Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Entrevista Renascença

É por Vizela que Buntic vai para chegar à seleção da Croácia

28 mar, 2023 - 12:00 • Sílvio Vieira

O guarda-redes, de 26 anos, está nas nuvens em Vizela e aposta numa época de recordes, sem descartar a possibilidade de chegar à Europa. Em entrevista à Renascença, Buntic garante estar pronto para jogar num nível mais alto e a chegada à seleção da Croácia "é uma questão de tempo".

A+ / A-

Totalista no Vizela, um dos cinco totalistas da I Liga, Fabijan Buntic tem a expectativa de ser chamado à seleção da Croácia, 3.ª classificada do último Campeonato do Mundo.

O guarda-redes, de 26 anos, já sabe que está a ser observado, mas aguarda pacientemente pelo momento. "O diretor técnico da federação ligou ao meu agente e disse-lhe que estão atentos, a observar-me, a avaliar-me. Penso que se continuar o meu caminho, trabalhar e jogar bem, será uma questão de tempo até a chamada chegar", diz, em entrevista à Renascença.

Nesta conversa com Bola Branca, Buntic afirma que sente ter já condições para jogar num clube ao mais alto nível. Sem preferência por um dos quatro maiores de Portugal, admite que estrear-se na Bundesliga é algo com que sempre sonhou e é um desejo que ainda alimenta.

Para alcançar as metas que definiu para a sua carreira aposta tudo em continuar a mostrar-se no Vizela, clube que escolheu "com o coração", pelo qual teve um "feeling" imediato e onde se sente realizado. A relação dura desde o início da época e o contrato tem validade até 2025.

Depois de seis anos no Ingolstadt, sentiu que era hora de sair, "de arriscar", e apostar numa ida para Vizela, onde chegou com a esperança de ajudar a equipa a fazer melhor do que na temporada anterior. "Estamos perto desse pequeno objetivo", contabiliza Buntic, depois de olhar para a tabela.

Os minhotos estão no 10.º lugar, com 32 pontos. Na temporada passada, a melhor da história do Vizela, o clube terminou o ano com 33 pontos, no 14.º posto. "Vamos tentar ganhar todos os jogos [os nove que faltam]. Se o conseguirmos, podemos ainda alcançar muito. Isto apesar de já termos conquistado muito, em comparação com o ano passado", avalia, sem descartar a possibilidade de o Vizela alcançar um lugar europeu, pela primeira vez desde a sua fundação.

Da época, Buntic reconheceu, ainda, o choque provocado pela saída de Álvaro Pacheco, um treinador que tinha "uma grande ligação com o clube, a cidade e os adeptos". "Na Alemanha tive várias mudanças de treinador, estava habituado. Mas, desta vez, foi mesmo diferente", reconhece. O momento exigiu que a equipa distinguisse emoção de razão. Tudo foi ultrapassado e hoje, com Tulipa, a equipa está "confiante, tranquila e isso vê-se em campo".

Antes do próximo desafio, com o Paços de Ferreira, e durante a pausa para os jogos das seleções, Buntic prepara-se para atacar a reta final do campeonato. O guarda-redes, de 26 anos, 1,94m, formou-se no Estugarda, mas foi no Ingolstadt que se estreou como sénior. Primeiro na equipa B, mais tarde titular da equipa principal. Esteve com o Ingolstadt na Bundesliga, mas não chegou a ser utilizado. Jogou na terceira e na segunda ligas da Alemanha e é internacional sub-19 pela Croácia.

Este temporada, tem 27 jogos, 25 no campeonato e é um dos cinco totalista da I Liga, a par de Diogo Costa, Vlachodimos, Luiz Júnior e Johnatan Luiz.

Renascença: Como é guarda-redes, Fabijan, vou começar esta entrevista ao ataque, como um ponta de lança. Tem a esperança de estar indisponível para uma entrevista na próxima paragem para as seleções, por estar a jogar pela seleção da Croácia?

Fabjian Buntic: Refere-se ao próximo no verão? Seria bom, mas não espero nada. Espero ganhar o próximo jogo. A única coisa em que penso é terminar bem a época, depois vemos o que acontece.

Recebeu algum contacto do selecionador croata, ou da equipa técnica?

