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Euro2024

Martínez, o "azar" de Pote e Trincão e a chamada de Conceição: "É um espalha-brasas excecional"

21 mai, 2024 - 13:50 • Hugo Tavares da Silva

O selecionador nacional explicou a escolha dos 26 eleitos para o Euro2024, lamentando especialmente a ausência de Ricardo Horta. As ausências de Pedro Gonçalves e Francisco Trincão têm a ver com um estágio de março.

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O selecionador português anunciou esta terça-feira os 26 convocados para o Euro 2024, na Alemanha. Depois da lista que saltou da garganta do espanhol que aponta à conquista do Campeonato da Europa, seguiram-se as explicações de Roberto Martínez.

Sporting só tem um jogador: Inácio. Porquê?

“Na minha experiência, nas listas de convocados para torneios importantes, na nossa forma de trabalhar, não é possível entrar na lista do Europeu se não fez parte da seleção nos últimos seis estágios. Temos muitos jogadores. Tivemos um apuramento impecável. Temos decisões difíceis, mas decisões que precisamos de tomar para termos uma equipa equilibrada e termos todas as opções que precisamos.

Claramente acho que o Trincão, o Pedro Gonçalves tiveram uma época excecional, mas são jogadores que têm azar porque o estágio de março era um estágio importante. E, agora, para entrar na lista é preciso que outros saiam. Com muita responsabilidade e honestidade, trabalho, as decisões vão no sentido do que temos de fazer no Europeu.”

Não há risco em levar jogadores com problemas físicos ou com lesões recentes?

“É importante sempre ter uma decisão médica, estão aptos. Só há um jogador que é o Raphael Guerreiro, que foi muito importante para nós, com um perfil e uma pessoa especiais, mas não está apto para o começo da preparação. Os outros jogadores, o Pedro Neto entrou, jogou no último jogo da sua época. Diogo Jota também está apto. E o Pepe está apto para o início da preparação. Não há risco. No futebol podem acontecer acidentes, mas não estamos a correr um risco porque os jogadores estão aptos medicamente e também temos uma boa mistura de experiência e pernas frescas, miúdos. É uma lista de 26 jogadores que dá uma boa opção.

A relevância de Pepe

“Temos um balneário muito interessante, porque temos jogadores de gerações diferentes, como Pepe e Cristiano Ronaldo, que são de uma geração diferente de Bernardo Silva e Rúben Dias, como de João Neves e António Silva. Então, é importante o Pepe no balneário, a sua exigência pessoal, a forma de representar a camisola da seleção. Acho que o futebol é uma luta constante. Foi interessante ver o Pepe jogar dois jogos em março e manter a baliza a zero durante os 90 minutos que jogou. A sua comunicação, o seu posicionamento fazem com que o Pepe, quando está apto, seja um jogador muito importante para nós.

Momento de Cristiano Ronaldo

“É melhor falar dos dados. Um jogador que marca 42 golos em 41 jogos pelo seu clube mostra uma continuidade, uma capacidade física de estar sempre apto e uma qualidade à frente da baliza que nós gostamos muito e precisamos disso.”

Quem custou mais deixar de fora?

Não gosto de falar de nomes individualmente, mas acho que preciso de falar de um jogador que foi muito, muito difícil de fora: o Ricardo Horta. É um exemplo, tecnicamente e taticamente é um sonho para um treinador. É uma situação em que há outros jogadores especialistas em posições que precisamos para o que queremos fazer com Turquia, Geórgia e Chéquia. Foi impossível ele ficar. Ele fez tudo para estar na lista.”

Convocatória perfeita?

“Temos continuidade. É importante para a nossa equipa técnica trabalhar conceitos, gostamos de uma equipa flexível. Flexibilidade tática é essencial. Mas temos jogadores com experiência, temos jogadores novos. O momento de forma do Chico Conceição é importante. Temos opções para jogar com uma linha de cinco [na defesa], linha de quatro, temos opções para jogar com dois pontas de lança. Temos diferentes opções. A mistura do grupo, a nível de pessoas, é perfeita.”

Estágio

“O período de preparação é muito bom. É importante ter três jogos amigáveis com os nossos adeptos, é essencial para melhorarmos a parte psicológica do grupo. Temos oportunidade de trabalhar nas nossas instalações, na Cidade do Futebol, e dar um tratamento individual aos jogadores, para darem tudo pela equipa.”

