Carlos Moedas acusou, esta terça-feira, o Estado de não atuar na área da imigração. Em declarações à Renascença, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa condenou quaisquer atos de violência sobre imigrantes e mostrou-se solidário com o seu congénere do Porto, Rui Moreira, que pediu a extinção da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), acusando o organismo de inoperância.

"Toda a minha solidariedade com o Rui Moreira e com o que ele disse. Ele diz que a AIMA não faz sentido. Tem que haver uma instituição. Se ela é o SEF ou se é a AIMA, essa é uma decisão do Governo. Para nós, autarcas, o que é preciso uma resposta, e neste momento não temos uma resposta", disse Carlos Moedas, à margem de uma visita às obras de um parque de estacionamento em Entrecampos.

O autarca lamenta a falta de resposta, que leva a situações "como a que se vive nos Anjos, que são chocantes, mas porque o Estado não atua". "Sinto-me envergonhado sobretudo por um país que deixou de ter uma política de imigração", diz.

"O Estado não atua"

Carlos Moedas admite mesmo vergonha por não existir uma verdadeira política de imigração em Portugal, que conduz a situações como as que se vivem na zona dos Anjos, na freguesia de Arroios.

"Eu sinto-me envergonhado sobretudo de um país que deixou de ter políticas de imigração. Eu fui criticado numa entrevista que dei à Rádio Renascença, há um ano, em que falei da necessidade de termos políticas de imigração, como todos os países têm. Saber quem precisamos, o tipo de mão de obra que temos no país, e tratarmos essas pessoas com dignidade".

Nesta matéria, o autarca de Lisboa acredita que podem ser encontradas soluções de alojamento "em antigos quartéis" para onde possam levar os sem-abrigo, mas lembra que a autarquia não pode ajudar "quem sequer têm papéis".

Moedas disse ainda já ter falado com o Ministro da Presidência sobre a urgência que é necessária para resolver esta questão.

"Temos agora o novo governo, temos de dar algum tempo para que possa atuar. Mas isto é de uma urgência total".