Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Divisões no Médio Oriente islâmico

24 mai, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Morreu num desastre de helicóptero o presidente do Irão. Mas o cargo de Ali Khamenei, “guia supremo”, é mais importante. Já começaram as manobras para suceder a Ali Khamenei, que comanda tudo desde 1989, em parceria com os Guardas da Revolução, instituição com enorme poder naquele país teocrático.

O presidente do Irão morreu num desastre de helicóptero no domingo passado. Estão marcadas eleições para 28 de junho, mas ninguém espera que possa daí surgir um novo presidente que torne menos opressor o regime iraniano. As eleições no Irão não são livres nem justas. Apenas são admitidos candidatos cuja fidelidade ao regime seja total.

Aliás, o cargo que realmente importa no Irão não é o de presidente, mas o de “guia supremo”. O atual “guia” é o aytollah Ali Khamenei, que comanda tudo desde 1989, em parceria com os Guardas da Revolução, instituição com enorme poder naquele país teocrático.

Ali Khamenei tem 85 anos e já começaram as manobras para escolher um sucessor. Uma possibilidade será o segundo filho de Ali Khamenei, muito ligado aos Guardas da Revolução.

Num país onde a liberdade de expressão praticamente não existe, é muito difícil perceber as lutas internas pelo poder. Por exemplo, não sabemos até que ponto os militares que não são Guardas da Revolução aspiram a ter mais poder, o que limitaria a influência do “guia supremo”.

O Irão tornou-se o grande inimigo de Israel e dos Estados Unidos. A guerra de Gaza fez subir a tensão política na região. Antes dessa guerra parecia estar em curso uma aproximação entre o Irão e Israel, que agora está “congelada”. Em 2020 os Emirados Árabes Unidos estabeleceram relações com Israel.

O Irão apoia os rebeldes “houthis” no Iémen, contra a posição saudita, que já levou a uma intervenção militar da Arábia Saudita naquela guerra civil.

Note-se que o Irão é persa, enquanto a Arábia Saudita é árabe. A rivalidade entre o Irão e a Arábia Saudita, que também envolve a luta religiosa entre xiitas e sunitas, torna a situação no Médio Oriente um perigo permanente para a paz, mesmo sem ter em conta o conflito latente com o arqui-inimigo de iranianos e sauditas - Israel.

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