Desporto Escolar. O "maior clube nacional" que forma os "cidadãos do futuro"

17 ago, 2021 - 06:15 • João Malheiro

No final de julho foi apresentado o programa estratégico para 2021-2025. A Renascença falou com o coordenador nacional do projeto educativo sobre os desafios da pandemia, os planos para os próximos anos e a responsabilidade social do ensino escolar.

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Já estamos próximos, mas a ideia é ainda estarmos mais. Integrar mais os pais e os avós para participarem em várias atividades e, assim, a escola passar a ser mais integradora, ajudando a unir famílias. No final de julho o Desporto Escolar (DE) apresentou o seu programa estratégico para 2021-2025.

O plano tem seis eixos: "+ Desporto, + Atividade Física", "Formação de alunos e professores", "Cidadania, Inclusão, Ética", "Cogestão, Codecisão na Escola", "Desporto Verde e Sustentável" e "Envolvimento das/nas Comunidades".

Depois de uma pandemia que, segundo comunicado oficial, "quebrou o vínculo dos alunos", o programa pretende recuperá-los durante o próximo quadriénio.

No entanto, se a Covid-19, como em tudo o resto, trouxe desafios ao projeto educativo mais antigo do Ministério da Educação, também deu "coisas positivas", como conta à Renascença Rui Carvalho, coordenador nacional do Desporto Escolar.

Apesar de reconhecer que houve um revés, "numa altura em que o DE estava em crescimento, em quantidade e qualidade", o dirigente da Direção-Geral da Educação (DGE) também aponta que a pandemia "fez refletir sobre o trabalho já feito e planear melhor o novo programa estratégico".

"Neste tempo de pandemia tivemos na mesma os alunos nas escolas e nos treinos. Fomos os últimos a ficar confinados e os primeiros a voltar à atividade desportiva. No que toca ao DE, há coisas positivas a retirar da pandemia", afirma.

Os confinamentos afetaram as rotinas diárias das famílias e, por outro lado, provocaram um maior interesse em atividades em espaços abertos.

"Tivemos um 'boom' nas modalidades de ar livre e reparamos que os pais permitiram mais facilmente que os filhos fossem para estas modalidades", aponta o coordenador nacional do DE.

As principais modalidades a ganharem mais atenção foram, sobretudo, as náuticas (remo, canoagem, vela e surf) e, também, as de atletismo.

"Fazemos trabalho psicológico todos os dias"

O episódio Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Tóquio abriu um debate sobre a importância da componente psicológica no desporto.

No texto de apresentação, o Desporto Escolar diz "priorizar o envolvimento dos alunos em prol da sua saúde e bem-estar, com relevância para o psicológico".

Rui Carvalho afirma que o DE ensina os jovens "a serem mais fortes, a serem mais resilientes e a aprender a pensar noutras componentes, como as Artes".

"Nós fazemos um trabalho psicológico todos os dias. Quando se olha para os nossos jovens em atividade desportiva, eles têm melhores notas e são mais resilientes".

Para o coordenador, se os jovens "forem mais capazes e autónomos, se forem apoiados pelo sistema educativo, também serão mais fortes psicologicamente".

Integrar o Desporto na comunidade

Para este programa estratégico, "o Desporto Escolar irá aproximar-se da sua comunidade".

"Nós já estamos próximos, a ideia é ainda estarmos mais próximos. Integrarmos mais os pais e os avós, poderem participar em várias atividades nas escolas com os seus filhos e netos. Para a escola ser mais integradora e juntar mais as famílias", diz Rui Carvalho.

Os clubes também são uma parte "muito importante" da comunidade.

O dirigente da DGE realça que o Desporto Escolar pode usufruir de espaços de clubes e os clubes podem também usufruir do material do DE. "Ninguém trabalha sozinho. O DE tem um papel fundamental no trabalho efetivo das modalidades. O maior clube nacional é o DE", aponta.

Ensinar a perceber o mundo que nos rodeia

O quinto eixo do programa estratégico do DE dá foco ao desporto "verde e sustentável".

Isto porque "desenvolver as atividades desportivas com vista à transmissão de conhecimentos e valores que conduzam a ações que potenciem a sustentabilidade do nosso planeta é uma prioridade do Desporto Escolar", lê-se no documento.

Rui Carvalho indica que o DE também tem um papel de ensinar os alunos a serem mais sustentáveis. "É importante ensinar os alunos a perceber o mundo que nos rodeia", indica.

O mesmo responsável aponta que o projeto educativo não usa garrafas, talheres e cartões de plásticos há dois anos e que aposta em soluções alternativas e sustentáveis, como cartão e cortiça.

Realça ainda que o DE "está na linha da frente da recolha do lixo nas praias", com vários protocolos em vigor com diversas autarquias.

"Formar os cidadãos do futuro"

Apesar de todos os objetivos do DE para o próximo quadriénio, o coordenador nacional indica que o mais importante é "formar e integrar" os jovens na sociedade.

"A escola é o sítio ideal para os professores identificarem grandes atletas. Mas têm fundamentalmente de ser bom alunos e de ser bons integrantes na sociedade."

Contrariamente a alguns preconceitos, o DE não quer apenas formar "atletas federados", mas também, "dirigentes, árbitros e treinadores".

"O nosso plano estratégico vai mais além do que formar atletas. Estamos a integrar os alunos no mundo que os rodeia. A fazê-los adquirir valores universais. Nós somos a escola e a escola é integradora", reitera, Rui Carvalho.

No fundo, o que o DE pretende mesmo é ajudar a "formar os cidadãos do futuro".

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  • Ivo Pestana
    17 ago, 2021 Madeira 11:31
    Mas o desporto não chega. Corpo são em alma sã, isto sim. Escrevo mesmo a propósito, do aumento de casos de Covid-19 na juventude e de atos de vandalismo que têm acontecido na noite da RAM. Muitos até praticam desporto, mas não agem corretamente pela calada da noite. Leiam, por favor, sobre o que se passa na noite em Porto Santo e a PSP, faz o que pode. São jovens, menores e importa saber qual o seu estrato social...Hmm!!!

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