17 fev, 2017 • André Rodrigues
O jornal Público explica que os mercados interpretaram de forma positiva os sumários da última reunião do BCE. Os documentos sugerem que os responsáveis pela política do banco central consideraram que os desvios limitados e temporários em relação à quota de capital de cada Estado-membro, mais do que possíveis, são inevitáveis. O que significa, na prática, que o BCE mantém o programa de compra de dívida. E, no caso português, o banco liderado por Mário Draghi tem um peso assinalável uma vez que é um dos maiores detentores de dívida portuguesa.
Noutro plano, falamos dos investimentos da União Europeia em Portugal. Somos o oitavo país mais apoiado pelo plano Juncker. É tema em destaque na edição de hoje do Diário de Notícias. O plano Juncker para impulsionar o investimento na Europa injectou 1.030 milhões de euros em Portugal no ano passado. Até ao momento, por cá, o principal beneficiário deste investimento europeu é a Câmara de Lisboa que recebeu um envelope de 250 milhões (ou seja um quarto do total investido pela Comissão Europeia em Portugal) para um fundo de reabilitação urbana. No contexto global da União Europeia, o DN escreve que Itália, França, Espanha e até o Reino Unido (que está em processo de divórcio) foram, por esta ordem, os países que mais dinheiro receberam ao abrigo do chamado plano Juncker.
No Jornal de Negócios, a opinião de Fernando Sobral. Ele que fala da chamada Europa a duas velocidades. A expressão integra o título da Linha de Água, a crónica de Fernando Sobral que pode ser lida na página 8 do Negócios. Ele considera que é evidente que Wolfgang Schauble, o conhecido ministro alemão das Finanças deseja colocar a Grécia fora da zona Euro de uma vez por todas. Não o diz directamente mas sugere um agravamento da austeridade para um país que já disse que não aceita mais sacrifícios. Ora este esquema mental alemão e dos países que alinham com Berlim aplica-se a todo o sul da Europa. Fernando Sobral fala de um radicalismo que não admite concessões e que alimenta para o futuro um sentimento de hegemonia do núcleo duro da União, o chamado primeiro grupo composto pela Alemanha, Itália, França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. São países que trabalham no sentido de uma maior cooperação e integração a nível financeiro, fiscal e também de segurança, deixando os outros países numa espécie de segunda divisão europeia. E esse, diz Fernando Sobral, é cada vez mais o lugar que Portugal pode vir a ter nesta Europa que continua cega rumo ao abismo.