Comigo diretamente não houve contacto, mas o Stipe Pletikosa [antigo guarda-redes], diretor técnico da federação, ligou ao meu agente e disse-lhe que estão atentos, a observar-me, a avaliar-me. Penso que se continuar o meu caminho, trabalhar e jogar bem, será uma questão de tempo até a chamada chegar.

Quando chegar o momento quero estar pronto e desfrutar.

Mas sente que poderia ser uma opção neste momento? Estava à espera de uma chamada para estes primeiros jogos, após o Mundial?

Seria difícil, por causa da forma como correu o Campeonato do Mundo. A Croácia esteve muito bem no Qatar. [O terceiro lugar] Foi um grande feito, por isso estou muito orgulhoso de toda equipa.

Nessa perspetiva, não estava à espera de uma chamada agora, porque a equipa está muito forte e eles têm um laço muito forte. Por isso, estou tranquilo, estou a olhar por mim, a tentar jogar bem e ajudar o Vizela a vencer.

O Fabijan nasceu em Estugarda e viveu sempre na Alemanha. Porque é que escolheu representar a Croácia?

Eu tinha a opção de jogar pela Alemanha, porque nasci lá, e pela Croácia porque a minha família é croata. O meu coração esteve sempre um pouco na Croácia, por causa da minha família. Fui criado alemão-croata.

Por outro lado, também sou pouco alemão porque nasci alemão. Estive 25 anos na Alemanha. Portanto, não foi uma decisão fácil.

Jogou pelas camadas jovens da Croácia, mas chegou a existir a possibilidade de jogar pela Alemanha, recebeu algum convite?

Sim, na altura em que escolhi a Croácia. Foi uma coincidência. Logo depois de aceitar a jogar pela Croácia, recebi chamada para jogar pela Alemanha.

Mas eu já estava comprometido. Naquele momento mantive a minha palavra e decidi jogar pela equipa croata. Joguei 11 ou 12 jogos [pelas seleções sub-18 e sub-19 da Croácia]. Foi uma experiência muito agradável, gostei muito.

Estamos a falar de uma possível chamada à seleção que conquistou a medalha de bronze no Campeonato do Mundo, fazer parte de uma equipa assim é algo grande. Claro que o Fabijan é o principal responsável por ter essa possibilidade no horizonte, mas o Vizela e vir jogar para Portugal também contribuíram para este momento?

Sim, sem dúvida. Claro que o primeiro responsável sou eu, se jogo bem ou não, se sou consistente. Em segundo lugar, ter sucesso no Vizela é muito importante. Seria diferente, se fosse ao contrário.

Depois é como diz, estamos a falar da medalha de bronze no Mundial. Portanto, há grandes jogadores, jogadores da Liga dos Campeões. É preciso alcançar um certo patamar para estar lá. Como acontece com a Alemanha, com todas as grandes seleções.

Por isso, primeiro tenho de fazer a minha parte e depois, se a equipa for bem-sucedida, penso que todos podem ganhar e eu também a nível individual. É uma relação de ganho/ganho.

O Fabijan vem do Ingolstadt, onde teve papel importante na promoção do clube à II Liga e também viveu o momento da despromoção na temporada passada. O nível desses dois escalões - segunda e terceira liga - na Alemanha são comparáveis com o nível da I Liga portuguesa?

Antes de mais, há uma grande diferença entre a terceira e segunda divisões na Alemanha, uma grande diferença. Portanto, em primeiro lugar, a I liga em Portugal é muito melhor do que a terceira liga na Alemanha, isso é certo.

Em segundo lugar, penso que se colocássemos algumas equipas, como o Vizela, na II Liga alemã, não digo que conseguíssemos a promoção facilmente, mas competiríamos facilmente com aquelas equipas.

Já as quatro melhores equipas portuguesas jogam facilmente na Bundesliga e poderiam lutar pelo título. Nós aqui conseguimos disputar os jogos com os grandes, portanto, também acho que o Vizela poderia lutar pela permanência na Bundesliga. Seria difícil, mas possível.

Penso que a qualidade média na Bundesliga é bem mais alta do que aqui, mas há vários clubes em Portugal, não se resume a um. A média da I Liga é no mínimo igual à do topo da segunda divisão alemã, ou superior a isso.

Se desportivamente ainda pode haver comparação, financeiramente as coisas são muito diferentes.

Sim, isso é verdade. E não é só a questão financeira. Vê-se também nos estádios. Na Bundesliga todos os estádios estão sempre cheios. Na segunda liga há no mínimo 10 mil adeptos, por jogo, e há jogos que chegam a ter 50 mil pessoas.

