Ademola Lookman, a sorte grande de Gasperini que desfez em fanicos a invencibilidade do Leverkusen

Uma desmarcação pelas costas do defesa para encostar; um túnel a puxar para dentro e o remate colocado de fora da área; um drible para a linha de fundo, já na área, e o míssil imparável. Foi assim que Ademola Lookman acabou com a invencibilidade do Bayer Leverkusen e ofereceu a Liga Europa à Atalanta. Longe vão os tempos em que só rendia temporada sim, temporada não.

"Sempre tive confiança na minha capacidade para criar e marcar golos, ajudar os meus companheiros, assisti-los. Nos últimos anos, consegui elevar o meu jogo a um novo patamar e mostrar isso de forma mais consistente", admitiu o avançado internacional nigeriano, no final da partida, em que assinou um "hat-trick".

Fez o que nunca um jogador africano - marcar dois ou mais golos numa final europeia - tinha feito e o que nenhum jogador, de qualquer continente, fazia desde 1975, quando Jupp Heynckes ajudou o Borussia Monchengladbach a derrotar o Twente, por 5-1, na segunda mão da final da Taça UEFA de 1975.

Após o apito final frente ao Bayer Leverkusen, a família mais feliz de Dublin celebrava o culminar, feliz, de um percurso de altos e baixos. Nascido no sul de Londres, a 20 de outubro de 1997, e filho de pais nigerianos, Ademola Lookman começou a dar pontapés na bola num pequeno clube chamado Waterloo, antes de assinar pelo Charlton Athletic, que o estrearia como profissional. Deu nas vistas, estreou-se pelas seleções jovens de Inglaterra e, em 2016/17, deu o salto para o Everton. No entanto, a partir daí, o trajeto complicou-se.

Com 20 anos, Lookman fez apenas 16 jogos e dois golos pelo Everton na primeira metade de 2017/18 e, na segunda, foi emprestado ao Leipzig, com que brilhou: cinco golos e três assistências em 11 jogos. Regressado ao Everton, voltou a abrandar, mas, na temporada seguinte, ainda com saudades do que tinham vivido juntos, o Leipzig pagou 18 milhões de euros para ficar com Lookman. Porém, a segunda experiência na Alemanha correu mal: fez apenas 12 encontros.

Quando a promessa parecia estar a perder-se, eis que surgiu o Fulham a resgatar Lookman, por empréstimo. Então ainda comprometido com as seleções jovens de Inglaterra, com que se sagrou campeão do mundo de sub-20, mostrou-se com quatro golos e quatro assistências em 35 jogos.

Não ficou no Craven Cottage, mas continuou em Inglaterra: nova cedência, desta vez ao Leicester, a amostra do que tinha para dar. Foi também nessa altura que tomou uma das decisões mais importantes da carreira: representar a Nigéria em vez da seleção dos Três Leões, algo que, já afirmou várias vezes, o ajudou a libertar o seu futebol.

"O apoio e o amor inabaláveis que recebo das pessoas no meu país são inacreditáveis. Dá-me a motivação para me inspirar em diferentes áreas, não só no meu jogo mas também como pessoa", disse o avançado, depois da final da Liga Europa de quarta-feira.

Foi também em 2022 que a Atalanta entrou em cena. Pagou 9,35 milhões de euros, que agora parecem baratos, por um jogador de altos e baixos, e Gian Piero Gasperini fez dele a estrela que desfez em fanicos a invencibilidade de 51 jogos do novo campeão alemão.

Depois de 15 golos e seis assistências em 33 jogos na primeira época, Ademola Lookman chegou aos mesmos 15 golos, mas aumentou o registo para nove assistências, nesta segunda temporada. Mais importante ainda, conquistou a Liga Europa para uma Atalanta que já há oito anos encantava mas que só agora, com estes três golos do nigeriano, cada um com pinta diferente, conseguiu o troféu da consagração.