Benfica

José Gomes: "Darwin tem de preparar melhor a receção da bola"

19 abr, 2022 - 12:45 • Luís Aresta

O ex-treinador de Darwin no Almería aconselha-o a olhar para a colocação dos apoios. Benfica fez do uruguaio um avançado melhor e mais robusto e José Gomes acredita numa transferência milionária para um dos melhores clubes europeus.

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Darwin Nuñez, avançado do Benfica, ainda tem de melhorar nos pequenos detalhes que o podem elevar a um patamar só ao alcance de uma minoria de jogadores no futebol mundial.

A opinião é de José Gomes, treinador português que, na sua passagem pelo Almería, trabalhou durante um curto período com o atual avançado do Benfica.

José Gomes tem observado atentamente a evolução de Darwin e, numa entrevista a Bola Branca, aponta ao uruguaio um pormenor técnico que pode fazer dele um avançado ainda mais temível para os adversários.

“A forma como tem os apoios antes do primeiro toque, antes da receção. Deve preparar o momento antes de receber a bola, sobretudo quando está no corredor central, em que há mais pressão, em que tem menos espaço e tempo para decidir”, anota José Gomes.

O treinador complementa que “melhorando a colocação dos apoios para poder ficar de frente para a baliza que quer atacar – porque ele a partir desse momento é muito forte – este pequeno detalhe do controlo e da colocação dos apoios, irá permitir-lhe passar para um nível seguinte. E o nível seguinte é o máximo”, assinala.

No dérbi de Alvalade, Darwin juntou três vertentes na mesma jogada para, ao minuto 14, desferir o primeiro golpe no Sporting: antes do chapéu, com elevada nota técnica, com que bateu o guarda-redes Antonio Adán, Darwin fizera uso da sua velocidade e da robustez com que conseguiu impor-se no ombro a ombro com o central Sebastián Coates.

O 1,96m de altura e 92 quilos do capitão do Sporting, comparam com 1,87m e 80 quilos de Darwin, mas a verdade é que o avançado do Benfica resistiu bem à pressão do compatriota e companheiro na seleção uruguaia, conquistando o espaço suficiente para visar com sucesso a baliza leonina. José Gomes vê um Darwin mais evoluído, técnica e fisicamente, desde que chegou ao Benfica.

“Sim, está melhor, sobretudo está mais robusto. Provavelmente terão sido os preparadores físicos e os fisioterapeutas em trabalho de equipa. Parabéns ao Benfica nesse âmbito. Darwin tem hoje uma robustez maior” observa.

Crescer na adversidade tem feito toda a diferença

Darwin foi contratado ao Almería no verão de 2020. Na altura, Luís Filipe Vieira enviou expressamente Rui Costa ao sul de Espanha com a missão de não regressar a Lisboa sem o uruguaio.

O avançado teve de se sujeitar a conviver com a pressão dos 24 milhões de euros que a Benfica SAD pagou pelo seu passe, tornando-o no jogador mais caro da história do futebol português.

Na primeira época na Luz, com Jorge Jesus, Darwin marcou posição, embora os 14 golos e 11 assistências com que fechou a temporada não tivessem sido suficientes para sossegar os adeptos mais exigentes, num ano sem qualquer título conquistado.

Esta época – embora os títulos tenham permanecido longe da Luz – quase tudo tem corrido bem a Darwin Nuñez: é o melhor marcador do campeonato com 25 golos, a que junta dois na Taça da Liga e, sobretudo, 6 na Liga dos Campeões, com golos marcados ao Barcelona, Bayern de Munique, Ajax e Liverpool.

 Foto: Tiago Petinga/EPA
Foto: Tiago Petinga/EPA
Foto: Manuel De Almeida/EPA
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Foto: Miguel A. Lopes/Lusa
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Foto: Piroschka Van De Wouw/Reuters
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Foto: REUTERS/Phil Noble
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Darwin é um jogador que parece respirar cada vez melhor em atmosferas de máxima exigência. Tanto assim é, que o golo marcado ao Sporting, no passado domingo, foi o seu primeiro, em dérbis ou clássicos do futebol português.

José Gomes recupera declarações suas, quando o avançado chegou ao Benfica proveniente do Almería, para lembrar que “pela humildade, pela dimensão física, pela vontade de vencer e, sobretudo, o ter crescido sempre em adaptação ao sofrimento numa luta tremenda”, o jovem jogador uruguaio “tinha tudo, não só para jogar no Benfica, mas até para sair para um clube de dimensão ainda maior”.

Apetite dos “tubarões” pode proporcionar um grande negócio

Os golos de Darwin Nuñez – sobretudo os seis que marcou na Champions – e o potencial que lhe é reconhecido aos 22 anos de idade, fazem do internacional uruguaio um jogador que gera apetite no mercado.

Em Inglaterra, o jornal "Daily Mail" aponta para uma luta acesa entre emblemas como o Manchester United, Liverpool e Arsenal para contratar Darwin, com vínculo ao Benfica até 2025 e uma cláusula de rescisão de 150 milhões de euros.

Os tempos que a Europa atravessa – na ressaca da pandemia e com uma guerra, sem tréguas à vista - não são de euforia financeira, mas José Gomes não estranhará se, daqui por uns meses, o Benfica anunciar uma transferência de Darwin na casa dos 100 milhões de euros.

“Quem diria ser possível o João Félix sair para o Atlético de Madrid por 126 milhões? Hoje em dia os valores são muitas vezes surpreendentes para um lado, ou para o outro. Que é possível ele ir para um dos melhores clubes do mundo, para jogar nas melhores ligas do mundo é, porque ele tem condições para isso”, conclui.

José Gomes é, hoje em dia, o treinador sem clube, depois de já esta época ter saído do comando técnico do Al Taawon, da Arábia Saudita. Antes, passou pelo Almería, Marítimo, Reading, Rio Ave, Videoton e Al-Ahli.

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