, mesmo depois do 2-0, algo que não tinha feito nos jogos da fase de grupos.

"Nos outros jogos, quando se via em vantagem, Portugal baixava as linhas. Hoje não, quis mais e mais. Também tem a ver com a capacidade pressionante do Gonçalo. Portugal continuou a pressionar, o que não aconteceu nos outros jogos, fruto de ter o Cristiano na frente", sustenta.

Quanto à exibição coletiva, José Nuno Azevedo considera que Portugal "tornou o jogo fácil" com o 1-0, especialmente ao manter sempre os níveis de competitividade e concentração.

"A partir do 1-0, Portugal foi dono e senhor do jogo e tornou-o fácil. Mesmo com o 4-1 nunca deu hipótese à Suíça. Vitória inquestionável de uma equipa muito concentrada e muito presente em todos os momentos do jogo", salienta.

Silas concorda que o golo aos 17 minutos "foi importante", pois a Suíça esperava atrasar a ativação do marcador e, com isso, enervar os jogadores portugueses.

"Com o 2-0, a Suíça começa a dar muitos espaços. Muitos espaços para explorar e muita qualidade técnica e tática nossa. Com tantos jogadores de elevada qualidade técnica, com espaço para poder explorar, somos mortíferos", explica.

Já João Ferreira acredita que Portugal "só se tranquiliza depois do 2-0" e que o 3-0 "é o toque final para que se assuma no jogo de forma clara".

Além de Gonçalo Ramos, os comentadores da Renascença destacam as exibições dos jogadores do meio-campo, além de Bruno Fernandes e Diogo Dalot.

"Dalot venceu os duelos defensivos todos, nunca foi ultrapassado e foi sempre um dos pontos de saída longa para Portugal. Exibição muito conseguida", enaltece José Nuno Azevedo sobre o lateral-direito, que tirou o lugar a João Cancelo em agiram não deverá perdê-la.

João Ferreira diz que Portugal soube sempre anular as saídas da Suíça e ir descobrindo caminhos, com William e Otávio em destaque:

"O William como placa giratória no meio-campo, e o Otávio, com outra liberdade ofensiva e mais chegada e condução, libertou Bernardo e Bruno Fernandes de algum farol do adversário. O Otávio pega na batuta e deixa espaço livre para Bernardo e Bruno", elabora.

José Nuno Azevedo também destaca a liberdade que está a ser dada a João Félix e que o "potencia muito".

"João Félix tem feito um Mundial de muita qualidade, está a ser um jogador importante na manobra ofensiva da seleção portuguesa. Já fez golos e assistências, está presente no jogo de Portugal. está a ser potenciado com esta dinâmica ofensiva de Portugal", sustenta.

O próximo adversário da seleção nacional é Marrocos, que surpreendeu ao terminar um grupo com Bélgica e Croácia no primeiro lugar e, agora, ao eliminar a Espanha nos oitavos de final.

Rui Miguel Tovar considera que "todos os cuidados são poucos" frente aos africanos, que no Mundial 2018 "mereceram ganhar" a Portugal e que são "uma seleção muito complicada, com jogadores muito técnicos e que também sabem jogar sem bola".

"Portugal tem de esquecer o que aconteceu neste jogo, colocar os pés no chão e preparar o próximo jogo com o máximo de respeito, responsabilidade e afinco. Sim, é favorito, mas esta seleção de Marrocos ainda não perdeu um único jogo", acrescenta Tiago Margarido.

Portugal defronta Marrocos, nos quartos de final do Mundial, no sábado, às 15h00, no Estádio Al Thumama. Jogo com relato na Renascença, em direto do Qatar, e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.

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