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Margarida Ramalho
Opinião de Margarida Ramalho
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Opinião Católica-Lisbon

O active learning está a acontecer

22 mai, 2023 • Margarida Ramalho • Opinião de Margarida Ramalho


A Católica International Business Platform convidou 50 líderes empresariais, institucionais e académicos para o Think Tank “agir com impacto no que está ao nosso alcance”. O active learning está a acontecer.

No passado dia 12 de maio realizámos o primeiro Think Tank da Plataforma. Em sala estiveram seis gerações em representação das partes interessadas - CEO e Chairman de empresas portuguesas de referência, líderes associativos, autárquicos e de instituições públicas, docentes universitários, alunos e os media.

Procurámos debater alternativas para acelerar o processo de internacionalização do tecido empresarial criando mais valor para a economia portuguesa. Os “Guest-Triggers” foram convidados a apresentar as suas ideias em primeira instância porque estão a liderar projetos de prototipagem de novas soluções para a internacionalização em parceria com a equipa académica da Plataforma.

O debate foi ágil e muito enriquecedor. Os participantes de fileiras tão distintas quanto Food & Drink, Pharma & Health, Wood & Furniture, Building & Construction e Digital Technology, entre outras, partilharam experiências e conhecimento de forma muito pragmática.

Curtis R. Carlson, o autor do artigo “Innovation for Impact” publicado na Harvard Business Review, sustentou que a criação de valor é acima de tudo um processo de active learning. Gosto de pensar desta forma em todos os processos de transformação e mudança, e tenho a cocriação como um processo muito poderoso.

E quais foram os outputs do Think Tank? Não se internacionaliza quem quer, mas quem pode.

Internacionalizar é muito mais exigente do que exportar, e as empresas portuguesas não têm escala para atuarem sozinhas. Deviam organizar-se em consórcio para avançarem na internacionalização, adotando modelos de governo que protejam os interesses de todas as partes.

Na fileira da construção civil o instinto de sobrevivência conduziu as empresas à organização de consórcios para concorrer a grandes projetos internacionais. Dimensionam as oportunidades, adotam abordagens win-win e estão a progredir na internacionalização da fileira nacional.

A internacionalização exige investimento em inovação e esta competência está na academia e nas startups.

As empresas Portuguesas têm de evoluir na cadeia de valor, apostando em produtos diferenciados e em marca.

A fileira do mobiliário ambiciona diferenciar-se internacionalmente apostando em design trendy para cada região do globo, na otimização da ergonomia em resposta a necessidades da vida moderna, e na incorporação de funcionalidades assentes em inteligência artificial. Existe um mundo de oportunidades por explorar.

Já a fileira farmacêutica tem de investir em investigação tecnológica disruptiva para se internacionalizar com sustentabilidade. Os projetos de investimento são viabilizados em consórcio e, na cadeia de valor, existem startups e agentes facilitadores que podem ajudar as empresas a potenciar a rede de parcerias e alianças internacionais para a investigação disruptiva.

A capacitação coletiva é o acelerador das empresas para a internacionalização

As fileiras têm de assumir um posicionamento coerente para reforçar a notoriedade internacional da “origem Portugal”. E têm de se capacitar para facilitar a incubação de inovação, investindo em centros avançados de investigação tecnológica, facilitar a produção de conhecimento de mercado, investindo em centros especializados de business intelligence, e facilitar a notoriedade da fileira, investindo em eventos com projeção internacional, lá fora e cá dentro. Na fileira das tecnologias digitais a organização do Web Summit em Lisboa é disso exemplo.

O outsourcing de competências pode acelerar a preparação das empresas

As PME têm lacunas de competências mas podem fazer o outsourcing de competências estratégicas sem internalizar recursos que oneram a estrutura de custos. Por exemplo, as fintechs podem ajudar os empresários a lidar com o setor financeiro de forma ágil e sustentável. E as agências de inovação podem ser excelentes business partners para as empresas que querem desenvolver um mindset de inovação, estratégica e operacional.

A tecnologia tem por si só um papel crítico na primeira fase da internacionalização (exportação) para amplificar o alcance da marca através do marketing digital. E na fase de investimento direto nos mercados externos para implantação local, a tecnologia é fundamental para integrar sistemas de informação de gestão e suportar plataformas de comunicação – aprendemos com a pandemia que a distância física deixou de ser uma barreira na gestão do dia-a-dia, seja com as unidades de negócio nos mercados externos, ou na relação com clientes, fornecedores e business partners, onde quer que estejam.


O mindset colaborativo tem de ser cultivado na cultura empresarial Portuguesa

Portugal tem de apostar em consórcios para avançar na internacionalização. Mas os consórcios não podem ter como mero objetivo a exploração de sinergias comerciais. Tem de se apurar que marcas podem avançar em conjunto e que valor aportam ao consórcio para construir um projeto colaborativo diferenciado.

De acordo com a experiência da fileira Food & Beverages é difícil construir consórcios que perdurem no tempo. Tem de existir um mindset colaborativo e relações de confiança entre as partes que levam tempo a construir. Os americanos, italianos, e outros são mais colaborativos.

Que prioridades devemos estabelecer para promover o desenvolvimento do ecossistema?

A academia tem como missão de preparar as empresas para estarem “Future Ready”.

De acordo com o relatório “Future Readiness of SMEs and Mid-Sized Companies” do World Economic Forum, 67% dos empresários entrevistados considera a sobrevivência e expansão como o principal desafio empresarial, 48% refere a capacidade de atração de talento, e 34% considera que é a construção da cultura empresarial e propósito.

A Plataforma tem vindo a promover a auscultação dos empresários nacionais e identificou os seguintes gaps de competências: 1) Conhecimento sobre política e macroeconomia internacional para lidar com os riscos da internacionalização; 2) Conhecimento sobre boas práticas de gestão e como ajustá-las ao perfil acionista, cultural organizacional e estádio de crescimento da empresa; 3) Mindset colaborativo e centrado na agilidade, foco, pensamento estratégico.

A audiência foi unânime em concluir que é preciso promover o conhecimento e o mindset em simultâneo. Não há mindset sem conhecimento, e o conhecimento não produz resultados se não existir o mindset adequado.

Pessoalmente, foi muito gratificante participar na condução deste Think Tank. E as expetativas quanto ao impacto que os nossos 50 embaixadores vão conseguir concretizar são elevadas. Agir com impacto no que está ao nosso alcance, sem dúvida!

O active learning está a acontecer.


Margarida Ramalho, Executive Director da Católica International Business Platform

Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics

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