O que é necessário para ter êxito

“O que é importante para nós é crescer durante o torneio. O apuramento deu-nos três jogos. O objetivo da equipa é termos um nível de trabalho de todos os dias para poder crescer e utilizar os três jogos para crescermos muito, juntos. É isso. O compromisso, esforço, dedicação, dar tudo pela equipa, num período de 24, 25 dias, é tudo essencial para alcançar novos objetivos.

Pressão adicional em relação ao passado?

“É uma pergunta muito boa, mas muito difícil porque eu nunca olho para mim… O selecionador está aqui para lançar o trabalho do jogador e fazer uma equipa melhor e dar tudo para termos vantagem táticas no relvado. Então, a federação é muito profissional. Como selecionador e equipa técnica, temos tudo para chegar ao máximo nível. Precisamos de aproveitar todos os dias, juntos, para crescer. Para mim, quando me reformar podemos falar e olhar para trás. Mas como selecionador não gosto de falar do meu trabalho, mas do que podemos conseguir, como equipa. O talento dos jogadores é fácil de medir. Gostaria de transmitir a qualidade pessoal dos jogadores e a forma de mostrar orgulho para jogar pela seleção. Isso é muito importante, dá-me muito orgulho e força.

O sonho

“Faz parte da preparação ter um sonho. Para nós, a seleção é isso: um sonho. Todos os dias são uma oportunidade para alcançar objetivos, conseguir o que todos nós e todos os adeptos e portugueses querem fazer. A seleção é isso, é partilhar a paixão das nossas vidas. Gostaria que a seleção fosse tudo o que os nossos adeptos acham que a seleção pode ser. Posso prometer isso, a dedicação, o compromisso, esforço, tudo o que os jogadores podem dar para mostrar a melhor versão o que a seleção representa para as nossas famílias.”

Nome para batizar a campanha

“Gostaria de utilizar o período de preparação para pensar bem e dar uma resposta boa.”

Os sonhadores?, deu troco o jornalista

“Pode ser, mas sonhar… eu gostaria de estar mais perto, de controlar o sonho. Depois pensamos nisso.

Cinco centrais (com Danilo). Vai apostar nos três centrais?

“É importante ter uma flexibilidade tática, temos cinco centrais porque precisamos disso. Podemos jogar com uma linha de três, podemos formar uma linha de três com jogadores que não são centrais, como fizemos na fase de apuramento. Acho que mostrámos que a equipa pode ter flexibilidade tática. Mas não é o mesmo um jogo amigável contra a Finlândia, com uma linha de cinco e boa oportunidade para nós, a Geórgia também joga assim. A Turquia e a Chéquia é mais numa linha de quatro.

É importante utilizar a flexibilidade tática. Temos cinco centrais, acho que para o equilíbrio da lista precisamos de cinco centrais. O primeiro dia de treino é dia 2, mas o primeiro dia oficial é o dia 3. É o começo da fase de preparação. Mas gostaria que todos os adeptos comecem a trabalhar pela seleção e a estar todos os juntos nos jogo contra a Finlândia, em Alvalade.”

Toti Gomes

“É um jogador de um perfil claro, um central fisicamente muito forte, com o pé esquerdo. Teve azar porque o número de centrais são cinco. O Toti é o central número 6. Não posso ser mais honesto. Acho que não é fácil ver jogadores como Toti, Matheus Nunes, Ricardo Horta, Bruma, Jota Silva… jogadores que tiveram um papel durante o período de apuramento e que não podem entrar. Fazem parte do futuro da seleção sem dúvida.

Confia que será este o grupo definitivo ou se tem uma lista alternativa preparada para alguma eventualidade?

“Temos 26 jogadores. Agora há três, quatro jogos, que os jogadores têm para terminar as épocas com os clubes. Temos uma lista com jogadores que estão lá caso haja alguma lesão ou problema. A pré-lista é clara: há 42 jogadores, são todos. Tem a ver com perfis, posições, se há que trocar ou encontrar uma solução tem a ver com o perfil. Até ao dia 17 de junho, como sabem, podemos alterar a lista.”

Jogadores da Arábia Saudita: não teme pouco ritmo?

