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​Anthony Edwards. A ascensão do lobo esfomeado que alguns comparam a Jordan

23 mai, 2024 - 13:00 • Redação

Os Timberwolves perderam esta madrugada no primeiro jogo da final da Conferência Oeste, mas na boca de todo o mundo anda Anthony Edwards. “Dentro de campo cria impacto porque gosta de dar espetáculo. É alguém extrovertido e espalhafatoso”

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Anthony Edwards, com apenas 22 anos, é a estrela dos Minnesota Timberwolves, que chegaram à final da Conferência Oeste da NBA. O jovem atleta é muitas vezes comparado à lenda da modalidade Michael Jordan. A equipa de Mineápolis não chegava tão longe há 20 anos, altura em que era liderada por Kevin Garnett.

Os Timberwolves escolheram o base/extremo na primeira escolha no draft de 2020. No seu quarto ano na liga, Edwards tem estado debaixo dos holofotes. Em conversa com Bola Branca, Ricardo Brito Reis, especialista de NBA e comentador da SportTV, a evolução do atleta foi alimentada pela maturidade, mas também por Mike Conley, o base da equipa dos Minnesota.

“Edwards tem ainda muito pouca experiência na NBA e de repente está a jogar com gente que tem mais de 10 anos de liga”, contextualiza Brito Reis. “Começou a perceber o desperdício que é perder uma posse de bola, cometia um erro que os veteranos já não cometem.”

Todos precisamos de um irmão mais velho para mostrar o caminho certo. Para Anthony Edwards, Mike Conley foi esse irmão. Ricardo Brito Reis começa por dizer que o base da equipa foi importantíssimo por ser um líder. “O Edwards vê nele alguém a quem pode pedir conselhos. Sabe que as críticas de Conley serão sempre no sentido de o ajudar a evoluir”, afirma.

Mike Conley já chegou, inclusive, a dizer publicamente que atualmente Edwards já consegue perceber os erros que comete por ele mesmo, conta ainda o comentador.

Nascido a 5 de agosto de 2001, o jovem atleta já é associado a grandes nomes da modalidade, como Michael Jordan. Muito se deve às semelhanças entre ambos. “As parecenças vêm muito do perfil físico e do jogo”, analisa Ricardo Brito Reis. “São dois extremos muito atléticos e jogadores de elite nos dois lados do campo.”

Em termos ofensivos, as parecenças ligam-se no facto de serem dois jogadores muito explosivos. No entanto, Edwards consegue acrescentar o lançamento de três pontos, que não era propriamente um ponto forte de Jordan, uma valência que é muito dos nossos dias.

No que toca à personalidade, este especialista em basquetebol defende que as pessoas exageram, por vezes, nas comparações. É que Jordan era mais maduro, diz, até porque “as distrações eram menores. Hoje existem as redes sociais”. A única convergência entre ambos, de acordo com o comentador, está na vontade de ganhar. “O Edwards quer matar toda a gente e provar que é melhor para liderar a sua equipa a uma vitória.”

Na temporada atual, Edwards registou uma média de 25,9 pontos por jogo (mais 5,4 ressaltos e 5,1 assistências) e foi o sétimo na votação para melhor jogador da liga (MVP). Muita discussão tem gerado o facto de Anthony Edwards poder transformar-se no norte-americano com maior potencial para ser MVP. O último jogador nascido nos Estados Unidos a vencer este prémio foi James Harden, em 2018.

Ricardo Brito Reis não se encanta muito com essa previsão. O comentador da Sport TV começa por dizer que este prémio cada vez mais valoriza as métricas avançadas.

“Dificilmente vejo extremos nesta luta. São obrigados a lançar muito de fora. Por vezes não têm essa capacidade e não conseguem fazer assistências. Só o LeBron é que fazia isso tudo, mas também porque jogava quase como um base”, aponta.

Antes de Edwards, Jayson Tatum, extremo dos Boston Celtics, era o grande favorito a ser o próximo MVP norte-americano. No entanto, o camisola 5 dos ‘wolves’ tem chegado à frente, muito devido ao seu carisma.

“Dentro de campo cria impacto porque gosta de dar espetáculo. Fora das quadras é alguém extrovertido e espalhafatoso”, segundo Ricardo Brito Reis. “Dá entrevistas engraçadas num mundo onde os jogadores são controlados pelos departamentos de comunicação. As pessoas veem genuinidade e identificam-se.”

Depois de ‘varrerem’ os Phoenix Suns na primeira ronda dos play-offs, os Minnesota Timberwolves venceram os campeões em título Denver Nuggets, numa série que precisou de sete jogos. No final do jogo da decisão, Edwards começou a despedir-se dos adeptos de Denver enquanto ainda faltavam alguns segundos para jogar, num gesto provocatório.

É neste tipo de aspetos que Ricardo diz notar-se que é ainda “uma criança de apenas 22 anos”. O especialista defende que o jogador ainda não tem noção do impacto das coisas que está a conseguir. “Ele provavelmente não tem noção de quanto custa chegar às finais de conferência e que não vai ser fácil chegar à final da NBA”, atira Ricardo Brito Reis.

No que toca ao jogo jogado, o aspeto claro a melhorar é a sua qualidade de passe, entende o comentador, que nota ainda que o jovem que passou pela Universidade da Geórgia tem forçado cada vez menos, mas que continua a ter de evoluir nesse aspecto do jogo.

O atleta de 1,93 metros anotou uma média de 2,9 assistências por jogo no seu primeiro ano na NBA. Esta temporada subiu a sua média para 5,1 assistências. Um crescimento que Brito Reis considera importante, apesar de ainda existir margem para mais e melhor.

“Precisa de ser um melhor passador e facilitador. Tem o cesto como foco principal. Quando é parado é que vê as outras opções. Tem de se habituar a iniciar uma posse já a pensar em passar a bola”, analisa.

Ainda dentro de aspetos a melhorar, Ricardo Brito Reis diz que o extremo precisa de lançar de três pontos de forma mais consistente, mas defende que é algo que vai “surgir naturalmente com o trabalho”.

Os Minnesota Timberwolves já começaram a defrontar os Dallas Mavericks nas finais da Conferência Oeste. O duelo começou na madrugada desta quinta-feira e o primeiro jogo sorriu aos Mavericks (108-105). Edwards, que acabou de ser escolhido para as equipas All-NBA, fez 19 pontos e oito assistências.

O desfecho desta final é imprevisível, admite Brito Reis.

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