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Henrique Raposo
Opinião de Henrique Raposo
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Como é que os comunistas russos se tornaram assassinos? Viam o mundo sem a família

25 fev, 2022 • Opinião de Henrique Raposo


É talvez o dia certo para recordar um dos maiores, senão o maior, ataque da história à ideia de família. Este ataque foi conduzido pelos comunistas russos, os bolcheviques, nos anos 20 e 30.

Quando nos confrontamos com o passado devastador provocado pelo fascismo e o comunismo, fazemos muitas vezes a pergunta: como foi possível? Em “The Whisperers”, Orlando Figes responde a uma variação mais precisa desta pergunta: como é que um operacional no terreno conseguia obedecer a uma ordem tão arbitrária como, por exemplo, “mata 126 pessoa na vila x”? Como é que nos anos 30, a URSS matou milhões e milhões de ucranianos através da grande fome? Porque é que a vida podia ter um valor tão baixo ou nulo na Rússia comunista?

Porque os operacionais no terreno faziam parte de uma geração que havia sido retirada às suas famílias, às suas casas. Cresceram sem a empatia concreta e familiar por pessoas concretas; idolatravam apenas uma ideia, um partido, uma vanguarda. Estas pessoas, os futuros assassinos, cresceram em armazéns do Estado, em casernas do partido, rodeadas por outras pessoas roubadas às suas famílias pelo Estado comunista. Sem pais, avós ou tios, eram educadas pelo partido para cumprirem ordens sem pestanejar. Na defesa da utopia do Homem Novo, a empatia pelos homens concretos, a começar na sua própria família, não existia. Ou seja, sem o treino da empatia dado pela família, torna-se muito mais fácil matar.

Este é o dia certo para se recordar a forma como a desumanidade máxima é praticada. E este livro é, sem dúvida, um dos melhores para compreendermos a frieza assassina de alguém que foi educado pelo KGB, a ex-polícia secreta dos comunistas russos, que de forma absolutamente abjeta continuam a ser defendidos pelo PCP.

Comentários
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  • Cristina Tordo
    10 mar, 2022 Cruzeiro 13:45
    "The whisperers" tem edição em português?
  • António José G Costa
    26 fev, 2022 Cacém 09:04
    Os comumistas limitaram-se a destruir as classes médias. Ucranianas ou não. Os camponeses com terra foram dizimados. Ucranianos ou não. Nem os oficiais do exército vermelho escaparam a esta fúria assassina. Objetivo: transformar a população em funcionários publicos, aterrorizados e exclusivamente dependentes do Estado. A Ucrânia aliás, recebeu territórios anexados à Polónia e a Crimeia.
  • Ivo Pestana
    25 fev, 2022 Funchal 14:20
    Atenção, não confundir o regime que governa a Rússia com o seu povo. Na esmagadora maioria não querem guerra e são como qualquer um de nós. Cuidado com as palavras.