Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Imigração - as duas faces da moeda

20 dez, 2023 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os imigrantes permitem que certos trabalhos, que os portugueses se recusam a executar, não colapsem. Mas um grande número de estrangeiros mal sobrevive entre nós. Cabe aos partidos apresentarem-nos uma política de imigração digna desse nome.

Em 2022, o número de estrangeiros em Portugal era o dobro do registado dez anos antes. Os estrangeiros foram responsáveis por quase 17% dos nascimentos em 2022, sendo que os perto de 800 mil imigrantes a residirem em Portugal representavam 7,5% da população do país. Um número que nada tem de alarmante.

Sem os trabalhadores estrangeiros alguns setores da economia nacional entrariam em colapso – construção civil, hotelaria e restauração, vários trabalhos agrícolas, por exemplo. Em 2022 os estrangeiros contribuíram com 1861 milhões de euros para a Segurança Social e só beneficiaram de cerca de 257 mil euros. No total, os estrangeiros representaram 13,5% dos contribuintes do sistema português de segurança social.

Esta é a face positiva da moeda. Na outra face, temos que a taxa de desemprego dos imigrantes é mais do dobro da taxa nacional. A maioria dos imigrantes executa trabalhos precários, de maior risco, geralmente mal pagos.

Os imigrantes menos bem pagos são nepaleses, bengaleses (do Bangladesh), tailandeses, guineenses, são-tomenses, paquistaneses, cabo-verdianos e indianos. É sobretudo entre imigrantes de origem asiática que ocorrem tenebrosos casos de exploração, próximos da escravatura. Essa, sim, é uma situação alarmante.

Os contratos de trabalho sem termo certo não abundam entre imigrantes. De tudo isto resulta que um em cada três imigrantes em Portugal vive em risco de pobreza. Alguns contribuem para o crescimento do número dos sem abrigo.

Ora uma política de imigração tem de olhar, também, para este lado muito negativo, que nos envergonha. É um problema que não pode ser ultrapassado apenas com repressão policial. Os partidos que apelam ao nosso voto em 10 de março próximo têm obrigação de nos dizer o que pretendem fazer em matéria de imigração.

Comentários
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  • Digo
    21 dez, 2023 Eu 09:33
    Começo por dizer que não acredito nesse numero fantástico de 1861 milhões de "lucro" com os imigrantes, pois até no artigo se diz que estão precários, mal-pagos, em risco de pobreza e provavelmente muitos são ilegais que nada descontam. Esse numero é pura falácia.
  • Jose Carlos Fonseca
    20 dez, 2023 Maia 16:44
    Quotas de imigração já. E para aquelas profissões onde haja falta de mão de obra. A França acaba de "abrir" os olhos.