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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​A arte do engodo

Novas Crónicas da Idade Mídia

​A arte do engodo

08 mar, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


Promessas de Paraíso, debates televisivos, Terça-feira Gorda e o adeus a António-Pedro Vasconcelos.

Estamos no fim de uma longa campanha para as eleições de domingo. Todos os líderes das diferentes listas de candidatos a deputados se empenharam de corpo e alma a prometer o Paraíso, na difícil tarefa do engodo. Todos percorreram o país, invadiram mercados e feiras, beijocaram pelas ruas generosos sortidos de jovens e menos jovens, muitas delas atrevidas. Todos chamaram para o combate os pesos pesados da política nacional, com exceção do Chega que importou o espanhol Abascal, do Vox. Talvez para impressionar o convidado, André Ventura produziu mais uma das suas boutades: “se for primeiro-ministro, Lula da Silva não entra em Portugal. Fica no aeroporto”. Este é o mesmo dirigente político que disse que “está em curso uma tentativa de desvirtuar estas eleições”, na sequência da publicação nas redes sociais por um militante bloquista que “invalidaria todos os votos da AD e do Chega”. Uma graçola infeliz que levou o BE a excluir o personagem do serviço nas mesas de voto; a CNE demorou a responder, mas veio afastar suspeitas sobre o processo eleitoral: “o voto de cada cidadão vai contar exatamente como ele escolheu”. A afirmação de Ventura é gravíssima. Nunca, desde 1975, alguém tinha posto em causa qualquer ato eleitoral.

Ao longo da campanha, a AD manteve sempre o rumo, com Luís Montenegro obrigado a apagar fogos ateados por gente “descuidada”. No caso do PS, a convocação de António Costa para a luta produziu uma guinada na campanha, com Pedro Nuno Santos, finalmente, a cavalgar alguns bons resultados do governo que integrou, explicando às massas que é preciso ter “medo do passado”, referindo-se à AD. Até a RTP participou na procissão socialista, publicando um cartoon de Passos Coelho num caixão, de muito mau gosto e insensato, dado o período de campanha que vivemos.
Rui Tavares, em defesa da sua dama, o Livre, informou que está disponível para conversar com a Direita sobre questões estruturais, como a democracia. A Esquerda, mais exatamente o BE, inquietou-se e desatou numa berraria. A Esquerda só fala com ela própria?


A TVI ganhou o mês de fevereiro, após cinco anos consecutivos de liderança da SIC. Trata-se de uma alteração relevante porque abre um novo ciclo em que se prevê que a disputa da liderança se fará palmo a palmo, com frequentes alterações de comandante. Dificilmente voltará a haver um líder por períodos prolongados no tempo.


Sobre os 30 debates nas televisões, a maioria (57%) de um painel de 50 diretores/editores de órgãos de comunicação, construído pelo +M, do jornal Eco, considera que não foram úteis. Sobretudo por causa da duração muito curta das contendas. Os últimos números da APCT refletem a modéstia das vendas em banca dos jornais nacionais. O CM atinge um mínimo historio (39.000 exemplares). Estes resultados débeis não impedem a imprensa de mostrar uma grande vitalidade, como a excelente edição do Público, dedicada ao Dia Internacional da Mulher, sob a direção de Maria Teresa Horta.


Terça-feira Gorda, nos Estados Unidos confirmou o que se esperava: vitória esmagadora de Trump que obterá a nomeação Republicana para defrontar Biden, o provável candidato democrata. A tendência das sondagens aponta para uma vitória de Trump, em Novembro, o que a confirmar-se, poderá criar um novo e monumental problema para a situação atual da guerra na Europa e em Gaza.

António-Pedro Vasconcelos “não morreu aos 84 anos. Viveu 84 anos”, o título, lindíssimo, do DN desta quinta-feira. Vale a pena recordar o lema de vida de APV: “desejar tudo; esperar pouco; não pedir nada”.
Em suplemento, nos Grandes Enigmas, onde está o diamante encontrado no gabinete do presidente da Câmara do Funchal? Quanto vale? Porque é que os candidatos às eleições cantam? Porque é que desatam a cantar, se não sabem? Um pai violou a filha 12 vezes, durante 12 meses. O Tribunal aplicou-lhe uma pena suspensa porque acredita que o homem pode emendar-se. Chocante!
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