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Durão Barroso

"Imagem de centenas de caixões não sairá da minha cabeça"

09 out, 2013 - 13:10 • Daniel Rosário, em Bruxelas

Presidente da Comissão Europeia visitou a ilha de Lampedusa, onde se deu o naufrágio de um barco com cerca de 500 imigrantes ilegais vindos de África.

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O presidente da Comissão Europeia chegou esta quarta-feira a Lampedusa, após um convite do primeiro-ministro italiano, Enrico Letta. Durão Barroso disse que as imagens lá vistas vão ficar consigo para sempre.

“Uma coisa é ler relatórios, outra é ver na televisão, outra é contactar in loco com o sofrimento e a indignação das pessoas. Aquela imagem de centenas de caixões nunca sairá da minha cabeça. É algo que não se pode esquecer. Caixões de bebés, caixões de uma mãe e de um recém-nascido. É algo que me chocou e entristeceu profundamente”, afirmou.

Durão Barroso e o primeiro-ministro italiano foram recebidos pelos protestos dos habitantes da ilha de Lampedusa, que empunhavam cartazes com as palavras “vergonha” e gritavam “assassinos”.

Apontada como co-responsável pelo sucedido, a Europa tem dificuldade em passar das palavras aos actos, num domínio em que o poder de decisão está nas mãos dos Estados-Membros, ciosos em preservar a respectivas prerrogativas nacionais.

Não obstante, o presidente da Comissão Europeia e o chefe do Governo italiano querem que este desastre e a sua visita tenham consequências.
No local, Durão Barroso anunciou a disponibilização de 30 milhões de euros para que a Itália possa melhorar os seus centros de acolhimento para os milhares de pessoas que chegam às suas costas em busca de uma vida melhor na Europa e que muitas das vezes vivem em condições infra-humanas.

O presidente da Comissão também apontou o dedo à forma desigual como os países lidam com este fenómeno, indicando que dos 28 países da União, cinco são responsáveis pelo acolhimento de 70% dos pedidos de asilo. Por pressão de Roma, o assunto vai estar na agenda da próxima reunião dos líderes da União, agendada para os dias 24 e 25 de Outubro.

A visita do chefe do executivo comunitário acontece uma semana após o naufrágio de um barco com imigrantes ilegais a bordo, que tinha partido da Líbia. Morreram, pelo menos, 274 pessoas, entre as quais crianças, segundo os números avançados pela agência Reuters. Seguiam na embarcação cerca de 500.

As operações de busca prosseguem no mar. Só ontem foram resgatados 19 corpos.
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