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Uma parceria entre a Renascença e o jornal “Público”. Entrevistas aos protagonistas da atualidade. Quinta às 23h20.
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Duarte Cordeiro. "Começa a ser altura de pensar na abertura das discotecas"

15 jul, 2021 • Susana Madureira Martins (Renascença), Marta Moitinho Oliveira (Público)


O secretário de estado dos Assuntos Parlamentares diz que já se vê "um abrandamento na taxa de crescimento" da pandemia em Lisboa e Vale do Tejo e antecipa que isso pode significar que está próximo "o pico na região".

Há sinais positivos na evolução da pandemia, defende o coordenador da resposta para a área de Lisboa e Vale do Tejo.

Em entrevista à Renascença e jornal 'Público', Duarte Cordeiro diz que, apesar de ainda não se saber quando será o pico desta vaga, está na altura de começar a pensar em abrir serviços fechados, como por exemplo as discotecas, associando o acesso à vacinação.

O Reino Unido já tem um dia da libertação que é o dia 19 deste mês. Portugal já tem um dia da libertação?

Não. Hoje temos alguns sinais positivos, apesar de estar a crescer o número de casos e de pessoas internadas em cuidados intensivos. Olho para a minha região [Lisboa e Vale do Tejo] e vejo um abrandamento na taxa de crescimento. Isso pode significar que estamos a aproximar-nos do pico na região de Lisboa. Se assim for, dificilmente vamos viver períodos tão difíceis como os que já vivemos este ano.

O pico será este mês?

Não consigo antecipar. Mas o que noto é que está a haver um abrandamento na taxa de crescimento semanal. A minha expectativa é, progressivamente, criarmos a oportunidade para substituir medidas de natureza restritiva por medidas em que se exige o certificado. Quando começamos a ter quatro milhões de pessoas com vacinação completa, seis milhões de pessoas com pelo menos uma dose, começamos a ter muitas pessoas com o certificado e sem necessidade de estarem a fazer testes permanentemente.

É previsível que a matriz de risco possa ser alterada após a próxima reunião do Infarmed, marcada para 27 de julho, dando resposta ao que tem sido pedido pelo Presidente da República?

A matriz de risco tem duas dimensões: a incidência e a taxa de crescimento. E a incidência demora bastante tempo a ser recuperada. Nesse sentido, podemos chegar à circunstância de termos o país com um nível de proteção muito elevado, mas ainda estar a algumas semanas de a incidência voltar a níveis reduzidos. Temos de ter em perspectiva que nos temos avaliado pela forma como nos avaliam. Não temos uma matriz de risco diferente da dos outros países.

Não é previsível então uma alteração?

Não sei. Estou curioso para ver a discussão na reunião do Infarmed com os especialistas. A matriz traduz-se em medidas e o que acho que o Governo pode ir fazendo é - à medida que vamos tendo um grau de proteção maior, e confirmando que a percentagem de pessoas com vacinação completa que se tem infectado e a percentagem de pessoas com uma dose que se tem infectado é uma percentagem muito reduzida face ao total de pessoas vacinadas - repensar um pouco as medidas. Penso que a DGS deve ouvir a comunidade e gerar consensos.

O Governo tem dados sobre a taxa de adesão dos jovens às vacinas?

Começou agora mesmo.

Quando terão dados?

Não temos sentido, ao contrário de outros países, uma ausência de adesão dos portugueses à vacinação. Temos de procurar sensibilizar os mais novos para a vacinação. É importante pensar em medidas que permitam associar a liberdade de circulação, de abertura de determinadas atividades com a necessidade de vacinação para também estimular os jovens à vacinação.

Está a referir-se às discotecas, por exemplo?

Por exemplo. Acho que é um caminho que faz sentido.

Pode avançar quando? Agosto?

É uma matéria que tem de ser absolutamente consensual. Mas diria à medida que vamos atingindo objetivos concretos na vacinação. Vou dar um exemplo concreto: inicialmente achávamos que uma dose de vacinação para os maiores de 60 anos representava um momento de maior abertura. Com a nova variante percebemos que as pessoas com uma dose de vacina ainda assim podiam ser infectadas.

O Governo repensou e hoje faz mais sentido olhar para a meta da vacinação completa dos mais de 60 anos. Estamos praticamente a atingir a meta da vacinação completa para os mais de 60 anos. É uma meta muito importante - independentemente das outras como a imunidade de grupo - e que nos permite repensar as medidas restritivas face à introdução de medidas como as do certificado.

E a questão das discotecas, acho que já começa a ser altura de poderemos pensar abertamente nessa solução, tendo em conta que estamos já com este nível de vacinação. Se depois deve corresponder a esta meta de vacinação completa dos mais de 60 anos, se deve referenciar já ao período em que estamos mais perto da imunidade de grupo, confesso que não tenho uma opinião totalmente fechada.

Tendo a achar que o momento deveria coincidir com o momento em que a vacinação está disponível para os maiores de 18 anos como o momento em que introduzimos essa medida porque os jovens iriam atrás da vacina para terem uma vida social mais liberta. Era um incentivo que acho que faria todo o sentido.

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  • José J C Cruz Pinto
    15 jul, 2021 ÍLHAVO 10:04
    Por que não ainda mais este contributo para o "leilão de novas ideias"? - Para além da abertura das discotecas - de lotação sempre algo limitada -, que tal o próprio Governo e até a GNR organizarem grandes festas e arraiais COVID - várias em todos os distritos, com largas centenas de participantes, todos obrigatoriamente jovens por vacinar, e injectarem-nos logo à entrada? Ah, ... e jovem recenseado não vacinado que não comparecesse a nenhuma das festas oficiais, ... seria então multado por atentar contra a saúde pública! [Seria uma maravilha, e um vardadeiro hino. Todos nos louvariam (como os melhores) e tentariam imitar por esse mundo fora!]
  • José J C Cruz Pinto
    15 jul, 2021 ÍLHAVO 09:44
    [Se calhar, será o dito senhor que está já também com saudades, ... não será?] "Há mais vida para além da COVID" - dizem as mais doutas cabeças da praça. Os copos e a cacofonia também são essenciais - sem eles até morremos todos! ... E impostos, será que ao menos os pagam? [Sempre seriam uma ajuda no tratamento dos infectados!]