“Podemos falar de competições, podemos falar de patamares, mas é importante o que o jogador individualmente pode dar à equipa. O Rúben Neves teve um período importante durante a fase de apuramento e aqui as decisões não foram feitas hoje. Se fosse a primeira lista, seria diferente. Aqui estamos a representar o trabalho de 18 meses. O Rúben Neves durante esse período, como o Otávio e Matheus Nunes, mostraram o que podem aportar à seleção. As decisões têm a ver com o nível a que estão os jogadores. Não é um problema o nível da competição, é mais uma questão de número de minutos, de jogos, o momento pessoal e o papel dentro da seleção. Para nós, o Otávio, Cristiano e Rúben Neves estão num nível importante para o nosso balneário.”

Francisco Conceição só esteve numa convocatória.

“O Chico teve uma época, de janeiro até ao fim, em que mostra ser diferente. Tem pé esquerdo, gosta de ser vertical, tem uma boa personalidade para mudar o jogo. É um espalha-brasas a um nível excecional. É um jogador diferente. Foi muito importante que o Chico tenha tido um estágio em março impactante, o trabalho no treino mas a segunda parte contra a Eslovénia foi decisiva. No futebol, um jogador precisa de estar no momento certo de uma forma correta. Acho que o Chico é um bom exemplo de jogador que está num momento ótimo e que aproveitou a sua oportunidade em março.”

É importante ter 26 jogadores, porque o jogo moderno tem cinco substituições. Precisamos de poder trabalhar durante o treino. Depois dos jogos, o grupo é mais reduzido. Ter 26 permite que os jogadores tenham experiências para o futuro. Não é o número de minutos que os jogadores jogam, mas o papel. Os 26 jogadores são essenciais para ganhar, há jogadores que não têm minutos. Mas a experiência permite ao país continuar a progredir e melhorar. Faz parte. A nossa responsabilidade é criar experiências para os jogadores poderem ganhar jogos em torneios no futuro. Para nós, é um exemplo muito bom porque temos muitos jogadores para escolher. É difícil para nós preencher 26 lugares com os 34, 35 bons jogadores que temos. É uma boa notícia para o futebol português.

Estágio de março: o tal “azar” de Pote e Trincão

“Gostaria de dar os parabéns pelo Sporting, fez uma época ótima. O Trincão teve azar, esteve na lista nos convocados de março mas estava lesionado. O Pedro Gonçalves não entrou. E a lista não é os jogadores que ficaram de fora, o foco não são os jogadores que ficaram de fora. O foco é os jogadores que estão dentro. Tivemos 10 jogos de fase de apuramento, foi impecável. Há muita competitividade. A seleção somos todos, não é para entrar na rivalidade de camisolas.

Há muitos jogadores que representaram o Sporting, como o Bruno Fernandes, o Palhinha, há muitos, muitos da formação do Sporting, para quem é muito importante ter jogadores na seleção. Mas a convocatória do Europeu representa o trabalho dos últimos 18 meses, então a mensagem para os jogadores que não estão na lista é: depois do Europeu, há outro processo, recomeçamos um período novo. E os jogadores têm sempre o sonho e esperança de entrar na seleção num futuro muito próximo.”

A lista stand-by

“Todas as convocatórias são diferentes, todos os torneios são diferentes. Para nós, é importante ter clareza nos 26 jogadores que estão na lista. Depois, temos oportunidade de ter outra lista, uma stand-by, para apoiar caso aconteça um momento em que precisamos de decidir algo. Lembro-me que no Mundial de 2018 ficámos 24 jogadores até ao dia antes do primeiro jogo, porque tínhamos um jogador que estava lesionado. Aqui, agora, a melhor decisão é ter um grupo de 26 jogadores, queremos dar um plano individual aos jogadores. Eles têm muita exigência nos clubes, precisam de desconectar sete dias. Todos os jogadores precisam de ter isso para ficarem preparados para a equipa. Não precisamos de mais ninguém na lista.”

Balneários e meritocracia

“Os balneários ganhadores têm jogadores que controlam momentos diferentes. Hoje é o primeiro passo, a lista de jogadores. Depois, é criar uma competitividade no treino para permitir aos jogadores terem minutos no relvado. Não tenho o 11 inicial do primeiro jogo. Gostamos de trabalhar no dia a dia, a meritocracia é importante. As idades não importam, mas o que os jogadores podem fazer no dia a dia e escolher o que pode acontecer no jogo. No jogo moderno, com cinco substituições, os jogos terminam com 10 jogadores diferentes. Precisamos de ser uma equipa forte, os 26 jogadores, não precisamos de ter 11+15.”

O Campeonato da Europa vai jogar-se entre 14 de junho e 14 de julho. Portugal está inserido no Grupo F com Turquia, Chéquia e Geórgia.

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