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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A Ucrânia e as políticas nacionais

09 mar, 2022 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A crise da Ucrânia não ditou apenas alterações na cena internacional. Em vários países a crise está a ter efeitos no plano nacional.

A crise provocada pela invasão russa da Ucrânia está a provocar importantes alterações na política internacional. Mas não só: as políticas nacionais em vários países registam mudanças que resultam daquela crise. Vejamos três exemplos.

Começando por Portugal, a posição do PCP face à invasão da Ucrânia suscitou reações de estranheza e repulsa da parte de muita gente que, até aqui, dava, pelo menos, o benefício da dúvida às opções dos comunistas em matéria de democracia.

Curiosas, também, são as tentativas de algumas pessoas de esquerda para defenderem a posição do PCP. É assim que surgem elogios à capacidade do PCP para assumir uma posição impopular; e alguns apontam a coerência de um partido centenário que ousa desafiar tudo e todos.

É estranho não repararem como tais elogios não estão longe daqueles que a extrema-direita usava para com a inflexível posição de Salazar, sobretudo em matéria colonial. Era o tempo do “orgulhosamente sós” e da recusa liminar de qualquer abertura quanto à descolonização. Viu-se como acabou.

Em França, onde, em abril, se realizam eleições presidenciais, Macron subiu nas sondagens, enquanto os candidatos de extrema-direita, Marine Le Pen e Éric Zemmour, desceram.

Putin financiava a extrema-direita europeia, que não lhe poupava elogios. Agora os políticos desta área pagam um preço político por essa proximidade.

Muito importante é o efeito da crise da Ucrânia na política interna dos Estados Unidos. Mike Pence foi vice-presidente de Trump e confirmou a vitória de Biden na eleição de 2020, suscitando a fúria de Trump. Pois Mike Pence pediu, há dias, aos republicanos que acabem com a mentira de aquela eleição ter sido “roubada” e acrescentou não haver espaço no partido republicano para “apologistas de Putin”.

Numerosos políticos republicanos declararam apoio aos ucranianos contra Putin. É certo que a Fox News ainda transmite comentários favoráveis a Putin; e que Trump acusa Biden de fraqueza, dizendo que, com ele na Casa Branca, Putin não se atreveria a invadir a Ucrânia. Mas pelo menos levantam-se algumas esperanças de que o partido republicano não continue inteiramente nas mãos de Trump.

Lembra o “Economist” que, caso Trump tivesse mesmo ganho as eleições presidenciais de 2020, provavelmente teria já tentado retirar os EUA da NATO.

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  • ADISAN
    09 mar, 2022 Mealhada 11:10
    Na verdade, Putin, com o seu hábil jeito (bem formado na arte de mentir) diz que "os Povos ucraniano e russo são irmãos", mas não tem qualquer repúdio em sacrificar os seus irmãos ucranianos até à morte lenta, única e simplesmente para ser ele dono e senhor de tudo. Que Deus livre qualquer humano de tais irmãos, qual cuco que, tendo nascido em ninho alheio, atira os verdadeiros filhos do ninho do mesmo ninho a baixo, a fim de sozinho receber os alimentos que os pais destes lhe acarretam de boa fé. Na minha opinião, a Srª Zellensky tem muita razão quando diz que, "se não travar-mos Putin, não haverá mais um lugar seguro no mundo". Não gostamos de guerra, mas há que enfrentá-la como ela tem de ser enfrentada. As fraquezas de uns fortalecem os outros (adversários).