22 mar, 2022 - 11:30 • Carlos Dias com Redação
A SAD do Vilafranquense, pondera deslocalizar a sua sede de Vila Franca de Xira para outra localidade, caso a Câmara Municipal não avance com a contrução de um novo estádio, acordada há já alguns anos.
Em entrevista à Renascença, Henrique Sereno, presidente daquela sociedade desportiva, faz um ultimato ao executivo municipal e revela que já tem em carteira três possibilidades para a mudança de cidade.
Em notícia recente, o jornal "Record" adiantou a possibilidade de uma fusão do Vilafranquense com o União de Santarém, originando um novo clube com sede em Santarém.
O Vilfranquense cumpre a terceira época na II Liga, sempre a jogar em Rio Maior na condição de visitado. O Campo do Cevadeiro, em Vila Franca, não reúne condições para jogos dos campeonatos profissionais. A equipa só tem jogado em casa em partidas da Taça de Portugal. Utiliza o Cevadeiro para treinos, mas joga a cerca de 50 km a norte da base dos seus adeptos.
Com a permanência na II Liga no horizonte - 13.º lugar, com cinco pontos de vantagem sobre o Covilhã, em posição de "play-off" de manutenção e com oito de vantagem sobre o Varzim, primeira equipa em zona de despromoção automática -, Sereno, antigo internacional português, tem urgência numa solução que confira estabilidade a uma equipa que tem andado "com a casa às costas" nas últimas épocas.
"Estamos desesperados e incrédulos. Esta posição da Câmara Municipal de adiar a construção do estádio pode fazer com que o Vilafranquense acabe. Se até ao final do mês o projeto não avançar, temos de procurar outras alternativas", alerta.
Numa altura em que a manutenção da Vilafranquense SAD na Liga 2 está bem encaminhada, como está a situação relacionada com a construção do novo estádio em Vila Franca de Xira, e como isso afeta a vossa atividade?
Nós chegámos à SAD do Vilafranquense em janeiro de 2019 e o nosso primeiro objetivo foi salvar o clube e de imediato foi paga uma dívida de dois milhões de euros que impediu a extinção do clube.
Pagámos os salários em atraso a jogadores e funcionários e as dívidas a fornecedores. Temos cerca de 300 atletas na formação, somos a única SAD do país que tem a seu cargo toda a formação. Isto devia ser valorizado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, nós cumprimos rigorosamente todos os contratos.
Não percebemos, estamos desesperados e incrédulos. Esta posição da Câmara Municipal de adiar a construção do estádio pode fazer com que o Vilafranquense acabe. Não há que ter medo das palavras, a Câmara Municipal será a grande responsavel, se o futebol acabar em Vila Franca de Xira. Se até ao final do mês [de março] o projeto não avançar, temos de procurar outras alternativas. Há pelo menos três cidades interessadas em receber a nossa SAD e já nos deram o seu apoio.
Mas o projeto do novo estádio está aprovado?
O projeto do estádio foi aprovado, um projeto a rondar os 2,7 milhões de euros que foi aprovado na Assembleia Municipal, mas inexplicavelmente a Câmara Municipal não avançou. O anterior executivo empurrou a situação com a barriga e o atual ainda não resolveu.
Os terrenos onde está o atual estádio do Cevadeiro podem deixar de pertencer à União Desportiva Vilafranquense. Existe uma enorme falta de respeito porque já foram agendadas três reuniões e os responsaveis da Câmara nem sequer apareceram. A última foi na semana passada, em que o nosso maior acionista veio propositadamente do Brasil e não foi recebido.
É objetivo da SAD investir mais no Vilafranquense para, por exemplo, garantir a subida à I liga?
É claro que temos de ter um local fixo para treinar e jogar. É impossível subir à I liga sem um estádio e um campo de treinos com boas condições. Se tivermos estas condições, o investimento vai aumentar para conseguirmos a subida.
O nosso grande objetivo é chegarmos à I liga mas para isso é preciso ter bons alicerces.
Poderá estar a pagar a SAD do Vilafranquense pelos exemplos negativos que outras SAD com investimento estrangeiro já deram?
As pessoas têm de perceber a diferença. Há sociedades que cumprem e há sociedades que não cumprem. As que cumprem têm de ser ajudadas.
O nosso maior acionista é um grande empresário, uma pessoa credível, séria que nunca deixou uma dívida. Ele quer investir muito mais, mas para isso tem de ser apoiado e respeitado.