06 jun, 2023 • André Rodrigues , Pedro Valente Lima
Depois do anúncio do Governo, esta semana começaram a ser comercializados os certificados de aforro de Série F. Entre as principais diferenças para a série anterior, destaca-se a redução da taxa de juro - de 3,5% para 2,5% - e o prazo máximo de subscrição - de 10 subiu para 15 anos.
No entanto, entre as alterações, está a possibilidade de os bancos também permitirem canais de subscrição deste instrumento de poupança, ao contrário do que acontecia até agora, em que os certificados eram comercializados exclusivamente em postos CTT, Espaços Cidadão e no Aforro Net.
Para João Duque, é "estranho que o Tesouro não tenha falado com a Associação Portuguesa de Bancos propondo esta iniciativa". "Imagine que eu estou a pensar vender um produto nas principais redes de supermercados. Anuncio isso e nunca falei com os retalhistas. Era um bocadinho estranho, não é? Aqui é exatamente a mesma coisa."
Por outro lado, a alternativa proposta pelo executivo de António Costa, na opinião do comentador da Renascença, não trará vantagens à banca, pelo que, "a menos que sejam obrigados", "não vai ter muito sucesso".
"Com a corrida que estava a haver aos certificados de aforro - e que agora vai ser mais branda, mas mesmo assim é possível que continue a existir -, os bancos não têm interesse em disponibilizar canais para mais facilmente ajudar as pessoas a retirarem as suas poupanças dos depósitos dos bancos para os certificados de aforro."
Para o economista, a solução para "travar este movimento" de fuga dos clientes é o "normal do mercado": "Fazer subir as taxas de juro dos depósitos dos bancos para os tornar equiparáveis àquilo que é a remuneração dos certificados de aforro".
Contudo, João Duque não acredita que os bancos criem condições ou facilitem o acesso a este instrumento de poupança do Estado, que poderá ser alvo de "comissões [bancárias], de forma a torná-los não atrativos".
"Não me parece que esta medida seja a mais fácil de entender por parte dos bancos ou aceitável por parte dos bancos."
Sobre o "esforçozinho" pedido por Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador salienta que, a existir uma melhoria das remunerações dos depósitos bancários, "não será resultado do pedido do Presidente da República".
"A haver uma convergência rápida da remuneração dos depósitos [comparativamente à dos certificados de aforro], ela faz-se por via do mercado e da dificuldade que alguns bancos poderão estar a sentir em termos de necessidade de reter depósitos para alimentar as suas fontes de financiamento."