Mesmo na terceira liga há alguns clubes históricos que conseguem ter entre 15 a 20 mil adeptos. Esta é a grande diferença entre Portugal e Alemanha: o número de pessoas que vão aos estádios.

Depois de três épocas no Ingolstadt poderia ter optado por continuar na Alemanha. Porque é que tomou a decisão de assinar pelo Vizela?

Eu tomei esta decisão, porque eu tive um ano muito difícil no Ingolstadt. Nós fomos despromovidos e, pessoalmente, a segunda parte da época foi complicada.

Portanto, o primeiro passo certo que tinha para dar era sair do Ingolstadt e o segundo seria sair da Alemanha, e tentar algo novo, fora do país, arriscar um pouco, ter uma aventura.

Nessa altura, o meu agente ligou e contou-me sobre o interesse do Vizela. Não sei dizer o porquê, mas senti que queriam muito que eu viesse, sensibilizou-me de tal forma que não quis ouvir mais ofertas.

Disse logo ao meu empresário quer queria ir para aquele clube. Tudo parecia alinhado. Tive um “feeeling” perfeito e a proposta chegou no momento certo.

Sabia que seria a decisão certa e não estou nada arrependido. Esteve não foi apenas um passo que dei como futebolista, mas também foi importante a nível pessoal e de experiência de vida. Mas a principal razão por que vim para Vizela foi sentir que desejavam muito que eu viesse para cá.

Tem planos para voltar à Alemanha para jogar na Bundesliga? Ainda tem esse objetivo na sua carreira?

Em primeiro lugar, quando se cresce na Alemanha é claro que o nosso é sonho jogar na Bundesliga. Eu cresci em Estugarda e joguei na academia do clube. Passava todos os dias pelo estádio e sohava sempre jogar lá.

Tudo é possível! Posso dizer, neste momento, que quero continuar a jogar no Sul da Europa, mas tudo pode mudar a qualquer momento. Estou sempre pronto para voltar para a Alemanha, se sentir que é o momento certo.

Nunca digo nunca, mantenho a mente aberta em relação ao próximo passo da minha carreira.

Fez toda a formação no Estugarda. É um fã do clube, acompanha-o?

Quando era mais novo, sim, agora não diria que sou um fã. Mas sigo o futebol alemão, em particular, o meu antigo clube, o Ingolstatd, porque tenho lá muita gente conhecida.

Também acompanho o Estugarda, é a minha cidade natal, e sei que neste momento não estão viver um momento fácil. Tenho muitos amigos e estou sempre atento aos vários clubes, para saber das suas prestações.

Sente que já tem condições para jogar num dos clubes de topo em Portugal?

Eu tenho de responder que sim, porque, caso contrário, não merecia estar aqui sentido. Se eu não acreditar em mim, ninguém acreditará.

Gosta de algum clube em particular?

[risos] Eu sou alemão, não tenho preferência por qualquer clube português. Eu conheço os quatro grandes, desde o tempo em que estava na Alemanha, porque jogam Liga dos Campeões e Liga Europa.

Não seria justo escolher Porto, Benfica, Sporting ou Braga. Se tivesse nascido cá poderia ter simpatia por um clube. São quatro grandes clubes, já joguei contra eles e já entendi por que são tão grandes.

É o nível em que quero estar a seguir, estou pronto para isso e tenho nove jogos para mostrar que mereço.

Tem algum exemplo na carreira, um guarda-redes que admira, que o inspira?

Eu comecei a treinar com o meu pai, na sua academia de guarda-redes. Comecei a jogar a guarda-redes, por causa dele. Ele treinou-me e era o meu exemplo.

Ele também foi guarda-redes e, no início, aprendi tudo com ele. Depois aprendi com muitos outros treinadores, mas se não fosse ele eu nem começaria a aprender.

Hoje observo todos os grandes guarda-redes – ter Stegen, Courtois. Retiramos sempre alguma coisa de alguém para o nosso jogo, mas temos sempre de ter a nossa personalidade, a nossa própria forma de jogar.

Há algum guarda-redes que destaque na I Liga?

Em primeiro lugar, eu respeito muito todos os guarda-redes. Nos jogos que perdemos vieram ter comigo e felicitaram-me pelo meu trabalho.

