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Trabalhadores portugueses em Inglaterra alegam pagamentos em atraso

15 ago, 2013 - 11:44

Empresa de recrutamento nega situação e diz que todas as dívidas estão saldadas. A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e a congénere britânica estão a averiguar as circunstâncias em que foram contratados para uma obra em Birmingham 106 portugueses.

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Os trabalhadores portugueses contratados para trabalhar numa obra em Birmingham e regressados a Portugal antes do fim do contrato reclamam pagamentos em atraso.

A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e a congénere britânica estão a averiguar as circunstâncias em que foram contratados para uma obra em Birmingham 106 trabalhadores portugueses, a maioria dos quais já regressou a Portugal. A informação foi avançada pelo gabinete do secretário de Estado das Comunidades, que tem estado a acompanhar o processo desde as primeiras queixas dos trabalhadores e pediu à ACT que investigasse o caso.

O caso tem sido notícia desde 23 de Julho, quando os cidadãos nacionais pediram a ajuda do consulado de Portugal em Manchester por alegadamente estarem sem trabalhar e sem receber. Desde então, quase todos os 106 trabalhadores já regressaram a Portugal, em diferentes datas e por motivos distintos. O primeiro grupo, de 29 trabalhadores, regressou logo no dia 25.

Ao que tudo indica, os trabalhadores deveriam começar a trabalhar a 19 de Julho. No entanto, por decisão do empreiteiro, o início dos trabalhos foi adiado e aos trabalhadores foi proposta uma redução salarial. Em vez de receberem por 12 horas diárias, receberiam apenas seis nos dias em que não houvesse trabalho.

Após rejeitarem essa e uma segunda proposta, de oito horas diárias, os trabalhadores obtiveram a garantia de que seriam pagos pelas 12 horas diárias previamente combinadas, estivessem ou não a trabalhar.

Com a mediação de duas funcionárias do consulado, os trabalhadores e a empresa que os contratara, a Bespoke Resources & Recruitment Limited, chegaram a um acordo, segundo o qual receberiam 1.142 euros pelos dias em que deveriam ter estado a trabalhar (de 19 a 25 de julho).

Ainda no Reino Unido, receberam 250 libras em dinheiro de bolso para chegarem a casa (os voos foram suportados pela empresa) e no dia 25 partiram. Já em Lisboa, receberam 299,88 euros, pelo que afirmam estar a haver 843 euros.

Empresa nega atrasos
No entanto, a empresa argumenta que aos 1.142 euros foram retirados 30% correspondentes aos impostos exigidos no Reino Unido, bem como 100 euros
relativos a uma semana de alojamento e o equivalente às 250 libras que, segundo a empresa, era apenas um adiantamento para facilitar o regresso
dos trabalhadores.

Os trabalhadores contestam estas deduções, argumentando que no acordo alcançado em Birmingham lhes foi dito que os 1.142 euros seriam valores líquidos, o que a empresa nega.

O director da empresa que recrutou os trabalhadores em Portugal, Steve Craggs, garante que esta apenas se comprometeu a pagar os 1.142 euros brutos e afirma que os próprios trabalhadores assinaram uma declaração em que reconheciam que as 250 libras eram um adiantamento dos seus rendimentos.

Steve Craggs sublinha que muitos dos trabalhadores que agora se queixam não chegaram sequer a trabalhar e estão a receber, por uma semana em Inglaterra, mais de dois salários mínimos portugueses.

Este diferendo já levou alguns trabalhadores para a porta da sede da empresa no Estoril por três vezes nas últimas semanas, tendo a polícia sido chamada a intervir em pelo menos duas situações conta o director da Bespoke.
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