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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Inflação e juros

29 mai, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Quase tudo aponta para que o BCE, na sua reunião de 6 de junho, comece a baixar os seus juros. Mas o BCE teria sido ainda mais eficaz no combate à inflação se, antes de julho de 2022, tivesse começado a subir os juros.

Na semana passada Portugal emitiu dívida a 30 anos, ou seja, que só terá que ser paga em 2054. O juro que até lá será pago pelo Estado é de 3,625%. Numa emissão, também a 30 anos, em 2021, o juro foi de cerca de 1%. Era no tempo dos juros baixos; eles depois subiram muito, para travar a inflação.

Ora a inflação na zona euro situou-se em 2,4% nos meses de março e abril do corrente ano, contra 6,9% em março de 2023. Parece, assim, que a inflação está dominada e se aproxima da meta de 2%, à qual aspira o Banco Central Europeu (BCE).

Quer isto dizer que tudo ou quase tudo aponta para que o BCE, na sua reunião de 6 de junho, quinta-feira da próxima semana, comece a baixar os seus juros. O que aliviará um pouco os juros dos empréstimos para habitação, entre outros. Aliás, é razoável esperar que o BCE realize mais duas descidas nos seus juros na segunda metade deste ano

Nos Estados Unidos a inflação, que em junho de 2022 tinha ultrapassado os 9%, desceu depois e em março do corrente ano voltou a subir ligeiramente; mas em abril baixou, pelo que se espera que a Reserva Federal, o banco central americano, desça ainda este ano os seus juros diretores.

Estamos, assim, a entrar num ciclo de juros moderados. Subir juros é a arma dos bancos centrais na sua luta pela estabilidade dos preços. Essa arma foi eficaz contra o recente surto inflacionista. Mas teria sido ainda mais eficaz no combate à inflação se os bancos centrais, e em particular o BCE, tivessem começado a subir os juros antes de julho de 2022.

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