Se os adversários ficarem chateados com o guarda-redes contrário é sinal de que ele fez um bom trabalho. Claro há o Vlachodimos, que também passou pelo Estugarda, ele está muito bom, com muitos jogos sem sofrer. Já joga há algum tempo no Benfica e isso diz muito dele.

O Diogo Costa é outro exemplo. É mais novo do que eu e já jogou um Mundial por Portugal. Sabe bem jogar contra estes nomes. Jogar contra o Pepe, o Otamendi, contra nomes grandes, isso mostra que o trabalho duro compensa, porque estou a jogar contra jogadores que admirava quando era mais novo. É um sonho.

Mas o que quero é lutar com eles para poder estar ao nível deles, ou até superá-los.

O Estugarda tem algum segredo para criar guarda-redes? Na I Liga estão Buntic e Vlachodimos, mas há mais exemplos. Chegou a cruzar-se com o Vlachodimos?

Ele é três anos mais velho do que eu. Quando eu estava nos sub-16, sub-17 e sub-19, ele estava na equipa principal e eu treinei com eles, algumas vezes.

Ele era o guarda-redes mais novo do plantel e tivemos uma boa relação, muito profissional. Para mim era importante ter sempre alguém com quem falar e ele conversava comigo.

O Estugarda sempre teve bons guarda-redes, é verdade, mas penso que em geral os guarda-redes alemães não são maus (risos).

Ele tomou uma decisão semelhante à sua. Poderia ter optado pela seleção alemã, mas preferiu a Grécia. Acredita que ele teria hipóteses de jogar pela Alemanha, neste momento?

É difícil dizer, porque neste momento temos o ter Stegen, o Kevin Trapp. Creio que ninguém está melhor que o ter Stegen. O trabalho que eles está a fazer no Barcelona é impressionante.

Ele optou pela Grécia e talvez seja mais fácil para ele jogar. Pode ter sido uma decisão com o coração, mas nós queremos sempre jogar e é mais fácil jogar pela Grécia do que pela Alemanha.

Respeito a sua decisão. O Benfica é um clube grande e ele teria condições de estar entre os três selecionados para a Alemanha. Jogou nas seleções jovens, mas depois optou pela Grécia.

Para encerrar o capítulo alemão, o líder do campeonato é orientado por um técnico alemão. Do que conhecia do trabalho do Roger Schmidt, esperava um percurso deste nível?

Eu não o conheço pessoalmente, mas conheço-o desde o tempo dele no Bayer Leverkusen. Ele teve muito sucesso no início. Na última época sei que também teve uma época de sucesso no PSV Eindhoven. Conheço um jogador do clube e acompanhei o campeonato neerlandês.

O que e ele está a fazer no Benfica esta temporada é incrível. Eles estão muito soltos e é muito difícil derrotá-los. Nós sentimos isso, mas penso até que teria sido justo termos conquistado, pelo menos, um ponto contra eles.

Penso que é possível identificar um tipo de jogo alemão, mais estruturado. Claro que é necessário que os jogadores interpretem as ideias em campo, talvez também estejam a aproveitar o momento, também têm de ter sorte, mas têm, sobretudo, jogadores de muita qualidade. Não estou surpreendido por eles estarem na frente, mas são os mais consistentes e a consistência é uma característica do estilo alemão, mas, no fim do dia, eu estou interessado é no Vizela e só quero vencer o próximo jogo.

O Buntic é um dos cinco totalistas da I Liga, mesmo estando a competir internamente com o Luiz Felipe, que na época passada jogou toda a época pela BSAD. Já colecionou vários “clean sheets” e é o estreante na I Liga com mais minutos, esta época, o único entre os 20 mais utilizados. Que efeito têm estes números em si?

Não têm grande efeito. Nunca pensei sobre os minutos que jogos. Só penso em jogar bem. Claro que quero jogar todos os jogos, foi por isso que vim para o Vizela. No entanto, nunca pensei que iria ter mais minutos do que outros jogadores.

Eu só quero jogar e ganhar. Talvez esteja mais interessado nos “clean sheets” e nas vitórias do que no número de minutos que jogo.

O Vizela tem 32 pontos e no próximo jogo, com o Paços de Ferreira, pode ultrapassar a marcar de 33 pontos que alcançou em toda a temporada passada. A equipa está no 10.º lugar, ficou no 14.º posto na época passada, uma época recorde. Portanto, há uma perspetiva de esta ser a melhor época da história do Vizela. A que se deve?

