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Irmão de refém luso-israelita morto acusa governo de Netanyahu de "terrível negligência"

03 mai, 2024 - 11:40 • Catarina Santos com Lusa

Governo israelita confirmou que Dror Or morreu nos ataques do Hamas e o corpo foi levado para Gaza. Dois filhos foram raptados e depois libertados pelo Hamas em novembro, enquanto a mulher foi também assassinada a 7 de outubro.

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O refém israelita de nacionalidade portuguesa Dror Or, detido na Faixa de Gaza desde os ataques do Hamas de 7 de outubro, foi declarado morto, anunciaram esta sexta-feira as autoridades israelitas e os familiares.

O corpo de Dror Or, de 49 anos, está retido na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, indicaram em comunicado as autoridades do kibbutz Be'eri, onde vivia e cujos habitantes foram dos mais afetados pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra o território israelita.

"Na última noite, recebemos a notícia chocante de que as forças de segurança reuniram informação que prova que o Dror, o meu querido, sábio, amado e bondoso irmão, foi morto no desastre de Be'eri e o seu corpo foi levado para Gaza", afirmou o irmão, Elad Or, num comunicado divulgado pelo Fórum das Famílias dos Reféns.

Na mesma mensagem, Elad Or afirma que "os terroristas do Hamas conseguiram matar o Dror e fazer o seu corpo refém devido à terrível negligência a que foram sujeitos os residentes de Be'eri e todos os cidadãos israelitas".

Uma "negligência" que, sublinha Elad, "continua inalterada, já que o governo israelita se evade-se à sua responsabilidade, falha na missão de trazer os reféns de volta e os seus ministros descarados até nos confrontam e insultam".

Defendendo que "chega de arrastar os pés e de jogos políticos", o irmão do refém luso-israelita morto defende um "acordo imediato" que permita libertar os reféns vivos e também o corpo do irmão, "para ser enterrado em Israel".

A mulher de Dror Or foi morta no ataque, enquanto dois dos seus três filhos, de 17 e 13 anos, foram raptados e depois libertados no âmbito de um acordo de tréguas entre Israel e o Hamas no final de novembro.

"A nossa missão de vida daqui em diante é apoiar os filhos preciosos do Dror e da Yonat, que são agora órfãos dos dois pais, e o resto dos membros da família que sobreviveram ao massacre", acrescentou o irmão de Dror.

Governo português lamenta morte de refém

O Governo português "lamenta muito" a morte do cidadão luso-israelita, mas diz não ter acesso a mais informações porque a vítima foi tratada, para "todos os efeitos", como um israelita.

Segundo fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o caso está a ser tratado "para todos os efeitos" como o de um cidadão israelita, o que significa que o executivo português não tem "acesso a informação nenhuma".

"O Governo português lamenta muito a morte" deste cidadão e "reitera a exigência de libertação imediata e incondicional de todos os reféns, em especial, dos que tenham nacionalidade portuguesa", adiantou a mesma fonte. Questionada se já houve contactos entre os Governo português e o executivo israelita a propósito destes caso, disse não existir "nada".

O anúncio da morte de Dror Or surge num momento em que os países mediadores - Qatar, Estados Unidos e Egito - aguardam a resposta do Hamas a uma nova proposta de tréguas combinada com a libertação dos reféns.

"Só a libertação de todos os reféns - os vivos para que possam recuperar, os mortos para que possam ser enterrados - garantirá o renascimento e o futuro do nosso povo", afirma o Fórum das Famílias dos Reféns.

"O governo israelita deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para trazer de volta Dror" e os "outros reféns assassinados, para que possam ser enterrados com honra em Israel", acrescentou a associação.

A notícia da morte do cidadão com nacionalidade portuguesa foi avançada pelo jornal The Guardian. "Foi agora confirmado que Dror Or, raptado pelo Hamas em 7 de outubro, foi assassinado e o seu corpo está detido em Gaza", declarou também o Governo israelita na sua conta oficial no X, acrescentando que Alma, Noam e o seu irmão Yahli são agora órfãos.

No final de novembro, uma trégua de uma semana permitiu a libertação de 105 reféns, incluindo 80 israelitas e cidadãos de dupla nacionalidade, que foram trocados por 240 palestinianos detidos por Israel.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando os comandos do Hamas levaram a cabo um ataque que causou a morte de 1.170 pessoas, na sua maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelitas.

Mais de 250 pessoas foram raptadas e 129 permanecem detidas em Gaza, das quais pelo menos 35 já morreram.

Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma vasta ofensiva na Faixa de Gaza, que já causou mais de 34.500 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do movimento palestiniano.

[notícia atualizada às 17h08]

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