No dia em que cheguei, falei à comunicação do clube, no centro do relvado, e disse que queríamos ser melhor do que na época passada. Penso que estamos no bom caminho para atingir este pequeno objetivo.

Na primeira pausa para as seleções disse, em conferência de imprensa, que neste clube tudo é possível. Estamos perto do fim e tudo ainda é possível.

É também por isto que gosto do clube e da equipa. Nós queremos ganhar sempre e jogar bem. No último jogo com o Portimonense foi a nossa primeira vitória nos tempos de desconto. Isto pode ser também um desbloqueio para nós, para acreditarmos que podemos marcar até ao fim.

Vamos tentar ganhar todos os jogos. Não quer dizer que consigamos, mas vamos tentar ganhar e, se o conseguirmos, podemos ainda alcançar muito. Isto apesar de já termos conquistado muito, em comparação com o ano passado.

Era isto que eu pretendia quando vim, criar algum impacto. Importante é ajudar a equipa a vencer.

Se ganharem todos os jogos até ao final da época, o Vizela terminará num lugar europeu?

O caminho é difícil, claro, mas estando na posição em que estamos pensamos no próximo desafio. O objetivo da equipa é esse. Portanto, tudo é possível. Temos, no entanto, de ir passo a passo, pensar jogo a jogo. Se continuarmos a conquistar os nossos pontos, então, podemos voltar a falar dentro de cinco, seis jornadas.

Mas, por agora, queremos chegar aos 35 pontos. Depois 38, 41 e por aí fora. Mas passo a passo. Depois veremos o que acontece no final.

Apesar de já estarmos a falar de uma época de sucesso, o Vizela viveu alguma turbulência. Houve mudança nos proprietários da SAD e houve também a troca de treinador. A saída do Álvaro Pacheco foi dolorosa para os adeptos e foi controversa. Como é que o balneário viveu esse momento?

Em primeiro lugar, devo dizer que na Alemanha tive várias mudanças de treinador, estou de alguma forma habituado. Mas, desta vez, foi mesmo diferente. Foi diferente porque sentíamos a ligação entre o treinador, os adeptos, o clube, a cidade. Nunca tinha vivido nada assim e no momento foi duro.

Não foi fácil para a equipa, mas nós refletimos e concluímos que aquilo não era a nossa cara. Não era aquele a forma como queríamos representar o Vizela. E a partir do jogo com o Vitória de Guimarães, em casa, tudo mudou. Como sabem há uma grande rivalidade entre os dois clubes e penso que foi a nossa maior vitória da época.

Não só porque foi contra o Vitória, mas porque foi a primeira vitória com o novo treinador. Deu-nos confiança e, desde então, tudo ficou bem. Temos muita confiança em nós, estamos tranquilos e isso vê-se em campo.

A equipa está a mostrar qualidade e todos os contributos do novo treinador estão a ajudar-nos a evoluir. Misturamos tudo, cozinhamos um bom prato e conquistamos três pontos. Tem funcionado bem, até agora.

A equipa ficou mais consistente defensivamente?

Diria que com o Álvaro também defendíamos bem. Nós melhoramos relativamente à época passada. O que nos faltava era marcar golos. Tínhamos muitas oportunidades, mas faltava sempre o último remate, ou o último passe.

Por vezes é sorte, mas o único jogo em que sofremos mais de dois golos foi com o Braga. Não diria que estamos muito melhor defensivamente, porque já estávamos bem.

Para fechar voltamos ao início. Já lá vai algum tempo desde o jogo em Vila do Conde, em que se estreou pelo Vizela, com uma vitória sobre o Rio Ave. Do nervosismo da estreia até à tranquilidade que agora vive e pelo momento que a equipa está a atravessar, Vizela foi a decisão certa?

Sim, sem dúvida. A vida, por vezes, é estranha. A minha mulher diz-me que tudo acontece por uma razão. Se não tivesse acontecido algo no meu passado, eu não estaria aqui.

Estou muito feliz aqui, e isso é importante. Estou feliz com a equipa, com o clube, com o ambiente, comigo próprio. Tudo tem sido tão perfeito, quanto possível. O dia em que decidi vir para o Vizela tive a certeza de que era a decisão certa, decidi com o coração.

Até este momento sinto o mesmo, foi a decisão certa.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+